Powered by Blogger

sexta-feira, junho 01, 2007

22 factos sobre a OTA

Como não parto displicentemente que o assunto da OTA é apenas para técnicos - leia-se, engenheiros e reconhecidos pela Ordem - tenho desde há alguns anos a esta parte, vindo a ler tudo aquilo que possa a respeito do aeroporto da OTA. De tal modo que, desde o tempo do governo Guterres, formei a minha opinião contra mais essa "pirâmide" das obras públicas, opinião essa que venho reforçando, quanto mais sei sobre o mesmo, e quanto mais vejo a superficialidade com que os decisores vêem tratando esse projecto, confundindo teimosia e estupidez com capacidade de decisão.
Tenho por isso constatado o chorrilho de disparates, resultado da ausência de qualquer leitura ou tentativa de compreender aquilo que está em causa, que inclusivé uma parte da blogosfera vem produzindo sobre o assunto. Ele é os 15 estudos, ele é os outros locais chumbados, ele é a aprovação da OTA, ele é o impacto ambiental de determinado local, ele é que o PSD também apoiou a OTA (o que é que isso tem a ver com a solução em si?), ele é isto e mais aquilo.
Como não lêem nada – talvez porque achem que o assunto é demasiado engenheirado, ou porque a coisa de facto não é propriamente um romance de leitura mais agradável - vai daí debitam consoante a sua cor, os seus humores, ou o lado para que estão inclinados.
Vem isto a propósito do livro recentemente lançado, pelos opositores da OTA (interesse desde logo assumido, o que é bom), que vem lançar alguma luz sobre a discussão, e desfazer com base em alguns factos, algumas das ideias pré concebidas que por aí vão circulando, inclusive entre os próprios opositores da OTA. Serve pelo menos para lançar o contraditório, num assunto que se quer dar por encerrado a toda a força. Quem quiser chame também nomes feios a esta abordagem, feche os olhos, mas pelo menos leia, que é para mais tarde não se desculpar que pensava que o assunto era demasiado técnico.
Transcrevo do Portugal Diário:
Depois do livro «O erro da Ota», e usando-o como ferramenta de trabalho, o responsável editorial do trabalho, Mendo Castro Henriques, juntamente com alguns co-autores do livro, elaborou um documento com um conjunto de factos «indesmentíveis».
O relatório já foi entregue aos deputados da Assembleia da República para servir de base para o debate com o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, que irá ao Parlamento falar sobre a Ota no próximo dia 6 de Junho.
Esta sexta-feira, Mendo Castro Henriques, professor na Universidade Católica, vai estar no PortugalDiário, por volta das 16:30, para responder às perguntas que os leitores quiserem colocar sobre a Ota.
Conheça os 22 factos:
1 - Não existe nenhum estudo que indique a Ota como o melhor local para o novo aeroporto.
2 - Em todos os estudos onde a opção Ota foi analisada, foi sempre considerada a mais cara.
3 - A decisão pela localização Ota foi tomada, em 1999, com base num Estudo Preliminar de Impacto Ambiental (EPIA) incompleto e insuficiente.
4 e 5 - Entre os vários descritores usados no EPIA, a Comissão de Acompanhamento do Novo Aeroporto considerou «deficiente» a abordagem feita aos «Recursos Hídricos» e aos «Risco de Colisão de Aeronaves com Aves». Dois pontos usados para eliminar Rio Frio.
6 - O site da NAER não disponibilizou a totalidade dos estudos em Novembro de 2005. Foram omitidos estudos importantes, como o realizado pela ANA em 1994 e que escolhia o Montijo, e cortaram-se partes de outros documentos.
7 - O estudo de 1999, que apenas compara Ota e Rio Frio, não justifica a exclusão da localização Montijo, que até então tinha «ganho» em todos os relatórios.
8 - Os capítulos das conclusões do EPIA da Ota e do Rio Frio são cópias um do outro.
9 - Alguns factos foram deturpados de modo a legitimar a escolha da Ota.
10 - A decisão foi tomada sem que tenham sido avaliadas todas as determinantes: não foi instalado um posto meteorológico na Ota; não foi estudada a implicação da gestão do espaço aéreo; não foram estudados os acessos nem as características dos solos.
11 - A solução «Portela + 1» foi abandonada por causa da escolha da Ota. Todas as restantes localizações são compatíveis com a utilização simultânea da Portela.
12 - A Ota terá uma vida útil muito inferior ao Aeroporto da Portela, que já passou os 60 anos de vida. A Ota pode «viver» 30/40 anos.
13 - O novo aeroporto será pago pelo Estado e pelos contribuintes.
14 - Lisboa ficará menos competitiva. Por exemplo, as taxas de aeroporto serão mais elevadas na Ota.
15 - A TAP será menos competitiva. O processo do aeroporto de Atenas, inaugurado em 2001, é semelhante ao da Ota. A companhia aérea grega declarou falência em 2003.
16 - A privatização da ANA como parte do negócio da Ota, significa dar a uma entidade privada a gestão de quase todos os aeroportos portugueses.
17 - Há factos que obrigam a reequacionar a opção Ota. Cresceram as Low cost. O traçado do TGV foi alterado e passar na Ota obriga a «ginástica».
18 - Não foram criados mecanismos para tributar mais valias nos terrenos da Ota.
19 - O turismo perde. Estudos efectuados mostram uma quebra de 15,6 por cento no turismo de Lisboa.
20 - Por causa da Ota a linha do TGV Lisboa/Porto será apenas para passageiros e não para mercadoria.
21 - O TGV tira passageiros aos aviões.
22 - A área de influência de dois aeroporto - Norte e Sul - é superior à influência de um aeroporto central.
Quem quiser ter acesso ao documento completo dos «22 factos» clique aqui.

Etiquetas: