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quinta-feira, março 22, 2007

O Sinal # 2

O esclarecimento do post anterior sobre o Programa de Modernização das Escolas Secundárias, que debruçando-se sobre 332 escolas e gastando 940 milhões de euros, se resume afinal, durante a vigência deste governo, a fazer obras em 4 escolas, não esgota obviamente o assunto.
É que se, feitas as contas, será muito maior a propaganda e o show-off que a obra a realizar, pelo menos tenho de reconhecer que em outros registos o governo prepara bem os seus projectos.
Foi assim, também através da leitura da Resolução do Conselho de Ministros n.º 1/2007, que fiquei a saber que para gerir o dito programa e manter o parque escolar, será criada «uma entidade pública empresarial…».
Se as reformas em curso na administração pública não conseguem pôr o ME a gerir um programa destes, então é caso para perguntarmos para que servem afinal essas reformas.
Pois é, mas onde é que eu já vi isto???
Ah!, já sei, foi aqui: nesse caso era a ESPAP - Empresa de Serviços Partilhados da Administração Pública.
E outros casos que aqui no insustentável na devida altura não registei mas que vou agora procurar.
Há portanto aqui um padrão. Um padrão não é um caso isolado. Um tacho, sim, é um caso isolado. Um trem de cozinha é que já é um padrão (fim da lição de sociologia).
É caso para se perguntar onde é que pára o PRACE.
Para os mais esquecidos, lembro que o PRACE é o Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado, e que é com ele que se vão eliminar serviços públicos, cargos de chefia, mandar os funcionários públicos plantar batatas, pôr os serviços públicos a brilhar que nem um brinco, blá, blá, blá….
Temos portanto uma entidade pública empresarial, que será gerida por um colectivo de gestores ou administradores, como lhe queiram chamar, e pagos de acordo com a categoria A ou B dos gestores públicos.
É nestas alturas que me encho de ganas e pergunto porque raio anda toda a gente distraída com estes velhíssimos truques de política doméstica.
Não há dúvida que o marketing político faz milagres. São os milagres da fé inabalável.
O facto de não haver oposição em Portugal, de ela não ter credibilidade, de não prestar, e de ser desleixada e preguiçosa, não serve de desculpa para o comum do cidadão.
E o facto da grande maioria da comunicação social andar, adormecida uma e conivente outra, também não.
Pelo contrário, devia tal contexto servir de estímulo a que pelo menos alguém abrisse os olhos, e fizesse o governo entender que há mais vida para além dos partidos da oposição, e que não andamos todos ceguinhos.
E que arrepiasse caminho quanto antes e aproveitasse com seriedade algumas boas ideias que vai tendo.
Senão, um dia destes aterramos noutro pântano*, acordamos de um sonho, e depois perguntamos como é que foi possível chegarmos ainda a pior do que já estávamos.
Os sinais estão aí!

*É rebuscado, eu sei, mas esta coisa de «aterrar» e «pântano» não era só para pensarem no António Guterres, mas também na OTA!