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sexta-feira, novembro 24, 2006

Festa da Música: despesa ou investimento?

René Martin é o "inventor" da Festa da Música, o homem que criou a Folle Journée, em 1995, em Nantes, e que depois disseminou a experiência por Lisboa, Tóquio e Bilbao.
Hoje no Público presta esclarecimentos importantes sobre o processo que conduziu ao abandono, pelo CCB, daquele evento.
Extrato da entrevista:
«...decisão do Centro Cultural de Belém de acabar com a Festa da Música despreza o público português...»
«Estou extremamente chocado com a atitude do CCB. Nunca me chamaram a Lisboa antes de tomar uma decisão desta gravidade. Nunca me pediram que analisasse a situação...»
«Disse-lhe ainda [a Mega Ferreira] que estava pronto a estudar todas as soluções financeiras razoáveis. Todos os artistas estariam dispostos a fazer grandes sacrifícios financeiros e que eu faria tudo para manter o projecto em Portugal, porque gosto muitíssimo dele, da equipa e do público».
«Se havia grandes problemas financeiros, que a festa passasse a ser de dois em dois anos. Num ano economizamos, no outro fazemos. Mas Mega Ferreira recusou».
«O que mais o marcou em todo o processo?
Que Mega Ferreira recusasse falar comigo em pessoa».
«Se tivessem sido elegantes tinham-me dito: "René, temos 200 mil euros. O que é que podes fazer com 200 mil euros?" Em vez disso fazem um festival sobre o piano. Eu organizo o maior festival de piano do mundo [La Roque d"Antheron]. Se queriam uma festa orientada para o piano, eu podia tê-lo feito. É a primeira vez que isto me acontece em 20 anos».
«São métodos inaceitáveis. Se me tivessem pedido para trabalhar gratuitamente para salvar a Festa da Música, tê-lo-ia feito. Fiz isso na primeira. É também por isso que estou extremamente magoado».
René Martin, era conselheiro musical do Centro Cultural de Belém (CCB) desde 2005, a convite do anterior Presidente do CCB, Fraústo da Silva.
Pois!
No Público estão também algumas declarações de Mega Ferreira a propósito desta entrevista.
Cheira a coisa esfarrapada, mas retenho este naco, demonstrativo da sapiência e superioridade do CCB e do seu Presidente:
«Sobre o facto de René Martin lamentar não ter sido chamado para fazer um festival de pianos (tema dos Dias da Música), quando organiza o maior festival do género do mundo, Mega diz: "Pois sim, mas não chamámos e temos esse direito."»