Powered by Blogger

sexta-feira, setembro 30, 2005

2 pesos e 2 medidas

A propósito da demissão de Artur Portela da Alta Autoridade para a Comunicação Social (AACS), «em protesto» contra a «inaceitável intromissão do Governo na esfera de atribuições e competência do órgão» regulador, e dado o ensurdecedor silêncio que por aí grassa, será muito perguntar onde estão agora esses vendilhões de palpites e comentários, essas sociedades anónimas do comércio opinativo, reis da imparcialidade de Moleskine escondido, grandes defensores da liberdade de imprensa e do regime democrático, protectores do assalto de Morais Sarmento contra a RTP, e de Rui Gomes da Silva contra o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa???
Aguardo, pois.
Até já estou sentado!

quarta-feira, setembro 28, 2005

Descobrir a música

A Fundação Gulbenkian lança hoje (na Sala 1 da zona de Congressos da Fundação, às15h30) um novo projecto educativo permanente, com o objectivo de formar públicos para a música erudita. Chama-se DESCOBRIR A MÚSICA NA GULBENKIAN, e será dirigido ao público mais jovem.
Este anúncio pode ser também reencaminhado aos velhos do Restelo, aos intelectuais de algibeira, aos reaccionários da pseudo-esquerda, à nata culturo-pensante, em suma, aos “donos” da Fundação. Diga-se o que se disser, a FCG continua a mostrar como se deve trabalhar: (re)avaliação permanente dos projectos e das prioridades, com redireccionamento de investimentos, sempre numa perspectiva pró-activa. Já em posts anteriores (post, post e post), tínhamos preferido não embarcar no “maria vai com as outras” relativamente à extinção da companhia de bailado.
Já agora, há por aí alguém que me diga o que é que o Estado ou a CML já fez pelo ex- Ballet Gulbenkian, para além de ter chorado as lagriminhas do costume?

terça-feira, setembro 27, 2005

Blog da Sabedoria

Do Blog da Sabedoria:
Certo dia, Luis XIV, que estava convencido de que era poeta, mostrou a Nicolás Boileau uns versos que acabara de escrever. O ensaísta, incapaz de mentir, procurou uma maneira de dar uma opinião sem ofender o rei. Disse-lhe:
- Nada é impossível para Vossa Majestade. Quisestes fazer uns maus versos e com a maior facilidade o conseguistes!

A saúde da justiça

Hesitei sobre se haveria de escrever sobre isto: os Serviços Sociais do Ministério da Justiça. A razão desta hesitação prende-se com o facto de eu ser um dos seus inúmeros beneficiários, agora abrangidos pela perda deste privilégio (que se anuncia), ao passar a usufruir dos serviços da ADSE. Meto pois a foice na minha seara. Sou muito suspeito. Sou culpado. Confesso.
Note-se no entanto que não coloquei entre aspas o termo privilégio. De facto, penso que os serviços de saúde dos funcionários do ministério da justiça são um privilégio quando comparado com os serviços de saúde dos restantes funcionários públicos (a ADSE). Estou por isso preparado para prescindir destes pseudo “direitos adquiridos”. Uniformizem tudo pois, uniformizem-me mesmo a mim. Aqui estou: disponível, se isso for de facto imprescindível para o bem de todos. É preciso no entanto que se registe o seguinte: a ADSE é mais cara que os SSMJ! Ou no limite, não é mais barata. Explicando com mais clareza, cada beneficiário da ADSE fica mais caro ao Estado (e a cada português) que cada beneficiário dos SSMJ! E beneficiando de menos e piores serviços! Está tudo aqui, no Jornal de Negócios (versão completa só em papel). Sendo isso verdade, não resisto por isso a uma “inocência”: se assim é, porque é que não se faz a uniformização no sentido inverso, integrando os funcionários da ADSE nos SSMJ ??
OK! Esqueçam!
O governo até por isso mesmo já confessou que a razão de ser desta medida não é económica (ou orçamental) mas somente política. Quer dizer, é preciso uniformizar (leia-se, retirar privilégios), mesmo que isso venha a custar mais dinheiro aos contribuintes. OK, até isto eu também aceito! Há mais vida para além do orçamento, ensinou-nos o nosso PR. É que o Secretário de Estado adjunto da Justiça, Conde Rodrigues, justifica esta medida com o «princípio da uniformização da protecção à doença». Mas olho para o lado e o que é que vejo? Que os SSMJ afinal não vão ser extintos! É que o governo decide, ainda assim, manter os privilégios a alguns funcionários públicos do ministério da justiça: guardas prisionais, investigação criminal da PJ, técnico-profissionais do Instituto de Reinserção Profissional, etc. Afinal em que é que ficamos ??

segunda-feira, setembro 26, 2005

Vencer não é tudo

O Sporting fez ontem uma daquelas exibições de encher o olho, mas à equipa adversária! Uma jogatana inclassificável (quer dizer, aquela exibição até tem um nome, mas é escusado dizê-lo, não é?).
Sobejou apenas mais uma eloquente afirmação do que significa ser «lagarto»: apesar de o sporting ter triunfado por 1-0, e com isso ter ficado isolado no 2º lugar e a apenas 1 ponto do F.C.Porto, a lagartagem ainda assim brindou a sua equipa e o seu treinador com uma daquelas assobiadelas dignas dos melhores anais.
Não basta vencer, é preciso vencer bem!

domingo, setembro 25, 2005

Mais blogs

Mais links aí em baixo e à esquerda: Milton Ribeiro, Diário da República e Esplanar.

sábado, setembro 24, 2005

For Good Fortune

FOR GOOD FORTUNE
ZHANG YONG

sexta-feira, setembro 23, 2005

«A bagunça é total! Tchau!»

António Risco, brasileiro, com a crónica inscrita no seu DNA, despede-se hoje no DN. A ler sem falta (e sem link). Aqui vai um pedaço:
«Sei que desde o início, quando estas páginas começaram, vocês estavam esperando meu juízo sobre a chamada crise brasileira, mensalão, Lula e toda essa esculhambação geral. Afinal de contas, eu estou lá! Deveria ajuizar melhor que vocês. Vendo bem, sou um articulista da matéria.
Pois, então, lhes digo com todo meu saber: não tem crise! Não tem. Só tem crise se alguma vez tivesse havido situação normal. Mas ela nunca existiu no Brasil. Normal é crise, por isso crise não é crise. Entendeu?
Matéria de político roubando, então, nunca deixou de ser coisa existente. Até me lembro sempre de Delfim Neto, o ministro da Fazenda (as Finanças de aí), dizendo: no Brasil, toda a figura pública é chamada de veado (o paneleiro), de sapatão (a fufa) ou de ladrão. Ao que Delfim Neto pedia: espero que me chamem de ladrão!
O ministro da Fazenda!!!»

António Risco, «A bagunça é total! Tchau!». DNA / 23 de Setembro de 2005

Vergonha II

Quanto ao outro lado da questão, tiro à justiça o seu J maiúsculo.
Não o merece!
Premiou a fuga, o gozo, o crime. Tudo sacrifica no altar dos formalismos: mata com isso a boa pedagogia, o melhor exemplo, a necessária inteligibilidade. É toda ela cheia de cortesias formais para quem tem o poder de a explorar nas suas inúmeras debilidades. Os seus juízes são sacerdotes escondidos por baixo dos seus rituais, num culto infértil à filigrana dos códigos, ao bilro dos articulados e numa dedicação oportuna ao pior reaccionarismo interpretativo.
Palavras, artigos, opinião, posts, links, tudo isso para quê??
Esta é mais uma daquelas decisões que valem mais de 1000 palavras.

Arrastão do Katrina

Antes que chegue o Rita, urge perguntar: a diferença entre os 10.000 mortos previamente anunciados e repetidos à exaustão, e os 1.000 contabilizados, será apenas de um 0?

Epígrafe VI

No meu país o povo já está completamente esclarecido: todos os políticos são corruptos! O povo, esse, é humilde, trabalhador, vítima sofrida, e grande amante da democracia.

quinta-feira, setembro 22, 2005

Vergonha I

…revolta, repugnância, asco e vergonha!! Cuspo e vomito!
Tenho, como se vê, dificuldade em exprimir o que seja, quando estou tomado de assalto!
A chegada triunfante da “senhora” de Felgueiras, porque paradigma do nosso Portugal, deixa-me neste estado! Sobre esta criatura recuso-me por isso a tecer mais considerações: ouvi-la e atender ao seu estilo é já bastante. Idem para os homenzitos de Oeiras, Gondomar, Marco de Canavezes…e outras quintas, com os seus tomatitos secos e carcomidos! Usurpadores da democracia, cúmplices de muito povo. Se não soubesse que em outro regime político teriam ainda mais sucesso, agora desejava-lhes mais 48 anos dele!

Epígrafe V

Portugal é já um país de elevado índice tecnológico. É por isso que a própria expressão «Ponham-lhes uma enxada nas mãos!» já caiu em desuso e está hoje até muito mal vista!

Rua da Judiaria

Da Rua da Judiaria:

“Não faças chorar uma mulher, pois Deus conta todas as suas lágrimas. A mulher fez-se da costela do homem, não dos pés para ser espezinhada, nem da cabeça para ser superior, mas sim do lado para ser igual, (…) debaixo do braço para ser protegida e perto do coração para ser amada.”

Talmude (tratado Kiddushin), Eretz Israel, século I EC

quarta-feira, setembro 21, 2005

Obrigado leitores

É com denotado prazer que venho notando o aumento exponencial de comentários neste meu blog.
Afinal ninguém escreve para a gaveta, e muito menos quem se mete nestas esferas!
Faz bem ao nosso ego lermos palavras como estas: «I really love your blog!
It's intelligent, sometimes funny and refreshingly honest. Keep Up The Good Work!»
Já agora agradeço também a todos os outros que amavelmente persistem ainda na vertente epistolar: PT, TMN, EDP, ONI, TV Cabo, Águas de Cascais.... desculpem se esqueci alguém!
Many Thanks. Mandem sempre.

terça-feira, setembro 20, 2005

Normalizar

O candidato do PS à Câmara do Porto, Francisco Assis, prometeu hoje: "Se for eleito, nesse mesmo momento estarão normalizadas as relações entre a Câmara do Porto e o FC Porto".
Alguém me ajuda a entender o alcance desta afirmação?

segunda-feira, setembro 19, 2005

GALP e Tribunal de Contas

Este governo…! E é mesmo disto que o povinho precisa para justificar o seu sobredimensionado umbigo e o patriotismo domingueiro e tetra-pack. Este governo dá sem esforço aos indígenas deste rectângulo todas as razões e mais algumas para estes tudo contestarem. Mais uma vez na berlinda a GALP e agora também o Tribunal de Contas. Não há limites para a falta de vergonha, desfaçatez e abuso. Ponto final!
E se ainda fôssemos feitos daquela matéria arcaica e rural de alguns dos «antigos», agora não hesitávamos e chamávamos a falta de carácter pelos nomes: Guilherme de Oliveira Martins e António Vitorino.

sexta-feira, setembro 16, 2005

Wedding Chamber














Zhang Yong

quinta-feira, setembro 15, 2005

Câmara Corporativa

Sou de facto um pouco distraído com isto da blogosfera. É o que dá buscar pouco com os motores. Falta de pesquisa, enfim! Dá então nestas de descobrir a pólvora. E logo esta que é da enriquecida: chama-se Câmara Corporativa, e é um daqueles blogs de cabeceira.

Uma questão de perfil

Um perfil em Portugal tem muito que se lhe diga!
Marques Mendes já tinha dito que Soares não tem perfil para PR e este agora devolve e afirma que Cavaco Silva idem. Sei bem o que isso custa. Também a mim já uma vez me disseram, bem de frente olhos nos olhos, que não tinha perfil. Lembro-me de na altura retorquir qualquer coisa sobre concursos públicos, legalidade, avaliação, mérito, amigalhaços, paraquedismo, etc.
Estava mesmo a pedi-las: o concurso lá acabou por ser aberto, mas o meu perfil afinal também não encaixava no formato desenhado e muito menos constava nas carências do país!

terça-feira, setembro 13, 2005

O nim de Manuel Alegre

Manuel Alegre é por vezes de leitura difícil e dúbia. Agora insurge-se porque o tiraram das sondagens: "Não sei por que é que me tiraram das sondagens. Estou na mesma situação que Cavaco Silva”, afirmou ao CM. Aqui. Mas a diferença não é de pormenor: é que Cavaco ainda não disse que não, e Alegre já. Contrariado, é certo, mas já disse que não se candidatava.
Ou será que não… quer dizer, que sim…?! …não???...s…???

segunda-feira, setembro 12, 2005

Desafio aos leitores

=================================================
«Lanço aqui um desafio, que peço a outros blogues a gentileza de divulgar se assim entenderem: num discurso recente, Manuel Alegre fez algumas alusões à transformação do regime em função da suposta adulteração dos mecanismos de transmissão do poder. Regime democrático ou dinástico?
O desafio que proponho aos leitores consiste em identificar os casos de laços de parentesco na política. Por exemplo, um líder de uma distrital cujo filho seja deputado. Um governador civil cujo filho faça parte dos órgãos de um partido. Um presidente da câmara cuja mulher seja ministra. E assim sucessivamente.
Os dados deverão ser enviados para o email: paulogorjao@gmail.com.
Daqui a oito dias tornarei pública uma primeira listagem. »

=================================================

Tarefa de mérito e bem adequada aos tempos e ao país, aquela que o Bloguitica aqui propõe. Sou de opinião que este fenómeno é aliás parte de um outro mais vasto ainda e que não se reduz apenas aos laços familiares: o amiguismo! Este é o fio que tudo tece em Portugal. Não se resignando a manter-se na coutada das relações pessoais e intimas de cada um, o fenómeno, assente numa cultura matricial mediterrânica de compadrio, extravasou todas as esferas deste país: social, profissional, política...! Mas este não é um assunto entre «bons» e «maus». A sua pujança e fertilidade deriva da sua ancestralidade e universalidade. Para ser mais preciso e mais prático, não deve haver português imune ao fenómeno. Só um grande esforço e treino de carácter permite a cada um, day by day by day by day by day..., escapar a este vírus. Em Portugal todos acham que dar um «jeitinho» a um amigo, ou pedi-lo para nós próprios, é coisa não só inofensiva como meritória. Quem já não o fez pelo menos uma vez que levante o dedo! Temos pois o tal problema magistralmente sintetizado porMillôr Fernandes: «a corrupção começa no cafezinho».
O Bloguitica que conte comigo!

sexta-feira, setembro 09, 2005

Chinese Block Printing














Robert Thom

Yes Minister

É anunciado com pompa e circunstância, e direito a replay, o inglês no 1º ciclo do ensino. Quem conhece os resultados dos últimos 30 anos do ensino de inglês nas nossas escolas, sabe infelizmente o que esperar disto tudo. Ou no mínimo desconfia. Nem vale a pena discutir a importância do ensino de inglês, tal é a unanimidade que colhe; e muito menos a necessidade de as crianças entrarem em contacto com esta língua franca desde cedo. A questão é que o ensino de inglês nas escolas públicas (e em grande parte das privadas) nunca conseguiu pôr ninguém a falar fluentemente o inglês (e já nem digo escrever). É um fracasso rotundo de décadas! Quem teve de frequentar os institutos de línguas (ingleses e americanos), ou aí matricular os seus filhos, conhece bem a diferença abissal nos métodos de ensino aí utilizados, e mais importante ainda, os seus resultados. A questão é pois a de se saber como é que tão mau património nos outros graus de ensino, pode agora de repente, com uma varinha de condão, ser recuperado e colocar as nossas crianças à saída do 1º ciclo a entender o inglês. Temo que esta venha a ser mais uma experiência consumidora de recursos do país e dos pais, e ainda do tempo das crianças. As minhas filhas frequentam uma escola privada, daquelas de reputação indiscutível. Uma delas frequentará agora o 4º ano, tendo tido inglês desde o 1º (e anteriormente na creche!). Posso dizer que a única coisa que até agora ganhou com a experiência foi uma enorme frustração e certa dose de resistência à língua. Soube entretanto que os outros papás, face aos resultados experimentados, estão a inscrever os seus filhos no Kids Club ou no Cambridge School, no ano que antecede a entrada no 2º ciclo. Há sempre maneiras de cumprir os elevados desígnios nacionais. Pelo menos para quem pode!

quarta-feira, setembro 07, 2005

Fábio Rochemback

Fábio Rochemback foi-se embora. É o futebol! Este era um daqueles jogadores, que só existem para românticos como eu, que acham que há mais vida para além dos resultados. Com Rochemback voltei algumas vezes consolado para casa, com uma derrota do Sporting (ou um empate com o mesmo travo), e ainda assim um sorriso nos lábios! Fábio era o responsável. Nisto do futebol, como em algumas outras coisas da vida, a imparcialidade é impossível, e ainda bem, pois também não serve para nada! A verdade é que Fábio encaixava no meu cromo da bola: força, determinação, disponibilidade física e coragem; técnica apurada; leitura e inteligência no jogo; e sobretudo, um raio de acção naquele rectângulo verde, que o faziam capaz de saltar por cima de todas as tácticas e esquemas dos treinadores alheios (e até do seu próprio!). A mim não me convencem artistas de cometa, tipo aparece-quando-lhe-apetece. Nem os apelidados grandes jogadores, só(?) porque marcam golos. Rochemback encarnava o meu animal preferido: um lobo. O seu espaço naquele rectângulo verde era todo ele por inteiro: onde muitos outros se contentavam com apenas pequenas parcelas, vértices, corredores, losangos, pedaços de 4-3-3, 4-4-2, etc., ele ocupava e marcava tudo com sentido territorial. Num ápice tanto estava à entrada da sua área a defender, como subia por ali acima, em movimento imponderável, a oferecer com precisão teleguiada o jogo, a amedrontar adversários, e finalmente a disparar autênticos mísseis à baliza contrária. Gaúcho, do Rio Grande do Sul, Rochemback era um animal, feito de solidez, empenhamento e resolução.
Obrigado Fábio Rochemback.

terça-feira, setembro 06, 2005

Paixões IV

"Fora do carro, você está preparado para fazer todas as concessões em nome da cortesia e da boa convivência. Você é respeitoso, pacífico, solícito – enfim, um pedestre. Mas entre no seu carro e veja o que acontece. A civilização desaparece, a besta toma conta. Alguns racionalizam esta transformação e explicam que só agem assim em legítima defesa. Precisam se defender de palermas que querem deter a sua marcha e só estão esperando uma oportunidade para arranhar seu pára-lama e roubar sua vaga. Ou seja, todos os outros motoristas. O inimigo.

Não é por nada que Sigmund Freud nunca quis ter automóvel. Sabia de todas as sua conotações simbólicas. Preferia uma charrete. Que, curiosamente, ele chamava de «mamãe»."

Luís Fernando Veríssimo, «O Melhor das Comédias da Vida Privada».

segunda-feira, setembro 05, 2005

O quadrado de Manuel Alegre

Foram-se as férias, voltou o Insustentável pelo menos nos moldes mais quotidianos.
Trago entretanto destas férias e debaixo da língua o já célebre “quadrado” do Manuel Alegre, que confesso tem um travo ainda mais amargo que o inicialmente descrito pelo próprio. Aquela declaração de descandidatura, de efeito verbal e matriz quase poética, não terminou como começou: aquilo foi uma estocada patética! Aqueles que, no mínimo, sempre reconheceram a Manuel Alegre a sua independência, liberdade opinativa e não alinhamento, só se podem ter contorcido de dor. Fez dó ouvir Manuel Alegre justificar porque não se candidata! Ficou claro como água (menos para o próprio, naturalmente) a razão porque o país está como Alegre diz que está. É exactamente pelas nossas atitudes de nobreza para com os “amigos”, pelas nossas fidelidades caninas. Agora só falta, e caso a campanha presidencial se venha a encarniçar o suficiente, assistirmos ao abraço fraternal de Alegre a Soares, e tudo em nome de Portugal.
Afinal Manuel Alegre está como está, e onde sempre quis e merece estar: no seu quadrado!
Entretanto, nós aqui, no nosso rectângulo, também cá continuamos mais a nossa passividade e desistência, e com tudo o que afinal merecemos!