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domingo, fevereiro 19, 2006

O bando da banda

Quando há poucas semanas atrás, o governo anunciou que todas as escolas estavam agora ligadas por banda larga, quem conhece os difusos meandros com que se fazem este anúncios, e se constrói o ritual institucional apropriado, sabe que aquilo que é anunciado pelos governos nunca corresponde, nos seus exactos termos, à verdade. Quem trabalha na máquina do estado há alguns anos, conhece a frequência com que estas disparidades, entre aquilo que é anunciado e aquilo que é a realidade, se sucedem.
É assim com este governo, e tem sido assim com todos os anteriores. A diferença para este governo do Engº Sócrates é que, nunca desde o 25 de Abril, um governo se apresentou, por um lado, com tal proficiência em acções de pura propaganda, e por outro lado, com tal eficácia no controlo da informação que é cedida aos meios de comunicação.
Se estivermos atentos aos telejornais da RTP, SIC e TVI, podemos reparar que, qualquer decisão de um membro do governo, na sua área respectiva, é motivo para cerimonial e ritualização respectiva. É o ministro que dá sempre a cara. Nem nos governos de Cavaco Silva, a perspectiva dos secretários de estado como meros ajudantes (secretários) dos ministros, tinha sido tão levada à letra. A mesma decisão serve para que o ministro da pasta correspondente se faça aparecer, no mesmo canal televisivo, 3 e 4 vezes na mesma semana.
Mas naturalmente, nem tudo corre sempre pelo melhor!
No sábado transacto, li no Público uma notícia que confirmava que, no mesmo dia em que o primeiro ministro anunciava com pompa e circunstancia que todas as escolas estava agora ligadas por banda larga, muitas escolas por esse país fora afinal ainda não tinham acesso à Internet. Algumas nem mesmo com banda estreita! Quem furou o bloqueio da notícia institucional, foram algumas jornalistas da LUSA. Para tal bastou fazerem telefonemas para algumas escolas e verem que afinal o milagre tecnológico escondia outra realidade.
Obviamente a coisa rebentou! A directora de informação da LUSA decidiu puxar as orelhas às jornalistas! E agora foi à comissão de assuntos constitucionais e meteu os pés pelas mãos.
Quem se quer conservar, quem quer sobreviver, tem naturalmente de beijar a mão do dono, em gesto aguardado de vassalagem. É assim em todas as sociedades, as humanas inclusive! Em Julho de 2004, a agência LUSA já se havia prestado à mesma posição. O dono na altura ser outro (governo de Durão Barroso), é apenas questão de mero pormenor.