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quarta-feira, maio 23, 2007

O Fundo da Baía

Saído neste ano de 2007, em Março, O Fundo da Baía, de Joseph Mitchell, é sem dúvida um belíssimo livro. E Joseph Mitchell um grande escritor, coisa que para mim não distingue alguém pelo facto de escrever bons romances, contos ou novelas, mas pelo difícil facto de apenas escrever bem, seja lá o que for. Joseph Mitchell foi jornalista no The World, correspondente dos bairros no The Herald Tribune, repórter e redactor no The Worl-Telegram, e finalmente terminou a sua carreira na revista The New Yorker.
Estas são 6 gigantescas crónicas, publicadas nas décadas de 40 e 50 do século passado, nessa mesma revista.
Lêem-se num fósforo, mas fica-se com pena que assim seja. Mas para tal há até remédio: volta-se ao início e rele-se, pois estes são textos que aguentam muito bem isso, tal é a riqueza de pormenores, a palete das suas perspectivas, e a capacidade de ser simultaneamente transparente e complexo.
Mas o mais destas crónicas, é sobretudo o seu poder de entranhamento, e de nos transportar e fazer estar nos lugares e tempos onde decorrem. Há aqui sem dúvida, nesta literatura que é jornalismo (ou jornalismo literatura), uma estranha capacidade de evocar, de nos arrancar de onde estamos, tal é a simplicidade e ao mesmo tempo a enorme mestria, com que estão escritas estas histórias. Sinceramente, não consigo descobrir onde é que está o segredo, tal é o invisível labor que Joseph Mitchell terá posto em esconder as costuras nas suas belíssimas crónicas.
Deste autor tinha lido antes O Segredo de Joe Gould, com a chancela da Dom Quixote.
E por isso fica já na calha Sou Todo Ouvidos, colectânea de artigos de jornais, e que já foi publicado o ano passado também na Âmbar.
Mas este Fundo da Baía vai já direitinho para o topo dos meus livros de 2007.

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