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segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Carnaval musical

Foi no passado sábado, 24, às 18:30. Desta vez, o ainda que pequeno auditório do Centro Cultural de Cascais, abarrotava. Os cerca de 160 lugares foram na totalidade preenchidos, e muitos houve que tiveram de fazer marcha a trás: já não havia mais bilhetes!
Muitas crianças, uma parte das quais da própria escola de música da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras (Escola de Música Concertino), davam o mote ao que se ia assistir: um Concerto de Carnaval!
E que concerto!
Na esteia aliás daquilo que desde há muito tempo vem fazendo a própria OCCO, que dedica grande parte da sua programação, ao público mais jovem ("ABC DA MÚSICA: CONCERTO DIDÁCTICO para PAIS e FILHOS"), desta vez nem ao Carnaval deram descanso!
Trajes a rigor, enfermeira, Pipi-Meias-Altas, cigana, bruxa, o dorminhoco, a Rainha Vitória, etc., etc., só o aparato cénico já fazia a sala sorrir.
O reportório? Que nem uma luva: Saint-Saens, Carnaval des Animaux, Pantera Cor de Rosa, etc., e a orquestra a trocar permanentemente as voltas – e as pautas! – ao maestro Nikolay "Harry Potter" Lalov, que chamava por Mozart e a orquestra dava-lhe Beethoven, trocava para Vivaldi, daí para Tchaikovsky, laivos de Rachmaninoff, uff….
Entre a gargalhada geral, chegou-se a temer o pior, quando em "retribuição" o maestro decide simplesmente hipnotizar os músicos e colocá-los a tocar os instrumentos dos colegas.
E aí…, bem aí viu-se de que matéria é de facto feita a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.
Mesmo em ambiente de (des)controlado frenesim, gargalhada geral do público, patadas dos músicos, aqueles dois violinistas que implicam permanentemente um com o outro, os violoncelistas que não sossegam, ali o contrabaixista ("O dorminhoco") que sonâmbulo adormece dependurado no instrumento, aquela enfermeira que, quiçá espantada com o som que o seu violino produzia, o oscultava curiosa com o seu estetoscópio…, no meio de tudo isto, dizia, a OCCO produzia um som bonito e uma execução ao nível do que nos vem habituando (para os que conhecem): ritmada, alegre, esfusiante, em suma, emparelhada ao espírito carnavalesco.
Que pena que o auditório do CCC tenha uma dimensão tão camarística!
Ficou no entanto a promessa de para o ano haver mais.
Quem nos dera que o Carnaval não fosse apenas 3 dias.

P.S. Palmas também (desta vez) para o Centro Cultural de Cascais. Desde há 5 ou 6 anos a esta parte, esta foi a primeira vez que presenciei um modo de distribuição dos bilhetes (grátis) a procurar evitar os esquemas do açambarcamento e dos amiguinhos. Oxalá não tenha sido um exemplo sem retorno.