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segunda-feira, abril 23, 2007

Dar música...

Todos estarão lembrados quando em Novembro do ano transacto, Mega Ferreira, enquanto Presidente do CCB, decidiu acabar com a Festa da Música.
Em seu lugar, criou um conceito novo, os Dias da Música, que decorreram durante este fim de semana.
Naquela altura, eu disse que Mega Ferreira «tem muito boa imprensa mas pouco trabalho», e ainda que ele «é homem de grandes conceitos e boa propaganda, mas que obviamente só faz flores quando o Estado lhe dá recursos para tal».
Ora bem, os primeiros dados referentes aos Dias da Música, dados que são inclusivé oficiais, do próprio CCB, apontam para os seguintes factos:
# Foram vendidos 88,53% dos bilhetes "emitidos";
#Este conceito de "bilhetes emitidos", engloba não só os bilhetes que foram vendidos exclusivamente para os concertos, mas também os bilhetes de recinto, os bilhetes oferecidos e os bilhetes para os patrocinadores!!
# Face ao tão anunciado tecto orçamental de 450 000 mil euros para estes Dias da Música, o CCB acabou afinal por gastar 600 000 euros, o que corresponde a uma derrapagem de 33% (!!!) nos custos. Lembro apenas que uma das justificações de Mega Ferreira para ter acabado com a Festa da Música, tinha sido a derrapagem dos seus custos (derrapagem essa que de facto existiu, mas foi de 20%!!).
Lembro ainda e apenas aquilo que é óbvio: supostamente deveria ser muito mais fácil controlar um evento de muito menor dimensão e complexidade como é este dos Dias da Música (orçamento: 450 000 euros), do que o da última Festa da Música (orçamento: 1 000 000 euros).
Mas pronto, ao Mega perdoa-se tudo, até o de ter dado cabo do maior evento de música erudita existente no país, e o único que era de facto popular, no sentido demográfico do termo.
Curioso é que, dizendo que não volta mais a responder a nenhuma pergunta que lhe façam sobre a Festa da Música (mas onde é que eu já ouvi isto??), ainda se queixa que, na polémica que envolveu os dois eventos, se tinha confundido formato e conceito.
É preciso ter lata, quando foi e continua a ser mais do que óbvio que, foi antes o próprio Mega Ferreira quem pretendeu exactamente andar à boleia e a reboque do conceito subjacente à Festa da Música, para assim capitalizar público para os Dias da Música, coisa que até seria compreensível que fizesse, tal era a imagem de sucesso que a Festa tinha.
Mega Ferreira enfatiza ainda os 372 500 euros que angariou em patrocínios.
A este propósito lembro mais uma vez as dificuldades que referiu o ano transacto, em encontrar patrocínios para a Festa da Música. Pelos vistos dinheiro que curiosamente agora até conseguiu, e também imagino o que não teria sido possível angariar para um evento de tão maior cartaz (e público) como era o anterior, houvesse para isso vontade e boa fé.
Falha-nos que o gato ainda tem rabo!
Entretanto, é melhor mesmo assim irmos aproveitando o que há.
Para o ano os Dias da Música incidirão sobre a música de câmara (com e sem piano), e parece que também se estenderá ao canto (lied) e madrigais.
Indefectível com sou da música de câmara (sobretudo trios e quartetos de cordas), quero ver se não falto.

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