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quarta-feira, junho 14, 2006

Paga!

Depois do projecto da Auto Europa, Refinaria de Sines, e de muitos outros casos, prossegue a chantagem de empresas e grupos económicos junto do governo português. Para tal bastou que o governo tivesse feito alarde (leia-se propaganda) de tudo o que era a conquista de postos de trabalho, e instalação de novas empresas, para que o mundo empresarial percebesse a situação de fraqueza negocial em que o governo se tinha colocado. Agora todos os dias, empresas instaladas há longos anos em Portugal, ameaçam com a deslocalização. A chantagem é simples: ou o governo português nos paga, e bem, para cá continuarmos, ou vamo-nos embora!
Por isso, por mais que agora o ministro diga que está a negociar, a realidade é bem simples: está simplesmente a pagar a peso de ouro cada posto de trabalho que se mantenha no país. Neste momento é a Opel. Aprendeu com a Auto Europa e percebeu que vale a pena encostar à parede um governo que estupidamente teima em governar nas parangonas dos jornais e telejornais, quando até tinha todas as condições para não o fazer. Há-de porém chegar o momento de se saber a quanto é que fica ao país cada posto de trabalho com esta metodologia conquistado. Não tarda, ficará mais barato empregar essas pessoas na tal administração pública, bandeira negra do governo, mesmo que façam apenas 50% daquilo que recebem.
É que nisto manda quem pode. Um país com tão pouco para oferecer em matéria de factores produtivos, e que está numa situação de menoridade face a outros mercados, nunca se deveria ter lançado em tal empresa propagandística à volta da conquista do emprego. Entre os países que têm de pagar para ter qualquer empresa interessante instalada no seu solo, e aqueles que se fazem pagar por tal (como por exemplo a China), Portugal está obviamente no 1º grupo e numa situação muito pouco favorável. Era por isso assunto para muito maior recato. Coisa que, está-se a ver, não houve. Agora, se o governo não quiser ver em 1ª página (mesmo que em manchetes mais reduzidas) que acaba de atirar para o desemprego mais de 2000 trabalhadores de uma só vez, e um projecto empresarial com anos e anos de Portugal, vai ter de dar o que a Opel muito bem entender. Não tem escapatória! Alguém dizia que os deficits não são todos iguais: há-os bons e maus.
Alguém está a fazer contas? € 500 por automóvel é bom?