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sábado, dezembro 31, 2005

O Debate

Volto da província, onde o Natal tem encantos antigos que nos ensinaram a reconhecer, e volto para este assunto já pouco actual: o round Soares versus Cavaco. O bruá causado por este debate dá-me agora a vantagem da distância.
Belisco-me para entender a muita condescendência com que tantos se esforçam por justificar a actuação de Mário Soares durante o referido debate. Muita dessa condescendência grita na forma como dizem que Soares tinha imperativamente de adoptar a estratégia de confronto com Cavaco, e que face à impossibilidade de adoptar outra postura, até se saiu muito bem do referido debate! Ora, afirmar tal coisa é, quanto a mim, ou cegueira deslocada, já que se tratam de comentadores que gostam de ser considerados imparciais, ou desonestidade intelectual, pela mesmíssima razão.
O que se viu nesse debate é que Soares tinha um plano A (atacar, atacar, atacar…), mas não tinha um plano B, para a contingência de se defrontar com um oponente com nervos de ferro e à prova de bala, como o que lhe sucedeu pela frente. Soares estava convencido que, mais minuto menos minuto, mais chiste menos classe, Cavaco haveria de perder a compostura, titubear, perder o pé, e finalmente metê-lo na poça. Como nada disso vinha sucedendo no decorrer da refrega, resvala para aquela baixeza sobre o que os seus euroamigos supostamente diziam nas costas de Cavaco.
O que ficou no ar foi apenas um Cavaco seráfico a aproveitar as deixas de Mário Soares e a continuar a insistir nas suas «ideias», e um Mário Soares a acusar Cavaco Silva de só falar do seu próprio passado e, sem respirar nem pontuar, logo atacar os tempos de Cavaco enquanto 1º ministro. Obviamente nesta altura Mário Soares já tinha perdido o controle e o ritmo do debate, perdendo com isso o discernimento que é necessário para se ouvir a si próprio. Fazia lembrar aquelas equipas de futebol que, de tanto exibirem um futebol lustroso e de ataque, acabam por perder o equilíbrio posicional no terreno e sofrem golos em contra ataque da preguiçosa equipa oponente (ok, prometo que não volto a falar do meu Sporting da época transacta!!).
Não admira por isso que Soares queira repetir o jogo.

domingo, dezembro 18, 2005

Natividade

O insustentável estará suspenso de hoje até 27. Um Feliz Natal.
STARRY
Van Gogh Starry Night

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Alegre versus Soares

Sinceramente, não sei como é que alguém pode afirmar que algum dos dois, Soares ou Alegre, venceu o debate da TVI!
Parece-me que a haver um vencedor, esse terá porventura sido o Miguel Sousa Tavares. Para isso bastaram 2 bem tiradas: quando Soares em condoída verdade constatou que se estavam a dizer banalidades sobre a Justiça, e MST, entre risos, responde: «Mas a culpa não é nossa!!!». Ou aquela outra sobre a OTA e o TGV, em que, depois de os candidatos terem fugido à expressão de qualquer opinião mais objectiva ou assertiva sobre o assunto, disparou para Soares: «Se não há neste momento português nenhum que não tenha uma opinião formada sobre o assunto, como é que os candidatos à PR ainda dizem ter que estudar melhor o mesmo?».

quinta-feira, dezembro 15, 2005

mais link

Mais um blog sobre música. Muitos não são demais: Bajja.

terça-feira, dezembro 13, 2005

Prós e Contras

Ontem na RTP1 o programa Prós e Contras foi emitido a partir de Macau. Aquilo a que se assistiu foi quase deprimente.
Fátima Santos Ferreira não prestou um bom serviço a Macau. Preferiu apostar numa certa representação social de Macau, ajudando à reprodução de uma imagem não traduzível pela realidade. Repetiu até à exaustão, do princípio ao fim do programa, a mesma questão de sempre, politicamente correcta, sobre a presença da cultura Portuguesa em Macau, e que o mainstream pátrio e saloio tanto gosta de enfatizar. À paródia nem sequer faltou o bacalhau e a calçada Portuguesa! Optou por levar ao programa os seus “conhecidos” de sempre, transformando-os num leque de cromos de fazer inveja a qualquer coleccionador, coisa que alguns dos presentes nem mereciam e até dispensavam. Deixei Macau em 1999, apenas lá tendo voltado por 2 vezes em 2001, e se me guiasse por aquilo vi, ficava com a ideia de ter saído de lá ontem, em pleno consulado do General Rocha Vieira, tal era a repetição estafada do discurso vazio e estéril de sempre, sobre a presença Portuguesa no Oriente.
Não se fez um esforço para saber que tipo de «novos portugueses» demanda agora o território; em que áreas trabalham; qual o seu estilo de vida; como vivem actualmente as comunidades em Macau (chineses, principalmente); qual a política da língua portuguesa em Macau e no oriente (particularmente a China); etc. etc. Nada, um deserto! Zero pontos para o trabalho de Fátima Santos Ferreira, desleixado, apresentando uma visão redutora de Macau, sem o mínimo distanciamento e sem rasgo de qualquer espécie.

domingo, dezembro 11, 2005

Livro(s) de 2005

Os finais de ano, em matéria de livros e não só, são sempre propícios aos 10 mais disto e 20 mais daquilo. Gosto deste tipo de listas. O Livro-Aberto está agora na sua votação para os melhores livros de 2005. Infelizmente é-me difícil participar neste tipo de ranking, já que me parece sempre não ter lido o suficiente (e vá-se lá saber o que isso é!). Comigo, por vezes, a qualidade de um livro mede-se inversamente pelo tempo dispendido na sua leitura. Os bons absorvo-os devagar devagarinho, durante semanas e meses. Resultado: sempre que a colheita de leitura é boa, então a de livros é quase sempre curta. É como um bom vinho: bebido com parcimónia prolonga o prazer! Espécie de leitura tântrica. Como posso pois participar numa lista destas, se trago no cardápio apenas 5 ou 6 livros??? Com que autoridade? Por outro lado, a velocidade com que são publicados os livros em Portugal (e não só) é absolutamente imparável. Ainda estamos a saborear uma capa, uma contracapa, a medir o nosso tempo, o nosso bolso, as prioridades de outras leituras; a apalpar e a cheirar o livro envergonhadamente na FNAC, a estudar a mancha, a cor do papel e... zás, lá se foi ele para a prateleira mais esquecida da livraria, já substituído por outro ainda mais apetecível, e até já com entrevista ao autor respectivo no Mil Folhas ou no JL. A esses livros que desaparecem no fulgor do marketing cultural faço de conta que os tivesse já lido. É a minha profilaxia para não morrer de ansiedade. E depois, há ainda aquele problema dos clássicos (do seu estatuto), que deambulam sempre por ali, na nossa memória ou numa prateleira mais ou menos obscura lá de casa. Outro problema ainda, adjacente ao da sofreguidão da publicação e ao flash dos escaparates, é o da ditadura da novidade. Ainda estamos nós a pensar que desta vez é que vamos ler Philip Roth, por exemplo o “Casei-me com um comunista”, e... pumba caiu-nos a "Conspiração Contra a América" em cima! Não há hipótese! E antes disto, muito antes, ainda há Virgínia Wolf, Dostoievski, Machado de Assis, e por aí dentro, numa galeria de inquestionáveis de que nunca nos perdoaremos por não ter lido esta ou aquela obra. Imperdoável! Como escolher pois da colheita de 2005, se os atrasos e as ansiedades de 2004, 2003, 2002, 2000, etc. se perfilam e acumulam? Bem disse alguém que junto com os livros devia ser possível comprar algum tempo para os lermos! E ao tempo eu acrescentaria, vontade, já que a minha preguiça não tem fronteiras!
Bom, mas que não seja por tudo isto! Arrisco, afinal, e mesmo assim uma escolha, fundada na rarefacção própria de quem leu menos, mas saboreou mais. Escolho este livro por ser o que por cá anda há mais tempo, mais ignorante às pressas, o que mais espaço conquistou no meio de outros, e mais relido e reaberto tem sido. Este seria pois o meu livro de 2005:

9725646347
P.S. Estou agora a meio de um romance lançado já no final deste ano. Pelo andar da carruagem (lenta, muito lenta) ainda o poderei juntar a esta lista singular. Veremos!

sábado, dezembro 10, 2005

Soporíferos

Todos dizem agora que o formato das entrevistas aos candidatos à Presidência da República é soporífero. Sinceramente, penso que não! Acho que soporíferos são os candidatos. Eles e as suas ideias! Por muito que se esforcem, não conseguem disfarçar o facto de a figura do PR ser apenas isso mesmo: uma figura! Sem uma fisga de poder mas com uma bomba atómica na mão. Daí que o assunto do dia, da semana, do mês e do ano, seja um e apenas um: dissolver o parlamento e mandar o governo embora. Fora isso, pouco ou nada tem interesse. Acresce a isto o facto de estes candidatos terem dificuldade em explicar o que é que os distingue uns dos outros: ou porque não querem arriscar uma opinião mais contundente, ou porque de facto nada os diferencia.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

«Quem vier, morre!»

Depois de uma exibição prática, de garra, força colectiva, espírito de sacrifício e humildade, aquilo que a equipa do Benfica não precisava era da pacovice costumeira do seu presidente. Mas não! Estes dirigentes não resistem a empoleirarem-se no esforço de outros, e de uma penada atiram para o lixo boas lições para o futuro. Diz-nos pois o dito, a propósito dos próximos adversários do Benfica: «Quem vier morre!». Pois, mas eu até acho que «pela boca morre o peixe»!

domingo, dezembro 04, 2005

Flower And Bird

wx04
Wu Xi

quinta-feira, dezembro 01, 2005

Beethoven na Sotheby’s


Foi recentemente descoberto em Philadelphia, no Palmer Theological Seminary, uma versão para piano a 4 mãos da Grosse Fuge, um dos grandes monumentos da música erudita. Da pena do próprio Beethoven, este manuscrito de 80 páginas irá hoje ao martelo na Sotheby’s, em Londres. É considerado pela Sotheby’s como o mais longo e mais importante manuscrito de Beethoven surgido até hoje. Esteve desaparecido durante 115 anos e nunca terá sido examinado por musicólogos e outros especialistas.
O responsável pelo departamento de manuscritos da Sotheby’s, Dr Stephen Roe, descreve a descoberta: "an amazing find. The manuscript was only known from a brief description in a catalogue in 1890 and it has never before been seen or described by Beethoven scholars. Its rediscovery will allow a complete reassessment of this extraordinary music". Aqui, aqui, aqui ...

A questão dos crucifixos

Não satisfeito com a questão dos crucifixos, o candidato Louçã defende que o Governo devia mandar retirar Deus do espaço público.
Notícia consultável em Venha o Diabo.

o tal link

Conhecido que é o manifesto do insustentável sobre as presidenciais (eu pelo menos conheço!), cai como sopinha no mel o blogue oficial de não apoio às candidaturas presidenciais de Jerónimo de Sousa, Manuel Alegre, José Maria Martins, Cavaco Silva, Manuel João Vieira, Garcia Pereira, Francisco Louça, Manuela Magno e Mário Soares: é o Venha o Diabo. Muito recomendável!