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quinta-feira, novembro 30, 2006

e o coveiro que o diga....

No dia 20, a ministra Isabel Pires de Lima colava-se por completo à decisão do CCB sobre o fim da Festa da Música.
Enquanto Mega Ferreira explicava que tal decisão foi motivada pela falta de dinheiro para uma iniciativa daquela envergadura, a ministra, invocando questões orçamentais e numa lógica de apoio e alinhamento com Mega Ferreira, dizia que a Festa da Música "esgotava em três dias uma percentagem absolutamente substancial do orçamento do CCB para a programação".
No entanto, no dia seguinte, à TSF a ministra já preferiu um mais esclarecido desalinhamento, e completamente desdizer Mega Ferreira, ao considerar que o corte de verbas no orçamento do Centro Cultural de Belém não pode justificar o fim da Festa da Música.
E melhor explicou: «Não é rigoroso, porque o orçamento para o CCB este ano diminuiu relativamente ao ano passado 600 mil euros. Acontece porém, como é público, que o CCB deixará de ter a seu cargo o Centro de Exposições, centro esse que significava um défice orçamental de 900 mil euros».
Lava pois daí as mãos e passa a pá do coveiro para os braços do Presidente do CCB.
Algo me diz que isto ainda não fica por aqui.

terça-feira, novembro 28, 2006

Speed

Sim, temi o pior.
Com um golaço destes, pensei que o árbitro o fosse anular por excesso de velocidade!

sexta-feira, novembro 24, 2006

Festa da Música: despesa ou investimento?

René Martin é o "inventor" da Festa da Música, o homem que criou a Folle Journée, em 1995, em Nantes, e que depois disseminou a experiência por Lisboa, Tóquio e Bilbao.
Hoje no Público presta esclarecimentos importantes sobre o processo que conduziu ao abandono, pelo CCB, daquele evento.
Extrato da entrevista:
«...decisão do Centro Cultural de Belém de acabar com a Festa da Música despreza o público português...»
«Estou extremamente chocado com a atitude do CCB. Nunca me chamaram a Lisboa antes de tomar uma decisão desta gravidade. Nunca me pediram que analisasse a situação...»
«Disse-lhe ainda [a Mega Ferreira] que estava pronto a estudar todas as soluções financeiras razoáveis. Todos os artistas estariam dispostos a fazer grandes sacrifícios financeiros e que eu faria tudo para manter o projecto em Portugal, porque gosto muitíssimo dele, da equipa e do público».
«Se havia grandes problemas financeiros, que a festa passasse a ser de dois em dois anos. Num ano economizamos, no outro fazemos. Mas Mega Ferreira recusou».
«O que mais o marcou em todo o processo?
Que Mega Ferreira recusasse falar comigo em pessoa».
«Se tivessem sido elegantes tinham-me dito: "René, temos 200 mil euros. O que é que podes fazer com 200 mil euros?" Em vez disso fazem um festival sobre o piano. Eu organizo o maior festival de piano do mundo [La Roque d"Antheron]. Se queriam uma festa orientada para o piano, eu podia tê-lo feito. É a primeira vez que isto me acontece em 20 anos».
«São métodos inaceitáveis. Se me tivessem pedido para trabalhar gratuitamente para salvar a Festa da Música, tê-lo-ia feito. Fiz isso na primeira. É também por isso que estou extremamente magoado».
René Martin, era conselheiro musical do Centro Cultural de Belém (CCB) desde 2005, a convite do anterior Presidente do CCB, Fraústo da Silva.
Pois!
No Público estão também algumas declarações de Mega Ferreira a propósito desta entrevista.
Cheira a coisa esfarrapada, mas retenho este naco, demonstrativo da sapiência e superioridade do CCB e do seu Presidente:
«Sobre o facto de René Martin lamentar não ter sido chamado para fazer um festival de pianos (tema dos Dias da Música), quando organiza o maior festival do género do mundo, Mega diz: "Pois sim, mas não chamámos e temos esse direito."»

quinta-feira, novembro 23, 2006

Reacções ao fim da Festa da Música

BE critica a tutela por pôr fim à Festa da Música no CCB.
O Blogue Contemporâneas diz, entre outras, que «acaba um projecto que questionou a forma de programar a clássica em Portugal mostrando que, afinal, o público existe. E que não se tenha divulgado nenhum trabalho académico de jeito sobre o seu impacto na cidade. E que as milhares de pessoas que acorriam ao CCB e esgotavam os bilhetes fiquem sem resposta à sua procura de música de qualidade, num formato inteligível e num contexto festivo e, ele próprio, espectacular.»

Já o Feliscorno, chama a atenção que «se o Mega-Estoirador Ferreira diz que não há orçamento, fica claro que isso se deve às fantasias do Sócrates e do seu amiguinho comendador.Neste contexto, temos que colocar esta questão: vale a pena trocar a Festa da Música, um evento ímpar e de referência no nosso panorama musical pela massagem ao ego ao sr. Berardo?»
São para já 2 posts: este e este.
E para maior elucidação reenvia para o Portal do governo, aqui, onde entre outras coisas podemos ficar a saber que o governo se compremeteu em, todos os anos, entregar 500.000 euros para a Fundação do Berardo-Amigo-o-Povo-Está-Contigo.

quarta-feira, novembro 22, 2006

A má contabilista

Ainda a propósito do enterro da Festa da Música, diz Isabel Pires de Lima, a título de justificação, que a Festa da Música “esgotava em três dias uma percentagem absolutamente substancial do orçamento do CCB para a programação”.
A ministra é de contas estranhas, e esquece-se de dizer que tal evento, em apenas 3 dias, levava mais de 70.000 pessoas ao CCB! Aqui faço como o Sócrates: repito, mais de 70.000 em 3 dias!
Pior, esquece-se de referir o terreno dificílimo que é a tarefa de democratizar a audição deste tipo de música e de lá levar públicos novos e rejuvenescidos.
Tudo isso a Festa da Música estava a conseguir, como mais nenhum outro evento o conseguia.
Mas se as contas da ministra são assim ao metro, já então ela que diga quantos euros custarão esse misterioso museu da língua portuguesa, (não sou eu que me rio, o museu é que parece vir a chamar-se Museu do Mar da Língua!!!!!!!), nascido do provincianismo de quem não pôde ver o já famoso Museu da Língua Portuguesa em S.Paulo, sem logo dizer que também quer um brinquedo igual.
Da Fundação do Berardo, disso então nem falo.

w.a.m., texturas

digo outra vez da substância triste:
oiço um quarteto de mozart e penso
de que outono de sons se faz mais denso
o silêncio da música. persiste

uma rosa de sons, uma explosiva
mas contida espiral dilacerada,
como se o mundo fosse apenas nada
e a rosa fosse a própria alma cativa.

de que luz, de que tempo, de que espaço,
ou matéria de sombras e alegrias,
de que impurezas, de que revoltas ágeis,

se faz, ligando tudo, agora o laço,
a prender numa só as várias vias
de coisas tão efémeras e frágeis?

Vasco Graça Moura

terça-feira, novembro 21, 2006

O enterro da Festa da Música

O CCB decidiu suspender um dos maiores eventos culturais do país, segundo diz, por falta de verbas.
A Festa da Música, evento único no panorama internacional da música erudita, e responsável pela criação e educação de novos públicos, não se realizará em 2007.
Já para não descurar a excelente montra e oportunidade em que a Festa se vinha constituindo nos últimos anos para uma série de instrumentistas portugueses.
É tudo isso que agora se deita fora com a maior das levezas.
Pela mão de um PS que tanto gosta de se enfeitar de cultura, Portugal prescinde de um evento singular, que desde a sua aparição (a Folle Journée, em Nantes, pela mão de René Martin), tem sido cobiçado por inúmeras cidades em todo o mundo.
A Festa da Música estava presente apenas em Nantes (a "mãe" do evento), em Lisboa, Bilbau e Tóquio.
O eventual retorno da Festa da Música em anos vindouros estará porventura para sempre comprometido.
Os carrascos são a Ministra Isabel Pires de Lima, promotora de uns quantos cómicos e despropositados projectos no seu ministério, esses sim altamente consumistas de recursos e de duvidosa utilidade, e Mega Ferreira, Presidente do CCB, que como se vê, tem muito boa imprensa mas pouco trabalho.
É este o legado que estes dois "rapazes" nos deixam !!
Mas este é sobretudo um grande fracasso para Mega Ferreira, que pelos vistos é homem de grandes conceitos e boa propaganda, mas que obviamente só faz flores quando o Estado lhe dá recursos para tal.
No ano transacto, por alturas da assinatura de uma parceria com a CML, que se comprometeu a apoiar a Festa da Música de 2006 a 2008, Mega Ferreira dizia que tal acordo permitiria "encontrar outros parceiros para os próximos anos, um passo importante para a consolidação financeira", e que "é uma ajuda fundamental para assegurar a continuidade da Festa da Música até 2008".
É o que se vê!
Nestas coisas não há que inventar: o que é bom e está bem, não só não se muda, como se deve tentar reproduzir e exponenciar.
Mega Ferreira falhou onde não deveria falhar, exactamente naquele que era o maior e melhor projecto do CCB.
Faça o que vier a fazer, esta mancha já ninguém lha tira.
Dizer outra coisa - e elas vão ser ditas nos próximos dias pelos apaniguados do costume - é simplesmente chamar nomes aos milhares de pessoas (e um público muito jovem) que desde o ano 2000, ano de Bach, vinham aderindo ao evento e fazendo dele de facto uma grande Festa.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Girl with a kitten

Lucien Freud

sexta-feira, novembro 17, 2006

Mozart em Naxos

Vale bem a pena.
Este livro faz sem dúvida nenhuma justiça à grande editora de Hong Kong, que há uns anos atrás invadiu o mercado da música clássica, e deixou as EMI’s e as Deutsche Grammophon literalmente pregadas no terreno, abismadas e sem capacidade de resposta. E desde então nada voltou a ser como dantes.
A reacção das majors tarda e até é compreensível que assim seja, já que a Naxos não levanta o pé. E continua a ser aquela máquina! O seu site é desde há muito tempo um exemplo de funcionalidade e usabilidade, interactividade e bom gosto. Depois de conquistada a liderança mundial da edição de música clássica, a editora do extremo oriente mantém a sua passada e decide lançar-se no domínio da difusão e pedagogia da música erudita, explorando o filão multimédia. Este livro, «Mozart: Vida e Obra», editado em Portugal pela Bizâncio, na colecção Vida e Obra, é a tradução da obra de Jeremy Siepmann , originalmente lançada pela Naxos.
Lê-se escorreitamente, tem até o seu travo de intriga e mistério, em suma, prende-nos às suas páginas como um livro com este propósito deve fazer. Informativo quanto baste, não se fica por aí. A acompanhá-lo seguem 2 CD’s, com uma selecção representativa do génio de Salzburgo. Aparte os CD's, é ainda disponibilizada uma password que trás consigo a possibilidade de aceder a material adicional relativo à obra e vida do compositor. Tudo por cerca de € 13,00 a preços FNAC, não é certamente pedir muito.
P.S. E já aí está à venda o volume seguinte da mesma colecção: Beethoven, também da autoria de Jeremy Siepmann

quarta-feira, novembro 15, 2006

Perspectivas





quinta-feira, novembro 09, 2006

mais links

Via a Origem das Espécies cheguei a O Cahimbo de Magritte, e à chegada de João Barrento à blogosfera com Escrito a Lápis, à volta de Walter Benjamin, e não só.

Paulo Bento

Como se sabe, humor não se discute. Ou se gosta, ou não.
E ponto final.
Hoje descobri este blog, que se chama Cabelinho à Paulo Bento.
Bem sei que não tem a profundidade e destreza de um Blogame Mucho, mas é mesmo assim imperdível (para quem gostar!!).

quarta-feira, novembro 08, 2006

Só ao alcance dos maiores

Isto o futebol tem cada uma…!!!!
2ª feira lá fui, sentadinho, ver o clube do coração jogar à bola.
A coisa prometia: do outro lado um Sporting de Braga (mas que ganda nome…!), bem classificado como sempre, e com ciência à altura, estava ali a deixar-me as mãos na cabeça à espera de mais sofrimento. Eu só dizia: vá meninos, arrumem com esses tipos depressa que eles querem voltar para casa quanto antes.
Ora bem, foi aquilo que se viu: um golo aos 13 minutos, marcado pelo Sp. Braga na própria baliza. Outro aos 33, idem aspas e vão dois a zero ao intervalinho.
E na 2ª parte, minuto 63, lá vai o bom do Alecsandro cabecear para a baliza dos famigerados minhotos: uns dizem que entrou, outros que não entrou, e o resto que não sabem nem querem saber.
O certo é que o árbitro sancionou e... vai buscar!
Sinceramente, essa dúvida sobre 3º golo aborrece-me bastante. Eu até prefiro que não tenha entrado.
Afinal, qual é a equipa que se pode gabar de ter ganho por 3 a 0 e sem ter o trabalho de marcar um golinho sequer ??
Cá para mim uma obra destas só está de facto ao alcance dos maiores.

terça-feira, novembro 07, 2006

Execução

E o resto da orquestra não toca.
Só as madeiras perdendo
um pouco a força, hesitando
como se o próprio intérprete não soubesse
o que vai acontecer.

Talvez o solo da flauta mais desenhado,
depois o clarinete,
o oboé
e o violoncelo não tão robusto.

Sobe com o ré bemol. Respira.
E o último lá pianíssimo
sem precipícios no meio da viola.

Decidir.
Mais seco os acordes na mão esquerda,
lá bemol
sétima dominante
e outra vez lá bemol.

Dedos distendidos
doseando o diminuendo na
lembrança de um quadro
sobre a morte do herói.

Oitava.
Duas vezes polegar e quinto dedo.
Seco e súbito
como tiros de fuzilamento.

(Marcha Fúnebre, sonata op. 26 de Beethoven)

Inês Lourenço