Powered by Blogger

terça-feira, junho 19, 2007

As reformas chegaram ao ensino da música

Coloco aqui esta fotografia, à laia de ilustração deste post, tirada do blogue Guilhermina Suggia. A foto é do Salão Nobre da Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa, e essas 4 barras verticais, tipo estaleiro de construção civil, estão lá apenas para evitar que o balcão mate alguém. Podem visitar o referido blogue, para verem igualmente como os tectos deste salão, que foram pintados por José Malhoa há 126 anos atrás, estão a cair aos bocados.
----------------------------------------------------
A melhor maneira de avaliarmos as políticas de qualquer governo não é lendo-as, estudando-as e avaliando-as. Embora isso também conte, e até dê o seu jeito. Mas a melhor maneira mesmo é... apalpando-as. Ou melhor, explico-me, é sendo nós apalpado por elas (pelas políticas). E então logo vemos se gostamos ou não das ditas.
Querem ver como é? Eu conto:
Desde há uns tempos a esta parte tenho lido de fio a pavio o já algo célebre Estudo de Avaliação do Ensino Artístico. A isso juntei o parecer do Conservatório Nacional, sobre o mesmo. Mas até ao momento, conversas para lá e para cá, muitas dúvidas me continuavam a assaltar, sobre o efeito prático desta refundação do ensino artístico (para usar a terminologia grandiloquente do Ministério da Educação) , e para quando o dito efeito.
As dúvidas ficaram desfeitas, quando no passado fim-de-semana fui a uma reunião de pais, na escola de música onde as minhas filhas estudam: piano uma e violino outra.
Essa escola irá, já no início do próximo ano lectivo, transformar-se no Conservatório de Música de Cascais, coincidindo com a sua mudança para as instalações de raiz que entretanto ficarão prontas. Mas entretanto, fomos já informados que, pese embora vir a tratar-se de um Conservatório, o Ministério da Educação não apoiará de modo nenhum, e em percentagem por mínima que seja, as propinas dos seus estudantes. Os papás pagarão pois integralmente as propinas dos seus filhos, como o fariam se eles estivessem numa escola privada. De ensino oficial da música, e do entendimento que o governo quer passar agora a ter do mesmo, estamos portanto, e por ora, conversados. Estes serão para já os efeitos práticos das novas ideias do governo a propósito do ensino especializado da música. Deve ser para isto que se fazem as grandes reformas (ou refundações). Aliás, sempre que agora ouço falar de uma nova reforma, já sei o que aí vem: abro logo a carteira e vejo o que posso fazer por ela. E quem não puder pagar que aguente, que é para não se estar a armar em elite.

Etiquetas:

2 Comments:

Blogger Paulo Bastos said...

E diz o documento que com esta reforma a música estará ao alcance de todos! Pois claro, vai ser mesmo assim...
Vamos é voltar ao tempo das aulas particulares de françes e piano em casa das senhoras.

6:58 da tarde, junho 19, 2007  
Blogger NB said...

Já agora uma pequena precisão: O facto de o Ministério não apoiar (com o chamado Contrato Patrocínio)os novos "Conservatórios" que têm surgido não é de agora nem desta suposta reforma. Já há vários anos (5,6 ou até mais) que os pedidos são sistematicamente rejeitados. Exemplos: Conservatório Regional de Almada (já extinto), Conservatório Regional de Palmela, Academia de Música de Almada. Nestas escolas, portanto, os alunos têm que pagar a totalidade das propinas, de forma a que seja possível cobrir todos os custos.

9:47 da tarde, junho 25, 2007  

Enviar um comentário

<< Home