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terça-feira, julho 25, 2006

Uma questão de números

Sobre a história dos cerca de 10.000 funcionários que inflacionaram a administração pública durante o 1º semestre de 2006, o governo lá estrebuchou, como é aliás da praxe nestes rituais de quem governa e de quem é oposição.
Sobre esta última – a oposição - mais uma vez fica à vista de todos a sua enorme preguiça: não é capaz de fazer o seu trabalho de casa e limita-se a aproveitar aquilo que a comunicação social vai "descobrindo". Fazem oposição ao olhómetro, que corresponde aliás ao modo como já governaram ou governarão mais tarde.
Já em relação ao governo não estamos longe do mesmo: tentou disfarçar números tão claros vindos da "sua" Direcção Geral do Orçamento, dizendo que dos 22.420, nem todos correspondiam exactamente a entradas, e que dos 12.254, nem todos correspondem exactamente a saídas.
Mas alguém ouviu o governo dar então os "verdadeiros" números das entradas e saídas durante o 1º semestre de 2006??
Ok, não são mais 10.000. Mas são quantos? Mais 8.000, 6.000? Ou pelo contrário, menos 5.000?
Nada! À falta do essencial e à laia de compensação, o governo preferiu arriscar um nº total de funcionários públicos, um dado que para a discussão em apreço de nada servia: 580.291!
Quem por aqui anda há já alguns anos, sabe perfeitamente que nem este nem qualquer governo antes deste, sabe com exactidão quantos funcionários públicos tem a nossa "máquina".
Veja-se aliás a dificuldade com que são paridos estes números: a última "contagem" tinha sido feita há 7 anos atrás, em 1999.
Esta facilidade com que se produzem os indicadores de gestão mais básicos, dá sempre a ideia de como se fazem estas contagens: à unha!
Qualquer número que se avance é por isso feito, estrategicamente, sempre de um modo muito cru. Assim, se alguém vier dizer que não são 580.291 mas 595.322, pode-se sempre argumentar que naquele nº não estavam contabilizados os "contratados a prazo", alguns institutos públicos de contornos jurídicos mais dados à discussão ou os funcionários com o cabelo azul.
Ou vice-versa.
Dá sempre para tudo.
Mas nisto como em muitas coisas, também dá um certo jeito que a memória não seja demasiado curta: já vi isto suceder com outros governos, e desconfio sempre das exactidões estatísticas da nossa governação.
Já sei o que é que esta casa, onde trabalho, gasta.