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quarta-feira, março 08, 2006

Sobre os manuais para ensino do português

Vasco Graça Moura, hoje no DN:
«As coisas evoluíram muito e passou a haver uma desvairada proliferação de materiais didácticos. A certificação da qualidade já devia ter ocorrido há muito tempo.»
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«Em geral, os programas têm privilegiado a perspectiva comunicacional em detrimento dos aspectos literários e a elaboração dos manuais tem sido baseada em teorias e contributos de linguistas.
O pecado original da Linguística foi o de se afirmar contra a Literatura. Ainda hoje, no ensino do português, há quem receie o cânone literário, por considerá-lo perigoso e manipulador. Também há quem entenda que a disciplina de Português deveria ser distinta da de Literatura. E há ainda quem resvale já para a aceitação de uma norma correspondente à transmitida pelos jornais, pela rádio e pela televisão, embora a comunicação social seja o maior viveiro de erros e imbecilidades de que o país dispõe nesta matéria.
A pandemia alastrou. E entretanto defende-se a importância do trabalho sobre regulamentos de concursos, ou relatórios técnicos e científicos, ou mais uma série de trapalhadas que não têm nada a ver com a aprendizagem da língua, mas sim com a utilização da língua depois de ser devidamente aprendida.»
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«A competência na utilização da língua materna é uma condição sine qua non para a destreza intelectual e para uma boa aquisição do saber em todas as outras áreas, incluindo a das ciências exactas.
Todos falam da catástrofe indigna dos resultados do ensino do português e das ciências exactas nas últimas décadas, mas não se ousa estabelecer esta correlação.»
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«...eu gostaria de ver a ministra da Educação exigir que a avaliação e credenciação da qualidade dos manuais destinados ao ensino da nossa língua sejam feitas por professores de Português com formação em Literatura.» ...mais aqui.