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terça-feira, julho 10, 2007

Os chamamentos do Poder

Ainda ontem aqui dizia, a propósito das ofertas de Manuel Salgado para as listas de Carrilho (antes) e António Costa (agora) «…estas persistências e insistências, estes chamamentos do Poder …». Pois é, parece que estes chamamentos estão como as cerejas: são sempre muitos, e atrás de um seguem-se sempre outros. É que hoje soube-se que afinal, o aparecimento de José Miguel Júdice como mandatário de António Costa foi tudo menos coisa clara. É que Miguel Júdice foi convidado pelo governo, já lá vão 4 meses, para gerir toda a frente ribeirinha de Lisboa, uma enorme fatia da capital e de importância quase incalculável.
Pior que isso, é que tanto António Costa como Miguel Júdice, esconderam este facto de enorme importância, quando estamos em plena mudança nos destinos da CML. Desta vez Helena Roseta está cheia de razão quando diz:
«Afinal de contas, o Governo já tinha decidido, já tinha convidado uma pessoa, já tem um modelo de gestão e nada nos é dito. Não está certo, é falta de transparência»;
«E acho incompatível uma pessoa aceitar um cargo de nomeação governamental para dirigir uma zona importante da cidade e ser mandatário de um dos candidatos à gestão da mesma cidade».
Esta atitude de António Costa (e de José Miguel Júdice, que anda sempre com a Justiça na barriga), não é obviamente para mim qualquer novidade. Aliás, essa atitude enferma dos velhíssimos tiques da classe política lusa, que medra nas cumplicidades interpessoais, funciona com interesses subordinados, e opera com maquinismo clandestino. O Povo é para esta gente apenas equação eleitoral. E isto é como que um aviso a todos os eleitores alfacinhas, de que depois da refrega eleitoral, tudo voltará a ser com dantes, e que para os lisboetas apenas o estilo está a escrutínio. É sem dúvida mais um sinal de que o regime está moribundo, e que caminha a passos largos não para a sua morte – apenas porque já não estamos em tempo disso! – mas para um seu estado estertor, ainda mais vegetativo que o presente.

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