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quarta-feira, agosto 09, 2006

A explicação dos incêndios

Falemos pois de factores dos incêndios. Falar disso é falar de responsabilidades, e falar destas é falar de responsáveis.
Já se sabe que tudo conta: clima, tipo de floresta e vegetação, tipo de ocupação do espaço rural, incendiários, bombeiros (sua competência e seus meios), políticas governamentais, pessoas e atitudes, etc. etc.
Durante anos falou-se muito de incendiários e, em contextos de disputa política ou quando à comunicação social isso mais interessava, falou-se sobretudo na responsabilidade do governo A.
Lembram-se de há 2 anos, em 2004, no clímax incendiário, a comunicação social queimar literalmente o governo então em questão???
Lembram-se de no ano transacto, se noticiar todos os dias a prisão deste e daquele por essas serras abaixo, e a presença da judiciária em aldeias, casebres e montes perdidos ??
Pois bem, neste ano de 2006, não há (des)governo, não há incendiários, e a judiciária recolheu às cidades.
Agora o discurso justificador, o discurso da moda na comunicação social, é o da responsabilidade de todos os cidadãos, que com o seu portuguesíssimo desleixo e irresponsabilidade convidam o fogo a invadir-lhes os quintais e queimar-lhes as galinhas, e depois, perante as câmaras, ó da guarda acudam-me que isto está uma desgraça!
Mas é também evidente que alguém nos briefings dos bombeiros anda a passar esta mensagem. O esquema é simples: o governo "explicou" à Protecção Civil a que se devem os incêndios, esta explicou à direcção nacional dos bombeiros, estes fazem-no todos os dias perante as televisões e restante comunicação social, e daí até nós, os culpados da situação.
É evidente que pessoalmente eu não poderia estar mais de acordo com uma visão que integre a responsabilidade de todos os cidadãos. Já o tinha aliás dito em ano transacto, mais precisamente no dia 7 de Agosto de 2005, quando aqui, afirmava: «A tese da mão criminosa dá jeito a muita gente, governos, câmaras municipais, bombeiros e povo incluído, mesmo quando como é óbvio ela não explica grande parte dos fogos. É a tese universal da desculpabilização deste povo português, que é ignorante, desleixado e porco, com sistematização quotidiana!»
Finalmente, pois, a visão correcta!
Mas aquilo de que obviamente desconfio é da bondade da «JUSTIFICAÇÃO 2006».
Algo me diz que daqui a 1 ano, ou talvez mais, voltarão as antigas explicações.