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terça-feira, novembro 07, 2006

Execução

E o resto da orquestra não toca.
Só as madeiras perdendo
um pouco a força, hesitando
como se o próprio intérprete não soubesse
o que vai acontecer.

Talvez o solo da flauta mais desenhado,
depois o clarinete,
o oboé
e o violoncelo não tão robusto.

Sobe com o ré bemol. Respira.
E o último lá pianíssimo
sem precipícios no meio da viola.

Decidir.
Mais seco os acordes na mão esquerda,
lá bemol
sétima dominante
e outra vez lá bemol.

Dedos distendidos
doseando o diminuendo na
lembrança de um quadro
sobre a morte do herói.

Oitava.
Duas vezes polegar e quinto dedo.
Seco e súbito
como tiros de fuzilamento.

(Marcha Fúnebre, sonata op. 26 de Beethoven)

Inês Lourenço