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terça-feira, outubro 18, 2005

Peseiro

Peseiro partiu. Sou também um treinador de bancada mas lenços, para mim, só se forem verdes. E esta parece ser de facto a cor com que Peseiro chegou ao Sporting: bom treinador mas ainda demasiado verde. Em aprendizagem (e também em avaliação) contínua. No início da época transacta lembro-me de o ouvir dizer que não se importava de sofrer 3 golos num jogo desde que marcasse 4. E a equipa do Sporting foi toda a época o retrato exacto deste axioma: futebol de ataque, por vezes deslumbrante, mas permanentemente a sofrer os tais golos. No rescaldo da época Peseiro já tinha aprendido que aquele futebol era bom apenas para os anos 70 e 80. Infelizmente o futebol actual prima pela frieza, pela marcação, pela anulação da equipa adversária, pela defesa e vitória por meio-a-zero. E jogos feios. Grécia, Liverpool, Benfica são exemplos de 2004/05. Peseiro aprendeu que mesmo a melhor equipa do mundo, de score abundante, se começa a sofrer demasiados golos deixa aos poucos de acreditar em si. Desequilibra-se, pois não consegue correr permanentemente atrás do prejuízo. No início desta época Peseiro mudou o discurso e passou a falar de «processos ofensivos» versus «processos defensivos». Sinal de que tinha percebido o seu erro. A equipa até arrancou bem (3 J, 3 V). Mas outra sombra pairava. Em outra entrevista, desta vez no início da corrente época, mais outra inocência: Peseiro, a propósito dos casos de indisciplina da temporada passada, afirmava que não acredita na disciplina imposta de fora, mas sim na auto-disciplina dos jogadores. Foi o que se viu: o Levezinho torna-se um verdadeiro 31 e o capitão de equipa esmurra um colega num treino. No jogo seguinte este continua com a braçadeira. Foi o último jogo de Peseiro. E outra lição: não adianta ser tão bom treinador a montar sistemas ofensivos, se depois se cometem erros capitais.