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quinta-feira, março 02, 2006

Explicações tardias

Meses depois de ter abandonado o Sporting, vir justificar o seu fracasso, exactamente quando a equipa de futebol atinge o 2º lugar e está a apenas 2 pontos do líder (há 5 semanas atrás estava a 9 pontos do líder, 6 do Benfica, e ainda atrás do Braga e do Nacional!), não diz nada do treinador, mas diz alguma coisa do homem. Fraquezas próprias da condição humana, obviamente! A inveja é um mal secreto, mas manifesta-se, mesmo que travestida! O actual sucesso da equipa do Sporting incomoda, está-se a ver, José Peseiro. E provavelmente, o facto de este sucesso estar a ser conseguido pelo antigo treinador das camadas jovens do clube, treinador sem grandes pergaminhos, e que nem curso de 1º nível ainda tem (e muito menos formação superior em educação física), incomodará outro tanto.
Mas o sucesso de Paulo Bento é conseguido à custa daquilo que Peseiro não tinha, a saber:
# 1 - Liderança com disciplina, e mais disciplina: Paulo Bento já por diversas vezes demonstrou, inclusive às grandes figuras da equipa, que quem comanda é ele, e que a equipa está, sempre, antes dos interesses de cada individualidade. Com Peseiro, e embora este se queixe apenas de Pedro Barbosa e Rui Jorge, vários outros jogadores protagonizaram episódios nada dignificantes, de falta de respeito a ele próprio, e por mais do que uma vez, sem que Peseiro tivesse tomado qualquer atitude: Polga, Rochemback, Liedson, Beto, etc. Também não foi Paulo Bento que em entrevista pública, afirmou que não acreditava na disciplina imposta, mas apenas na auto-disciplina: Foi José Peseiro. E depois foi o que se viu!
# 2 – Conceito adequado à realidade, com futebol prático e calculista: Paulo Bento estrutura a equipa a partir da segurança defensiva. A preocupação actual da equipa do Sporting não é tanto ter a bola (como sucedia com Peseiro), mas sim impedir que o adversário faça grande coisa dela, quando a tem na sua posse. Com Peseiro o futebol era de facto de ataque permanente, e esteticamente bonito. Mas isso era feito à custa do envolvimento de demasiadas unidades em funções atacantes. Resultado, quando a equipa perdia a bola e precisava de defender, fazia-o sempre em inferioridade numérica. Não foi Paulo Bento que disse que não se importava de sofrer 3 golos desde que marcasse 4. Foi José Peseiro (também em entrevista a jornais desportivos). Só que este já não é o paradigma do futebol moderno, por muito que isso custe a Peseiro (e até a mim). Equipa que actualmente sofra 3 golos num jogo (e nem são precisos tantos!), já não consegue disponibilidade mental (logo, física e táctica), para marcar mais golos ao adversário. O resultado foi o que se viu: sempre que o Sporting "massacrava" os adversários, empurrando-os para a sua defensiva, sofria golos em contra-ataque.
Agora José Peseiro precisa de, humildemente, reciclar os seus conceitos, e deixar-se de quixotices. Mudar o paradigma do futebol-táctico-inteligente para o futebol-intuitivo-espectáculo, só será conseguido à custa da alteração de algumas regras do próprio jogo. É assim que os americanos fazem nos seus desportos de massas, e será assim que a FIFA um dia, se quiser, poderá fazer. Não o José Peseiro.