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sexta-feira, outubro 14, 2005

Inglês

Voltamos à discussão sobre o inglês, desta vez a propósito do alargamento do perfil de habilitações dos professores que podem dar aulas de inglês nas escolas do 1.º Ciclo.
De acordo com as novas regras, as aulas de inglês podem ser dadas, por exemplo, por professores com cursos certificados da Universidade de Cambridge, Trinity College ou Norwich Institute of Language Education e direccionados para jovens alunos.
Contra as alterações previstas neste novo despacho está a Associação Sindical dos Professores Licenciados (ASPL) que, em comunicado, considera escandaloso que estas aulas possam ser dadas por professores de escolas privadas quando há docentes do sector público no desemprego.
anteriormente me referi a este assunto. É tempo de actualizá-lo: se todos entendemos que os professores de inglês, no desemprego, queiram beneficiar da nova demanda originada pelo 1º ciclo, precede essa preocupação aquela outra sobre os resultados da aprendizagem do inglês.
Perguntemos àqueles que hoje em idade adulta lêem e falam fluentemente a língua inglesa onde adquiriram tal capacidade, e compreenderemos que a sua competência foi conseguida à custa da frequência dos Institutos de Línguas. 6 ou 7 anos de frequência do ensino regular, não conseguiram nos últimos 30 anos, pôr ninguém a falar fluentemente inglês e a lê-lo para além do nível básico dos livros técnicos.
Será por isso preciso libertar a discussão de grilhetas sindicais ou de classe, para situá-la no terreno da competência, da fixação de objectivos e avaliação dos resultados.

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Caro Rogério,

Venho uma vez mais comentar :)

O que se passa é que a diferença entre as escolas privadas de línguas e as públicas é de condições, não de professores. Os professores, na maioria dos casos, são os mesmos (a grande fatia de professores de colégios, escolas públicas e escolas de línguas vêm do mesmo sítio: universidades portuguesas). Esses cursos que indica são, na maioria, apenas complementares à licenciatura em Portugal (não a deviam substituir). Mas mesmo que os professores de certas escolas privadas estivessem mesmo mais bem preparados para dar aulas nas condições das escolas públicas, não o farão porque são, neste caso, muito mal pagos (e pagos a recibos verdes). Não sou professor nem muito menos sindicalista, mas fico chocado que alguém com um Certificate of Proficiency in English (que pode ser tirado aos 17 anos, como aconteceu com certos colegas meus) sirva para dar aulas a alunos do 1.º Ano(como permitiu o ministério). Eu sei que pensa que estes cursos e professores permitirão dar melhores aulas aos alunos. Mas o resultado prático da medida foi o seguinte: algumas pessoas sem a mínima preparação pedagógica estão a dar aulas aos nossos alunos só porque têm um curso da Universidade de Cambridge (o CPE) que apenas certifica que a pessoa sabe um determinado nível de inglês. Foi muito pior a emenda do que o soneto. Porque não exigir que estes professores tivessem esses cursos MAIS a licenciatura? Aí talvez a qualidade pudesse aumentar. Mas, nesse caso, quem tem esses cursos e a licenciatura não vai aceitar trabalhar a recibos verdes e por tão pouco.
Acredito que ambos queremos o mesmo. Peço-lhe só que não pense que um curso direccionado para jovens pela Universidade de Cambridge prepare convenientemente seja quem for para dar aulas. Este certificado, no Reino Unido, serve para um estrangeiro entrar na universidade ou garantir a uma empresa que sabe inglês - não lhe dá qualquer equivalência a um curso superior ou preparação para o ensino. O Ministério está a atirar-nos areia para os olhos. Os professores desta nova leva de alunos do 1.º ciclo que estão mais bem preparados são aqueles que vieram de universidades portuguesas (que as há) que exigem seis anos de preparação para se ser professor (e não quatro, como na maioria). Claro que estes professores, logo que arranjarem colocação, saltam desta experiência para escolas secundárias ou de 3.º Ciclo ou ainda colégios privados. Ou seja, só os professores novos/não colocados ou aqueles que nem sequer são professores vão aceitar trabalhar nestas condições.

Cumprimentos sinceros!

3:31 da tarde, outubro 16, 2005  

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