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quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Amigos do peito


Sinto-me agora muito menos só. A blogosfera incendeia-se com as "amizades". Tinha já medo de, de tanto falar em amiguismo, ausência de cultura de mérito, etc., acabar por parecer um ressabiado sem Pátria. E pior ainda, transformar-me num. Um daqueles amargados do destino, que porque acha que não lhe reconhecem o valor devido, põe-se a desancar a torto e direito em tudo o que mexe e esteja bem na vida. Mas parece que não! Agora o Esplanar põe mais uma vez o dedo na ferida. Nesta, nesta, nesta...
Não resisto no entanto a transcrever algumas passagens:
«Tivesse eu poder para decidir os livros que seriam criticados e jamais me colocaria na posição de escrever sobre o livro de um amigo e, principalmente, de um colega. Tal como se eu fosse objecto de uma crítica feita por um amigo tudo faria para disso o demover.»
«Na imprensa, julgo, o espaço que é concedido a autores, livros e editoras deve, tanto quanto possível, remeter para o mérito, ou seja, o crítico pegou naquele livro por todas as razões menos porque conhece o autor ou dele é amigo e colega.»
«...a maior parte das pessoas nem sabe que aquele livro é de um amigo de quem assina a prosa e, provavelmente, não sabe que o autor do livro também escreve nesse mesmo jornal que ele tem na mão; o trabalho das toupeiras é esse, actuar na sombra, às escondidas dos leitores menos informados.»
«Que raio de crítica é essa? Não é crítica, é apenas publicidade e divulgação. Que os editores queiram promover os seus colaboradores para dar prestígio ao próprio jornal, sim senhor, mas então reservem espaço para fazer publicidade aos seus trabalhadores, não o misturem no espaço da crítica. Não aldrabem. Sejam sérios.»
E ainda aqui, aqui...
«De resto, o que está em causa não é a profundidade da crítica. É o espaço que colegas de trabalho (e amigos pessoais) concedem uns aos outros no DN. São os textos sebáceos que uns e outros ejaculam uns para os outros. Quantas vezes será preciso dizer isto? E não se trata de caso único. Isto é prática corrente nos jornais portugueses, sendo o exemplo mais gritante o semanário Expresso.»

Leia-se o resto e siga-se os links. É mais uma lição de ecologia e etologia.