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quinta-feira, agosto 02, 2007

O Zé faz falta!

Profissionalão como é, António Costa já tirou do caminho Zé, o Fiscal de serviço. António Costa sabe que, pior que tudo era o Zé desatar novamente a fazer chantagem política e a lançar suspeições para o ar, tivesse ou não razão, sobre esta ou aquela obra, sobre este ou aquele projecto. Ainda há pouco tempo, em plena campanha eleitoral, nas instalações da Docapesca, o Zé dizia que Costa tinha um "plano secreto" para a frente ribeirinha, e "planos de betonizar isto tudo".
Por isso o Zé faz muita falta a António Costa. É que 2 anos apenas, não dariam tempo para se provar se o Zé, em qualquer suspeição ou denúncia que fizesse sobre António Costa, afinal tinha razão ou não, e a mancha ficaria lá, a impedir a maioria absoluta nas próximas eleições autárquicas. António Costa rodeou-se previamente de um ícone financeiro chamado Saldanha Sanches, uma múmia senatorial oportunisticamente rendida ao novo poder absoluto - Miguel Júdice - e ainda de um arquitecto - Manuel Salgado - que sendo incontornável do ponto de vista profissional, é-o também do ponto de vista político, já que, sofregamente, tudo veio fazendo nos últimos anos para atingir os destinos urbanísticos de Lisboa, onde finalmente chegou.
Mas o problema poderia vir do Zé. É que o Zé tem sistematicamente mais acesso à comunicação social e mais tempo de antena, do que a importância democrática que os eleitores lhe conferem nas eleições. E do que António Costa não precisa para estes 2 anos, é de um fiscal camarário às costas, que levante problemas por isto ou por aquilo, trancando obras e projectos com providências cautelares. Por isso, este acordo de António Costa com o BE, sendo simplesmente inútil do ponto de vista da gestão e liderança da CML – António Costa continua mesmo assim apenas com uma maioria relativa – é de facto de uma grande utilidade política. Literalmente, António Costa deu um chupa-chupa ao Zé e meteu-o no bolso: "vá, agora está quietinho e vê como se faz". No entanto, a coisa não será para durar, pois do que o Zé gosta mesmo é de ser o Robin dos Bosques Citadinos e Áreas Verdes Adjacentes, e os apetites imobiliários para a frente ribeirinha (esperem para ver) mais tarde ou mais cedo colocarão um espelho à frente do pobre Zé. Para além disso, terá pesadelos que Roseta ocupe o seu panteão de grande denunciador. Mas a verdade, é que António Costa só precisa mesmo do Zé é agora, para estes 2 cruciais anos. E esse, já lá canta.

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