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sexta-feira, julho 29, 2005

Futurologia I

Mário Soares ganha a Presidência da República, mais uma vez após umas disputadíssimas eleições.
O PS rejubila mas as contas públicas continuam a ser um perigoso cutelo por cima do governo: denunciam alguma recuperação, mas simultaneamente apresentam sinais de que esta recuperação é mais de tipo conjuntural que estrutural, e sobretudo que não será suficiente para cumprir o compromisso com os portugueses e com Bruxelas; SCUT’s, SNS, OTA e TGV voltam a estar sob linha de fogo. O governo hesita: voltar atrás nestas áreas seria um duro golpe na sua credibilidade, numa altura em que as sondagens dão uma descida sustentada do PS nas sondagens.
Galgando a maré das sondagens, as da política e as da publicidade, a comunicação social muda de trincheira, e assume o papel da oposição.
Por outro lado, Mário Soares, com apenas um mandato em perspectiva, não terá de fazer concessões a ninguém. A única concessão será a si próprio e ao seu lugar na História: nunca quererá sair para sempre da vida política (contará a meio do mandato deste governo com mais de 80 anos de idade) como apoiante de um dos governos que desde o 25 de Abril mais apertou o cinto, mais sacrifícios impôs aos portugueses, e por isso seguramente um dos mais impopulares. A perspectiva que se coloca a Soares em sacrificar o próprio governo do seu partido, será então demasiado tentadora: Mário Soares poderá sair definitivamente de cena como o Presidente de Todos os Portugueses!