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quinta-feira, agosto 02, 2007

A imagem do rigor

Por ora Costa estará na situação privilegiada de as expectativas para estes 2 anos serem extraordinariamente baixas por parte dos lisboetas. Depois da rebaldaria de albergue à espanhola que foi a passagem do PSD de Carmona pela CML, a maralha apenas espera (a que votou, porque a outra já só desespera) que Costa aperte o cinto aos gastos da CML, que negoceie alguma da dívida aos principais fornecedores, e inaugure alguns projectos de nulo impacto financeiro, pelo menos nestes 2 primeiros anos. Está por isso mais que garantida uma imagem de rigor e seriedade. E isto é o que é mais fácil fazer, e é aquilo que os portugueses mais gostam de ver: que venha alguém – e se Costa fizer cara-de pau e um ar poupadinho em sorrisos, tanto melhor – “cortar a direito” e endireitar as finanças públicas. A popularidade que os ex-ministros das finanças sistematicamente têm neste país, quando desempenham as suas funções em contextos orçamentais restritivos, é sintoma disto mesmo. Não sei se é coisa para sentar a nação toda no divã, e por isso nem vou sequer lembrar um tal Oliveira, que em 1926, trouxe finalmente a Ordem por que tantos então ansiavam. Basta antes lembrar a auréola ganha por Manuela Ferreira Leite e Bagão Félix, mais recentemente. O pior é quando, endireitadas (conjunturalmente) as finanças, é preciso passar a construir alguma coisa de concreto e mostrar serviço, isto é, finalmente governar. Aí é que se vê de que é feito um político, e é aí que se dão as inevitáveis grandes desilusões. Cá estaremos para ver. Isto se, nestes próximos 6 anos, António Costa ainda lá estiver para ser visto.

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