Livro(s) de 2005
Os finais de ano, em matéria de livros e não só, são sempre propícios aos 10 mais disto e 20 mais daquilo. Gosto deste tipo de listas. O Livro-Aberto está agora na sua votação para os melhores livros de 2005. Infelizmente é-me difícil participar neste tipo de ranking, já que me parece sempre não ter lido o suficiente (e vá-se lá saber o que isso é!). Comigo, por vezes, a qualidade de um livro mede-se inversamente pelo tempo dispendido na sua leitura. Os bons absorvo-os devagar devagarinho, durante semanas e meses. Resultado: sempre que a colheita de leitura é boa, então a de livros é quase sempre curta. É como um bom vinho: bebido com parcimónia prolonga o prazer! Espécie de leitura tântrica. Como posso pois participar numa lista destas, se trago no cardápio apenas 5 ou 6 livros??? Com que autoridade? Por outro lado, a velocidade com que são publicados os livros em Portugal (e não só) é absolutamente imparável. Ainda estamos a saborear uma capa, uma contracapa, a medir o nosso tempo, o nosso bolso, as prioridades de outras leituras; a apalpar e a cheirar o livro envergonhadamente na FNAC, a estudar a mancha, a cor do papel e... zás, lá se foi ele para a prateleira mais esquecida da livraria, já substituído por outro ainda mais apetecível, e até já com entrevista ao autor respectivo no Mil Folhas ou no JL. A esses livros que desaparecem no fulgor do marketing cultural faço de conta que os tivesse já lido. É a minha profilaxia para não morrer de ansiedade. E depois, há ainda aquele problema dos clássicos (do seu estatuto), que deambulam sempre por ali, na nossa memória ou numa prateleira mais ou menos obscura lá de casa. Outro problema ainda, adjacente ao da sofreguidão da publicação e ao flash dos escaparates, é o da ditadura da novidade. Ainda estamos nós a pensar que desta vez é que vamos ler Philip Roth, por exemplo o “Casei-me com um comunista”, e... pumba caiu-nos a "Conspiração Contra a América" em cima! Não há hipótese! E antes disto, muito antes, ainda há Virgínia Wolf, Dostoievski, Machado de Assis, e por aí dentro, numa galeria de inquestionáveis de que nunca nos perdoaremos por não ter lido esta ou aquela obra. Imperdoável! Como escolher pois da colheita de 2005, se os atrasos e as ansiedades de 2004, 2003, 2002, 2000, etc. se perfilam e acumulam? Bem disse alguém que junto com os livros devia ser possível comprar algum tempo para os lermos! E ao tempo eu acrescentaria, vontade, já que a minha preguiça não tem fronteiras!
Bom, mas que não seja por tudo isto! Arrisco, afinal, e mesmo assim uma escolha, fundada na rarefacção própria de quem leu menos, mas saboreou mais. Escolho este livro por ser o que por cá anda há mais tempo, mais ignorante às pressas, o que mais espaço conquistou no meio de outros, e mais relido e reaberto tem sido. Este seria pois o meu livro de 2005:
Bom, mas que não seja por tudo isto! Arrisco, afinal, e mesmo assim uma escolha, fundada na rarefacção própria de quem leu menos, mas saboreou mais. Escolho este livro por ser o que por cá anda há mais tempo, mais ignorante às pressas, o que mais espaço conquistou no meio de outros, e mais relido e reaberto tem sido. Este seria pois o meu livro de 2005:
P.S. Estou agora a meio de um romance lançado já no final deste ano. Pelo andar da carruagem (lenta, muito lenta) ainda o poderei juntar a esta lista singular. Veremos!
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