Powered by Blogger

sábado, janeiro 21, 2006

Reflexão

Aproxima-se o dia D, e conforme aqui prometido, cá vão as razões de ter optado pelo candidato «Branco». Antes de mais, esta é de facto uma escolha honesta e sincera, pois quem vota no Branco é porque vota descaradamente contra todos os outros! Escuso pois de fingir que não voto contra ninguém. Voto sim senhor! Voto contra Alegre, Cavaco, Garcia, Jerónimo, Louça e Soares. E o facto de os ordenar pela ordem mais democrática, diz exactamente que desgosto de todos medidamente!
Comecemos pois, caros visitantes do Insustentável.
Não voto em Alegre porque não voto em alguém só porque é poeta, escritor, pessoa culturalmente relevante, ou amante das artes, letras e ideias. Para mim não chega! É preciso ter algo mais, e Manuel Alegre definitivamente não tem. Ou melhor, aquilo que tem a mais, é exactamente uma, das 2 ou 3 coisas, que mais abomino na política: a sua fidelidade partidocrata. Alegre sempre foi homem do sistema e do aparelho. Não o é neste caso apenas… circunstancialmente! Além disso, cultiva demasiado a táctica do quadrado. É a consciência da nação, mas com o complexo do grilo falante. É passado e está ultrapassado!
Não voto em Cavaco porque o homem não vai salvar a pátria, e é mentira que a pátria precise de ser salva. A pátria está velha, caduca, refinada e retinta, mas pelos vistos cá se vai aguentando por pior que lhe façam. E não é confiável, tal como todos os homens de grande umbigo: conspirou na sombra contra o seu partido, apunhalou-o (Santana Lopes) em artigos opinativos laboriosamente rendados e dados à luz em tempo cirúrgico, assobiou para o ar não indo a congresso expressar aquilo que dedilhava às escondidas, e em plena campanha foi o primeiro a abandonar o seu partido quando menos disso o partido precisava. Demasiado oportuno para meu gosto. Ná, o homem não é o timoneiro, é o rato!
Não voto em Garcia porque quem entra atrasado na corrida presidencial, é porque não vem para ganhar. E caramba, eu sei que a vida não está fácil, mas é preciso estar sempre tão zangado???
Não voto em Jerónimo porque é do PCP, e porque o PCP é, infelizmente, o partido mais transparente do mundo! Tão transparente que nada nele se vê o que por lá se passe!! Mas uma palavra de simpatia: esteve quase a conseguir o meu voto! É honesto, trabalhador, inteligente e sabe-se de onde vem. Só não se sabe para onde iria, se ganhasse as eleições. Bola no poste!
Não voto em Louçã porque é populista demais. Fala tão facilmente daquilo que sabe (e quando sabe, até sabe bem!), como fala com igual desenvoltura do que não sabe. Sabe para onde vai, mas será que sabe que não sabe assim tanto??? Mas dou-lhe algum mérito. É lutador e muito muito profissional.
Finalmente, não voto em Soares porque é homem para quem vale tudo em campanha (e até fora dela!). Chegou aliás à corrida presidencial a cavalo em mais um dos seus golpes à la carte. E para mim, a política é filha da ética. É demasiado palaciano, no mau sentido do termo (tem este termo algum bom sentido?). Mas sobretudo porque tem aquilo que mais abomino neste nosso rectângulo: tem amigos a mais, no sentido luso da palavra, i. e., anda com eles para todo o lado, e gosta muito mais deles do que gosta de Portugal. Leva apenas o prémio juventude, não propriamente porque tenha calcorreado mais que os outros (isso cheira-me a «ideia-feita»), mas porque se recusa a calçar as pantufas e a ir jogar às cartas para o banco do jardim. E que viva muitos e longos anos mas bem longe da presidência.