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quinta-feira, maio 24, 2007

Produtos eleitorais

Está quase aí a campanha eleitoral para a C.M. Lisboa.
Mas antes é preciso obviamente convencer os eleitores.
E está visto que o produto "CANDIDATO" vai ser muito, mas muito bem embrulhado. As palavras de ordem serão basicamente as mesmas em todas as candidaturas: o rigor, a disciplina, a contenção, a gestão, a abertura, a independência, etc. Exactamente aquilo que é percepcionado como tendo faltado até hoje à autarquia lisboeta: rigor financeiro e de gestão, e libertação das máquinas e dos lobbys partidários.
Nem era preciso contratar tão caro tantas empresas de comunicação para saber o tão óbvio.
Por isso todos os candidatos dirão basicamente o mesmo. E o primeiro sinal está já aí, na escolha dos respectivos mandatários, que são todos iguais no significado simbólico que cada candidatura lhes pretende atribuir, e como pretendem ser vistas e percepcionadas pela comunicação social primeiro, e os eleitores depois.
Num primeiro momento pareceu que António Costa vinha para arrasar: Saldanha Sanches vinha trazer a aura de credibilidade financeira à sua candidatura. Houve suspiros na nação, do Minho ao Algarve, incluindo Ilhas (e já agora Lisboa).
A seguir foi o que se viu: Fernando Negrão responde com o trunfo Manuela Ferreira Leite, Telmo Correia com Bagão Félix, e por aí fora. E o centro e direita vêm abaixo, tal é a excitação.
Depois da construção da sua credibilidade financeira, as candidaturas perseguem outra linha de força: a abertura para a esquerda, para a direita, para o centro, para baixo e para cima. É uma espécie de estratégia dos pontos cardeais, ou então uma maneira inconsciente de se dizer que, se quer agradar a gregos e a troianos. Costa desata a inventar mandatários (o nacional, o financeiro, o sénior) e assim pesca também José Miguel Júdice, ex-bastonário de uma das maiores Ordens profissionais do país, Raul Solnado que populariza e dá um toque das artes à coisa; Carmona joga o mesmo sistema de jogo e trás apoiantes da esquerda e das artes, Simone de Oliveira do teatro, e ainda da maior associação nacional (Carlos Barbosa, presidente do Automóvel Clube de Portugal); Telmo Correia lembra que Bagão Félix é dois em um: também é independente. E por aí adiante.
Ou seja, as candidaturas anulam-se umas às outras. Em gíria futebolística costuma dizer-se destas situações, que as equipas encaixaram uma na outra.
Mas isto para mim é sobretudo sinal de uma evidência: se as candidaturas e os candidatos precisam tanto destas figuras e deste figurões, é porque naturalmente admitem que nenhum é merecedor per si das qualidades trazidas por esses apoios: do tal rigor financeiro e gestionário, e da independência e abertura exterior aos seus respectivos partidos e/ou lobbys.
Os produtos vêm assim todos tão bem embrulhados e de tal ordem, que vai ser difícil alguém saber o que é que está verdadeiramente a comprar.
É por isso de desconfiar, e muito!!
É que os diversos compostos químicos, os conservantes, os aditivos, os estabilizantes, o aromatizantes, os anti oxidantes e anti coagulantes, estão em letra tão miúda que ninguém lê, ou então não entende nomes como o ácido benzóico, o benzoato de cálcio, o ágar, o betacaroteno, o palmitato de ascorbilo, ou mesmo o ácido fumárico.
E em outros, o prazo de validade nem legível é.

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