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quarta-feira, abril 11, 2007

O silêncio dos jornalistas

Foi de doer o coração ver o melindre e o cuidado cirúrgico com que Ricardo Costa, director da "SIC Notícias", José Manuel Fernandes, director do "Público", Francisco Sarsfield Cabral, director da "Rádio Renascença", João Garcia, subdirector do semanário "Expresso" e João Marcelino, director do "Diário de Notícias" (particularmente este último), se referiam ao caso do currículo de José Sócrates, ontem no programa da SIC Notícias, “O silêncio de José Sócrates”.
As vezes que naquele programa se repetiu que haveria que aguardar pelas explicações que hoje – supostamente – o Primeiro-Ministro dará na RTP, aquele respeito reverencial, fez-me perguntar se aqueles seriam mesmo jornalistas. Ou então se seriam os mesmos que, em ocasiões anteriores (estou-me a lembrar nomeadamente de Santana Lopes e Rui Gomes da Silva com o então caso Marcelo Rebelo de Sousa-TVI) fizeram um estardalhaço dos grandes, com loas à liberdade de imprensa e avisos à democracia em perigo. Pelos vistos nessa altura o método era disparar primeiro e perguntar depois.
É pois bom saber que estes jornalistas, directores e sub-directores, cresceram e amadureceram, e se fizeram desde então uns homenzinhos.
Mas bem mais preocupante é a compreensão e o enlevo com que é tratada a pressão descarada e malcriada com que os secretários, boys e ministros deste governo vêm fazendo junto dos órgãos de comunicação social, numa tentativa de condicionar as notícias e a opinião pública.
Agora a adjectivação é esta: «é normal que os governos façam estes telefonemas e exerçam estas pressões»; é mais uma «questão de feitio do Primeiro-ministro que gosta de falar directamente com os directores dos jornais e as redacções»; «nós jornalistas é que temos de não aceitar essas pressões», etc. etc. Não me lembro de na altura terem dado esse crédito à TVI quando esta decidiu prescindir dos serviços do professor Marcelo. E para quem também se lembra do caso Morais Sarmento contra a RTP, e do que muitos destes defensores do regime democrático então disseram, é espantoso o que mudou em apenas 2 anos.
Ouve-se e não se acredita!

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