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segunda-feira, maio 29, 2006

F.C. Favoritos

Creio que não é caso de ponderar palavras. A participação da selecção sub-21 foi um fracasso, um barrete, um fiasco.
Uma equipa daquelas, essa tal «geração de ouro», para mais com Quaresma, o tal que uma pequena minoria quer fazer crer ter cabidela por decreto na selecção dos crescidinhos, tinha obrigação de fazer um pouco mais.
Está-se a ver que a largada dos foguetes, o embandeirar em arco, o nacionalismo pacóvio, mais uma vez não deram bom resultado!
É que isso de se assumirem como favoritos só o podem fazer aqueles que estão, de facto, habituados a ganhar. Nesses casos, esse favoritismo é uma extensão natural da sua história. Não sei se essa malta do futebol, jornalistas inclusive, já percebeu que não é exactamente a mesma coisa o Brasil assumir-se como favorito, ou Portugal fazê-lo. É que quando os jogadores brasileiros dizem que poderão considerar-se entre os favoritos (e mesmo esses não vão mais longe que isto), não estão a dar uma novidade a ninguém.
Por alguma razão aliás, Scolari tem andado a fugir, como o diabo da cruz, a assumir seja que favoritismo for. E não é sequer por nos conhecer demasiado bem. É simplesmente por lógica pura: Portugal nunca ganhou, mesmo com consecutivas «gerações de ouro», logo não pode de modo nenhum ser considerado como um favorito. E principalmente porque leva mais uma vez uma dessas celebradas gerações.
Obviamente Scolari já foi criticado por não assumir essa arrogância campestre.
Esperemos no entanto que se aprenda alguma coisa com este fracasso, já que ele está tão próximo do Mundial que se avizinha.
O futebol não tem segredos. Não ganha necessariamente quem tem grandes individualidades. Ganha quem é competitivo e joga solidariamente em grupo.
E tanto faz terem lá o Quaresma ou o Cristiano Ronaldo.
Bem sei que isto é apenas futebol. Mas é ou não é muito do que nós somos??

quinta-feira, maio 25, 2006

Não eras flor de adorno...

Não eras flor de adorno;
inda auri-rubra reflorisses
pelos cariados muros
que a manhã descerra.

Qual puta da beira dos caminhos,
em árduos trejeitos te oferecias,
mas nos teus ranhos ressequias,
pobre madalena sem Cristo
nem franjinhas.

Em latinório doutorão, de aloe vera
te crismaram, mas na redoma do que
me é mais íntimo amarguíssima babosa
serás sempre, a de baba rude e grossa,
santo remédio p'ra piolheira,
fado nosso de menino.

Tiveste honra de retrato
em catálogo de missão botânica,
alfenim de inocência entre dragoeiros
poltrões e rosinhas vulpinas
que nos tiram o sarro das narinas.

Foste minha frol de verde pino,
amor recidivo nos costados dessangrados,
mais profundo que os terrores que
em tinta a noite me prescreve.

Mas, aonde a madrugada é susto,
te vejo posta em sossego,
então, suspirando, sou o pobre jonas
atirado às distantes praias do adeus.

José Luís Tavares

quarta-feira, maio 24, 2006

Feiras do Livro


Consulte toda a informação sobre a 76ª Feira do Livro de Lisboa... »»
É o que diz o link para esta imagem, no site da APEL. Só que o link está inacessível, e brevemente é tudo o que por ora sabemos.
Passa-se o mesmo com a Feira do Livro do Porto.
Sim, é verdade, APEL quer dizer Associação Portuguesa de Editores e Livreiros.
Ah, a Feira do Livro de Lisboa abre amanhã.
E a do Porto, até já abriu hoje.

terça-feira, maio 23, 2006

Coral Lisboa Cantat

Confesso que a respeito do Coral Lisboa Cantat tudo me obriga a não ser imparcial. Ter feito parte do restrito grupo de pessoas que o fundou há quase 30 anos, ter mesmo colaborado na direcção da casa e de durante alguns anos me ter entregue à fantasia do canto e à sujeição à música, só me permite espaço para dizer bem. Hoje o Coral Lisboa Cantat é um coral de dimensões sinfónicas (cerca de 100 músicos), único no panorama nacional, tratando-se de um coral amador mas com a estatura de se guindar a reportório com que outros apenas sonham. Não será pois de estranhar que qualquer das nossas orquestras (profissionais, note-se) não rejeite a colaboração com este grupo sempre que a ocasião se proporciona. Mas isso explica-o o excelente nível musical e interpretativo dos seus coralistas, de um nível só alcançável por profissionais, e a estatura artística de Jorge Alves, seu maestro.
Aqui está a ocasião para verificar:

segunda-feira, maio 22, 2006

amarelas são as tardes

são amarelas as tardes quentes de ti

teu corpo em espera ligeira nem pluma nem ave cântico de adormecimento oblíqua/
nuvem num céu de breve quentura e o sal também vem até onde a lava te celebrar/
e o amarelo da tarde restar tom de manteiga com açúcar derretido na pele no chão/
da minha boca espasmo delicioso amor intranquilo beijo sem lábios na ternura de/
palavras faladas amarelas são as tardes em que o meu corpo maduro te descobre/
transparente maracujá quente

quente de mim


Ondjaki

sexta-feira, maio 19, 2006

Ovarense, sempre!

Obrigado. Há carnaval antecipado em Ovar, sítio onde tenho metade destas costelas. Ontem a Ovarense sagrou-se Campeã Nacional de Baquetebol, pela 3ª vez no seu historial. Nunca mais me esquecerei quando isso aconteceu pela primeira vez, corria o ano de 1988, e pude assitir in loco à loucura que então foi.
É claro que tudo isso passou hoje perfeitamente incógnito num país afogado em futebol, e nos 3 grandes clubes do costume. Tivesse aliás sido um deles a conquistar este título e obviamente a conversa seria outra: mais de 1ª página e de arranque de telejornais. Mas enfim, é a proverbial imparcialidade jornalística a que já estamos habituados.
Bem sei que vos custa, ó Bola, ó Record, ó Jogo. Mas tenham paciência, tomem lá e aguentem! Para o ano há mais.
Ovarense, sempre!

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quinta-feira, maio 18, 2006

Por um dia de inverno

O homem do talho morreu. Deixou mulher,
dois filhos e carne fresca estendida como roupa
no varal. Lembro-me do orgulho com que passava a mão
pelo cachaço. Lembro-me da peixeira
que nos acordava de manhã «peixe fresco
tão vivinho» e como era caro o estertor do linguado.
Mesmo as alfaces são frescas depois de mortas,
o molho de nabiças, até de uma cenoura esperamos
que seja fresca ali no prato com o linguado rigorosamente
apartado das espinhas. Tão fresco! O homem do talho
vai a enterrar depois do almoço. Agora jaz na capela mortuária
de rosto descoberto para a família e os curiosos. O homem
do talho morreu cansado, mas agora está fresco:
foi abatido ontem, será embalado às quatro da tarde.

Rosa Alice Branco

quarta-feira, maio 17, 2006

Voluntariado

Aqui está uma forma diferente de voluntariado: Ligado ao Projecto Gutenberg, o Distributed Proofreaders conta com a ajuda de voluntários para reverem página a página os textos que resultaram da digitalização de livros, corrigindo erros que possam existir, e contribuindo desse modo para a divulgação da literatura portuguesa no mundo. Neste momento a língua portuguesa é uma das 9 principais línguas do projecto, com mais de 50 obras disponíveis de forma livre.
[fonte: sapo.tek]

terça-feira, maio 16, 2006

Razões de queixa

Não gosto de Carrilho como político. E uma das razões é porque ele encarna exactamente o mesmo de que acusa os seus colegas de profissão e OTL: pura gelatina política! Por isso, mas sobretudo porque haverá coisas bem mais interessantes para serem lidas, não tenho a intenção de perder 2 minutos que seja a ler o seu livro. Dito isto, verdade se deva dizer que, no que concerne à acusação sobre as (más) práticas da nossa comunicação social, Carrilho estará com alguma razão. É certo que Manuel Maria Carrilho se colocou a jeito para isso. Facilitou e serviu os pretextos certos que uma grande parte da comunicação social precisava para a sua cruzada. E esta naturalmente não se fez rogada. Este fenómeno tem vindo aliás a intensificar-se desde há uns anos a esta parte. Também Santana Lopes foi completamente trucidado antes que pudesse dizer um ai. E quando o fez, ajudou ainda mais ao seu próprio enterro, quando se pôs a piscar o olho a essa mesma comunicação social, e a ofertar-se para as entrevistas que fossem.
O inverso se passa agora com o nosso governo. Desde notícias cujos termos são praticamente iguais em telejornais de diferentes canais, a reportagens previamente preparadas sempre que se levanta uma réstia de contestação (veja-se por exemplo os casos, só para falar dos mais recentes, das maternidades, e agora dos bombeiros), tudo na comunicação social é feito para suportar a acção do governo e justificar as suas mais pequenas opções, sem qualquer espírito crítico e vontade de imparcialidade. A única vantagem que encontro agora nisto é de, por exemplo, poder-se substituir a leitura do Diário da República pela do Diário de Notícias.
Mas convém, já agora, ser-se justo e não generalizar. É que nem toda a comunicação social se arma em dona da democracia procurando condicionar a opinião pública.
Mas aquela que o faz é uma maioria.
E é absoluta!

sábado, maio 13, 2006

Clássicos sempre




Um mês de boa safra para a Livros Cotovia: sempre com os clássicos.
E mais uma tradução de Frederico Lourenço.

Nascer

Há maternidades que vão encerrar: Barcelos, Elvas, Lamego, Santo Tirso, Oliveira de Azeméis... a que se seguirão mais umas quantas.
Haverá provavelmente razões técnicas e económicas para o fecho destas maternidades.
O país caminha desde há décadas para um modelo de desenvolvimento insustentável, baseado em profundas assimetrias na ocupação e uso do seu território.
Esse modelo é orgânico e cresce numa capacidade endógena de auto regulação e auto reprodução.
Não resultou de nenhuma vontade política determinada mas, pelo contrário, da ausência dessa mesma vontade.
Mais empregos no litoral atraem mais gente do interior, o que aumenta a necessidade de mais investimentos públicos (e a apetência pelos privados) nesse mesmo litoral, e os diminui proporcionalmente no interior. E assim indefinidamente: é um círculo e é vicioso.
As maternidades que se fecham hoje nas cidades do interior, por razões de segurança médica e de sustentabilidade financeira, serão maternidades que se abrirão no litoral dentro de 5 /10 anos, com mais custos, e por diminuição da capacidade técnica das que hoje já existem.
Planear é um acto pró activo, alicerçado num conhecimento do passado e do presente, e numa visão do futuro.
Por isso, planear é contrariar o meio orgânico de desenvolvimento. É procurar quebrar os círculos viciosos. É um acto de vontade. Em suma, é um acto de política, no sentido mais nobre do termo, de que tantos andamos tão necessitados.
Por isso mesmo, estas maternidades (e muitos outros equipamentos públicos) não só não deveriam ser fechadas, como a sua qualidade deveria ser melhorada, contrariando assim a forma orgânica de crescimento de Portugal. E ao invés, deixar de investir tanto no litoral.
Quem quisesse ter boas maternidades, e bons centros de saúde, e boas escolas, e bom ar, e bom cheiro,... e boa vida, mudava-se para o interior.
É mais fácil pagar melhor a 5 obstetras e melhorar um bom bloco de partos, do que obrigar os tais 1000 casais a percorrerem 30 quilómetros para verem nascer os filhos. Se metermos pelo menos 2 avós ao barulho e 2 visitas (2 dias) ao recém- nascido, temos gastos de transporte (carro, autocarro, comboio) para mais 420 000 km!
Por enquanto ainda se conseguem convencer alguns brasileiros a irem viver para Vila de Rei. Dentro de algum tempo nem isso.
Uma boa política mostra-se na sua inteligibilidade, integridade e não contradição dos seus termos.
Falar em promover a natalidade, e em rejuvenescer a demografia, e ao mesmo tempo fechar maternidades, faz muito pouco sentido.
Já para não falar dos referendos e do discurso de pseudo esquerda sobre a regionalização.
Ou da tão propalada necessidade de centros urbanos de média dimensão no interior do país.
Para que se acredite, volto a repetir o nome dos centros agora afectados: Barcelos, Elvas, Lamego, Santo Tirso, Oliveira de Azeméis...
Morrer é uma inevitabilidade.
Nascer nem tanto.

quinta-feira, maio 11, 2006

Gato por Lebre

O caso da refinaria de Sines não é apenas sobre petróleo. É também sobre um estilo de governar.
Convém retomar um pouco a história, de modo a acudir às nossas memórias já tão assoberbadas de telejornais. apenas 5 meses atrás, mais concretamente em Dezembro de 2005, era anunciada em grandes parangonas e com direito às habituais sessões solenes para cobertura em horário nobre, e 1ªs páginas no papel, a assinatura de um memorandum de entendimento para a construção de uma nova refinaria em Portugal, e que deveria arrancar já este corrente ano.
Parece que ainda estou a ver as caras eufonas dos nossos ministros, Sócrates incluído, a anunciar a boa nova, devidamente temperada com o emprego: seriam criados 800 novos postos de trabalho, sendo que, atenção, durante a fase de construção se empregaria ainda mais gente, sendo aliás este "um dos maiores projectos industriais feitos no País", e que envolviria "um investimento superior ao da Autoeuropa".
Passado este tempo, já sabemos o que aconteceu: a refinaria não saiu do papel.
Foi um memorandum que lhe deu!
Segundo parece, poluição a mais e dinheiro a menos, abortaram o evangelho.
Mas podemos estar descansados, que é tudo para nosso bem. Sócrates aliás já levantou o dedo: "Ao Governo português ninguém vende gato por lebre".
Seja. Neste comércio animal, paradigma de ilusionismo, o nosso Primeiro até acaba cheio de razão:
O governo está vendedor e não comprador.

sábado, maio 06, 2006

Daybreak in Sha Qi

Yu Xiaohui

quinta-feira, maio 04, 2006

A Portugal

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a merda o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço.
És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não

Jorge de Sena

quarta-feira, maio 03, 2006

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades!



Hoje a Lear Corporation, em Valongo, despediu 285 trabalhadores.
Soube às 20:07h na TVI, e às 20:51h na SIC. Na RTP1 acho que não houve despedimentos...!
Ah, bons tempos aqueles em que qualquer despedimento tinha honras de abertura em qualquer dos noticiários! Foi há menos de 2 anos!

Reformas!!

Ontem nos telejornais mais nobres da SIC e da RTP1 (não pude confirmar com a TVI), foi dada uma notícia muito interessante sobre os últimos 150 funcionários públicos que se reformaram. O facto interessante dessa notícia, é que ela foi transmitida praticamente nos mesmos termos, nas 2 estações televisivas, como se ambas possuíssem a mesma redacção! O curioso é que esta já não é a primeira vez em que, num mesmo ciclo de zapping, encontro a mesma coincidência de conteúdos em telejornais diferentes. Passa-se de facto algo com a comunicação social !!
O 2º facto curioso desta notícia, é a ausência completa de senso crítico na transmissão da mesma. Neste caso, faz-se o velho truque da agregação. Isto é, a notícia explica que estes 150 funcionários públicos passarão a receber chorudas reformas, sem especificar de que categorias profissionais se trata.
Como quem conhece sabe, este tipo de reformas a que a notícia fez referência só é conseguida por um grupo muito, muito restrito de funcionários públicos. Como é óbvio, a maior parte dos funcionários públicos, nem de perto nem de longe atingem tais patamares!
Agregar estatisticamente essa elite à categoria geral de funcionários públicos, não é feito inocentemente. É assim que se vão encontrando culpados e razões para uma crise que teima em se aprofundar, e ao mesmo tempo se iludem as responsabilidades dos principais artífices pelo estado actual das coisas. Bem pelo contrário: são exactamente esses que pretendem agora trazer consigo a solução milagrosa.

A tribo do futebol

Ronald Koeman, treinador do Benfica, perante a frustração (compreensível, de resto) de ver o Sporting triunfar por 1 – 3 diante do Rio Ave, não permitindo desse modo que o Benfica recuperasse, pelo menos para já, o 2º lugar, vem acusar os jogadores do Rio Ave de terem facilitado a vitória ao Sporting!!!
Facto já de si bastante grave, que é o de atacar o profissionalismo de colegas de profissão e mais ainda o seu carácter, é ainda mais incompreensível se soubermos que o Rio Ave está em risco de descer de divisão, e por isso a precisar urgentemente de pontos, quando faltavam apenas 2 jornadas para o término da Liga.
Não se percebe daí o que é que o Rio Ave ganharia em propiciar tais facilidades!!
Mas isto é mesmo assim: cada clube tem a sua cultura própria, com aspectos positivos e negativos. E já se tinha percebido que no Benfica, predomina demasiadas vezes a arrogância e o autismo, provavelmente derivado do facto de ser um clube de grandezas… passadas! Todos lhe devem estender a passadeira (vermelha), e se não o fazem é porque alguma coisa se passa.
Já no ano transacto, e curiosamente contra este mesmo Rio Ave, e logo após ter acabo de ser derrotado, o seu jogador Petit veio também acusar os seus colegas de profissão de, contra o Benfica, se esgalfinharem sempre pela vitória. Imagine-se o crime que não é! Isso não se faz!!
E já este ano, em pleno terreno de jogo, Nuno Gomes, com gestos próprios de quem se injecta com uma seringa no braço, sugeria que a equipa adversária estava a jogar e a correr demasiado... por estar dopada!
2 ou 3 semanas mais tarde, Nuno Assis, seu colega no Benfica, era apanhado nas malhas do doping: pois é, a vida por vezes tem destas coisas!!!
Há aqui pois, sem dúvida, um padrão de comportamento!
Já quanto a Ronald Koeman, está para mim desfeita a dúvida sobre se é ou não um verdadeiro gentleman do futebol, como por aí se propagandeou.
Ou se o é, tem pelo menos muito fraco verniz.

terça-feira, maio 02, 2006

O meu novo brinquedo:iPod Nano !

Obrigado, Lena !

segunda-feira, maio 01, 2006

Privilegiados (2)

The Wall Street Journal não faz a coisa por menos, e acusou a administração do Millenium bcp de “encher os bolsos” com a atribuição de salários multimilionários aos seus gestores, que no conjunto podem perfazer até 10 por cento dos lucros totais do banco!!!!
O título da coluna diz quase tudo: “Esquema de enriquecimento dos banqueiros do BCP funciona às custas dos accionistas”.
“Os banqueiros têm jeito para enriquecerem. Mas poucos o fazem com tanto atrevimento quanto os gestores do BCP, o maior banco cotado português” (Público 29 Abril, versão papel e The Wall Street Journal).
E por aí fora. A resposta do BCP tenta iludir o problema e insistir naturalmente na legalidade do esquema, de que ninguém obviamente duvidará.
No entanto, a questão é que já ouvimos isto em qualquer sítio: talvez naquela comparação dos ordenados e regalias dos administradores do Banco de Portugal comparativamente à Reserva Federal Americana!
Ou no paralelo dos vencimentos e alcavalas dos gestores de grandes empresas mundiais como a Nokia ou a Eriksson, com o de empresas portuguesas, que só são grandes na medida do nosso rectângulo.
Portanto, de que é que afinal se fala quando os grandes economistas das empresas públicas (incluindo do Banco de Portugal), gestores e administradores de empresas privadas (incluindo aqueles que têm responsabilidades nas organizações patronais), analistas e adivinhadores da míriade de jornais financeiros e destaques económicos da nossa comunicação social (já em tão grande número quanto os jornais da bola), e responsáveis políticos (do governo e da oposição), se põem a debitar sobre os vícios da administração pública, o excesso de funcionários e a overdose de dirigentes????
Como se coexistissem em Portugal 2 países: um atrasado, atávico, público e gastador, constituído pelas diversas corporações públicas e que é responsável pelo nosso atraso estrutural e respectivo déficit; e outro, moderno, privado, bom gestor e administrador e que traz consigo a solução para os problemas existentes.
Ao contrário do que muitos pensam e a ideologia dominante espalha, o mais provável é que o 2º país pura e simplesmente nem sequer exista. Ele será apenas uma expressão sofisticada do primeiro. Terá o seu discurso próprio, como é óbvio, bem fundado no economês, terá o seu território diferenciado (o privado), e terá ainda os seus rituais específicos. Mas o essencial do 1º país está lá: estratégia de sobrevivência grupal, de subserviência ao Poder, e de ganância terceiro-mundista!
Está mais do que visto que os nossos grandes gestores, administradores, consultores, etc., têm naturalmente tanto de públicas virtudes, como de vícios privados. São tão bons a apontarem o caminho da moderação salarial e de gastos ao País e aos seus concidadãos, como de deitarem a mão a tudo o que podem, mesmo nas empresas privadas, exemplos (?!) consagrados da excelência, e que são afinal a melhor montra do que somos como País!