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sexta-feira, março 02, 2007

Paulo Portas # 1

Paulo Portas voltou.
A política ensinou-me que os homens que dela (sobre)vivem, desenvolvem ou trazem já nas células consigo, uma especial apetência pelos momentos de oportunidade.
Aprendi assim aquilo que depois venho confirmando há muitos anos: na política não há totós! Ninguém se chega à frente se não sentir que pode ganhar.
Não há bombeiros de serviço.
Os outros, os que aí estão, são apenas os das segundas ou terceiras linhas, que sabem que só neste hiatos da refrega têm alguma chance. Assim como assim, esmaltando a máquina à sua imagem, sempre garantem no futuro um honroso segundo lugar.
Se o cheiro do poder desaparece do ar, os candidatos por assim dizer, no seu próprio dizer, fortes, desaparecem de cena.
E aguardam, pacientemente como a hiena, aguardam.
Sabem que não é o seu momento, que o vento não está de feição.
Uma licença para estudar nos States, uma abrupta necessidade de cuidar dos negócios da família, de defender o país em Bruxelas ou em Estrasburgo, de voltar à universidade, de tomar conta dos filhos, de atender a esposa, são apenas modos de assobiar para o ar, aguardando que o país deles volte a necessitar.
Nestes momentos difíceis para os seus respectivos partidos, onde estavam eles ??
Nesta sociologia do oportunismo, todos os primeiros-ministros até hoje fizeram escola. E se a tarimba de uns é mais sabedora que a de outros, isso é apenas o resultado das circunstâncias do tempo e do sítio.
Pois bem, Paulo Portas voltou.
Mas, bem ao seu estilo, parece-me que terá voltado no momento que já tinha previamente concebido – há 2 anos atrás – como o mais oportuno. A recente fragilidade de que deu mostras o governo a propósito do episódio das urgências, caíram-lhe apenas no mel.
Sendo agora também um problema – salutar, digo eu – para o governo, ele é para já um grande problema para o PSD.
É que a malta da oportunidade no PSD estava à espreita, mas este não era de todo o seu momento, pois o governo continuava como quer.
Não havia ainda um cheiro novo no ar.
Apenas um ligeiro frémito, uma transpiraçãozinha das urgências.
Nada que os fizesse mover e abandonar a mulher e os filhos.
Só que agora surge Paulo Portas! Logo esse!!
E independentemente de se saber que Paulo vem aí, ele causa já problemas.
Que aborrecimento! Logo agora que estava tudo tão bem assim, com o mordomo de serviço a guardar e cuidar da mansão enquanto os senhores não voltam das férias….