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segunda-feira, junho 04, 2007

Amiguismo, pelo Abrupto

Não costumo citar, referir ou linkar a posts de blogs de grande circulação como o Abrupto, simplesmente pelo facto de partir do princípio que os que por aqui vêm ao insustentável, serão amantes da blogosfera, e não hão-de por isso deixar de visitar essa espécie de blogs de referência. E preguiça aqui também conta: para quê citar aquilo que todos já leram? No entanto, não posso desta vez deixar de citar um post de JPP, não só porque o mesmo tem a qualidade da análise que muitos reconhecem ao seu autor, mas porque sobretudo esse post representa quase uma carta de princípios de um dos temas (aliás, no tema), que mais caro me é aqui no insustentável, como sabem todos aqueles que por aqui de quando em quando passam: o amiguismo. Aliás, só agora estou a fazer os "marcadores" a todos os posts deste blog, mas começa a ser bem evidente a preponderância que tem o "marcador" Cunhas, Amiguismo e Tráfico.
O post do Abrupto chama-se COISAS DA SÁBADO: A POLITIZAÇÃO DA FUNÇÃO PÚBLICA, reza assim, e vai com sublinhados meus:
«Há uma razão iniludível pela qual a DREN tem que ser demitida e o governo fica muito mal se o não fizer - o acto da senhora DREN é apenas o momento mais vísivel de um problema de fundo da nossa administração pública: a politização das suas chefias. A biografia da senhora professora que é actuamente a DREN revela essa sobreposição entre carreiras no estado e compromissos partidários. Sendo profissionalmente educadora de infância, foi dirigente da Juventude Socialista, sindicalista muito activa contra o governo de Cavaco Silva com o mesmo zelo com que hoje toma medidas anti-sindicais, e o seu currículo revela a estrita correspondência dos cargos de nomeação governamental com as datas em que o PS chega ao poder, com Guterres em 1995 e Sócrates em 2005, para além do seu papel no gabinete do ministro Santos Silva. Esta biografia é reveladora e é típica dos militantes socialistas (e do PSD quando este está no poder) que são nomeados por fidelidade e clientelismo partidário a assumir funções de controlo político de áreas sensíveis da administração pública.Se se permite que este tipo de prepotências claramente politizadas passe impune, contribui-se para um clima de medo e retaliação na função pública no momento muito delicado em que se estabelecem quotas de classificações e se preparam quadros de excedentes. O ambiente na função pública já é demasiado carregado, por boas e más razões, com muito medo instalado, medo mesmo, para se dar mais essa machadada na legitimidade das chefias quando são chamadas a escolher, a decidir sobre a vida das pessoas. Já chega a notória incapacidade de muitas chefias na função pública para reconhecerem um mérito que elas próprias raramente tem, para agora permitir em público uma exibição grosseira de controlo político-partidário. Este é um dos calcanhares de Aquiles de qualquer reforma da administração pública: a confiança de que as classificações atribuídas aos funcionários têm a ver com o mérito e não com o partido ou as simpatias políticas. Se a DREN ficar nas suas funções, e não se demitir ou for demitida, o medo crescerá, mas o potencial das reformas, que já é escasso, será ainda mais minado por dentro. Esta é que é a questão de fundo

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