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quinta-feira, junho 29, 2006

Rubem Fonseca com má impressão


Para os que gostam da nossa língua, aguardava-se com impaciência pela edição nacional do último livro de Rubem Fonseca, publicado no Brasil há quase um ano atrás. Finalmente, este mês chegava a referida edição pela Campo de Letras.
Corri e esfolheei: quase caí! Péssima edição do ponto de vista de impressão: mudaram para papel branco e, para piorar a coisa, até parece que faltou a tinta à máquina. É de má qualidade, e até nos fica a impressão de se ter tratado de alguma falha. Coisa que uma singela explicação não corrigiria mas que ficaria bem.
Não valeu pois a espera. Volta a merecer a opção pela edição tropical da Companhia das Letras.

Desafio

Quem é que ganha: A «basculação» nos jornais desportivos ou o «palimpsesto» no JL e Mil Folhas?

quarta-feira, junho 28, 2006

Voltem sempre!!!








terça-feira, junho 27, 2006

O mendigo Sexta-Feira jogando no Mundial

"(...) O que me inveja não são esses jovens, esses fintabolistas, todos cheios de vigor. O que eu invejo, doutor, é quando o jogador cai no chão e se enrola e rebola a exibir bem alto as suas queixas. A dor dele faz parar o mundo. Um mundo cheio de dores verdadeiras pára perante a dor falsa de um futebolista. As minhas mágoas que são tantas e tão verdadeiras e nenhum árbitro manda parar a vida para me antender, reboladinho que estou por dentro, rasteirado que fui pelos outros. Se a vida fosse um relvado, quantos penalties eu já tinha marcado contra o destino? (...)"

Mia Couto, "O fio das Missangas"

segunda-feira, junho 26, 2006

Pouca conversa e mais sumo!

sábado, junho 24, 2006

Sporting pleno

Às vezes os desejos cumprem-se. Lembram-se? Pois bem, o Sporting acaba hoje de se sagrar Campeão Nacional de Juniores, com uma vitória por 2-0 sobre o Boavista, e assim, numa mesma época, fazer o pleno das camadas jovens: Campeão Nacional de Iniciados 2006, Campeão Nacional de Juvenis 2006 e Campeão Nacional de Juniores 2006. Esta é sem dúvida a faixa que mais bem fica ao melhor clube europeu (a par com o Ajax, da Holanda) ao nível da formação no futebol europeu. De facto, não vale sequer a pena a comparação da actividade do Sporting a nível nacional, tal é a distância que o separa, neste contexto, de outros grandes emblemas como o Benfica ou o F.C. Porto.
E, com mais outra cerejinha no mesmo dia: depois de ter conquistado a Taça de Portugal em Futsal, também o Campeonato Nacional, com uma vitória sobre o eterno rival por 5-4.

quarta-feira, junho 21, 2006

Os donos da bola

Há pouco ouvi (Antena 1?) o Francisco José Viegas do Origem das Espécies, a estranhar o facto de os jogadores da selecção, já depois de mais uma vitória (sobre o México) continuarem a queixar-se dos críticos. Dizia FJV que vivemos numa democracia e que por isso os jogadores têm de se habituar a ouvir críticas, porque aquilo que os críticos querem é que Portugal ganhe e jogue bem.
Bom, à parte essa misturada da democracia com o futebol, que continuo sinceramente sem perceber muito bem porquê, urge então já agora perguntar se, não podem igualmente os jogadores exprimirem-se sempre que lhes apeteça contra esses críticos. E se a isso juntarmos a vontade que possivelmente os jogadores têm que Portugal ganhe sempre e jogue bem, … bem, então estamos conversados. A questão parece lapidar, de tão simplória que é, mas convém recordá-la sempre. Não vá dar-se o caso de uns quantos, à boleia da opinião pública que dizem representar, confundirem a democracia com a sua actividade opinativa.
Mas o que me traz aqui é sobretudo essa bondade do FJV, em considerar tão bem todos os críticos. Hoje o Rui Santos, jornalista e crítico da bola, traz simplesmente esta peça , imbecil e assassina, a propósito de Scolari. Quem puder leia (é curtinha) e diga a que é que isto vem a propósito, e exactamente na altura em que uma equipa está em plena campanha de um mundial de futebol e em retiro competitivo.
É por estas e muitas outras, que cada vez sou mais pró-sargentão! E mais anti-crítico da bola.
E viva Scolari. E já agora, viva também a democracia, que continuo sem saber ao que vem para aqui chamada!

terça-feira, junho 20, 2006

Exames??

É uma ternura ouvirmos os nossos estudantes, a seguir ao exame de língua portuguesa, confessarem sem vergonha e com felicidade bovina estampada no rosto, que não tinham feito – por exemplo - a leitura obrigatória do Memorial de Convento. Tinham-se ficado apenas por uns resumos, explicavam felizes. Em várias interpelações das televisões à saída dos exames, não me lembro de ter ouvido um estudante sequer que tivesse feito todas as leituras obrigatórias.
Duplamente preocupante, para além da preguiça, do laxismo, do chico-espertismo, e da óbvia sanção social que existe à esperteza saloia, é igualmente o facto de todos terem achado o exame bastante «fácil» e «acessível».
Mas pior ainda, é o sistema não os ter simplesmente impedido de irem a exame.

segunda-feira, junho 19, 2006

VPV na 2!

Já me tinha esquecido que Vasco Pulido Valente, só mesmo preto no branco. Aguentei 7 minutos!

domingo, junho 18, 2006

Canarinhos!

Caramba, vocês sabem que até nem estou à espera de um grande Brasil. Mas 2 jogos seguidos também é para desconfiar! Eles jogam mesmo assim tão mal ou estão só armados em Grécia??

sábado, junho 17, 2006

menos e mais links

Hoje foi dia de limpeza. Foram retirados alguns links de uns quantos blogues que já tresandavam de tão mortos que estavam. Se ressuscitarem, cá estarei para novamente lhes colher o link. Aproveitei igualmente o incremento de espaço originado pela limpeza e acrescentei mais alguns:
Literatura e Arte, Simbologia e Alquimia, Música nas Esferas, Paulinho Assunção, Portugal dos Pequeninos e Rui Tavares.
Fica já também já agora o agradecimento especialíssimo à Marta desse Astro Que Flameja.

sexta-feira, junho 16, 2006

Entre os melhores

Pois é, já cá cantam mais 2. Falo de títulos. O Sporting sagrou-se mais uma vez campeão nacional de futebol nas categorias de Iniciados e de Juvenis. Ter-se sagrado campeão nesta última com uma vitória por 0 – 6 sobre o Benfica, foi apenas a cereja.
O campeonato dos Juniores ainda decorre (faltarão apenas 2 jornadas), mas a lagartagem também aí está bem colocada, pois partilha neste momento o 1º lugar com o Boavista. Que bom que era fazer o pleno dos campeonatos das camadas mais jovens!
Neste rectângulo onde pouco se investe a longo prazo, deixem encher-me de vaidade clubística e saudar o clube que «deu» Paulo Futre, Luís Figo, Ricardo Quaresma, Cristiano Ronaldo, Simão Sabrosa, Hugo Viana, Luís Boa Morte, etc.
Caso ímpar, não há dúvida, mesmo entre os melhores clubes formadores do mundo.
E o resto é conversa!

1 ano

Faz hoje um ano o insustentável começava assim:

quarta-feira, junho 14, 2006

Paga!

Depois do projecto da Auto Europa, Refinaria de Sines, e de muitos outros casos, prossegue a chantagem de empresas e grupos económicos junto do governo português. Para tal bastou que o governo tivesse feito alarde (leia-se propaganda) de tudo o que era a conquista de postos de trabalho, e instalação de novas empresas, para que o mundo empresarial percebesse a situação de fraqueza negocial em que o governo se tinha colocado. Agora todos os dias, empresas instaladas há longos anos em Portugal, ameaçam com a deslocalização. A chantagem é simples: ou o governo português nos paga, e bem, para cá continuarmos, ou vamo-nos embora!
Por isso, por mais que agora o ministro diga que está a negociar, a realidade é bem simples: está simplesmente a pagar a peso de ouro cada posto de trabalho que se mantenha no país. Neste momento é a Opel. Aprendeu com a Auto Europa e percebeu que vale a pena encostar à parede um governo que estupidamente teima em governar nas parangonas dos jornais e telejornais, quando até tinha todas as condições para não o fazer. Há-de porém chegar o momento de se saber a quanto é que fica ao país cada posto de trabalho com esta metodologia conquistado. Não tarda, ficará mais barato empregar essas pessoas na tal administração pública, bandeira negra do governo, mesmo que façam apenas 50% daquilo que recebem.
É que nisto manda quem pode. Um país com tão pouco para oferecer em matéria de factores produtivos, e que está numa situação de menoridade face a outros mercados, nunca se deveria ter lançado em tal empresa propagandística à volta da conquista do emprego. Entre os países que têm de pagar para ter qualquer empresa interessante instalada no seu solo, e aqueles que se fazem pagar por tal (como por exemplo a China), Portugal está obviamente no 1º grupo e numa situação muito pouco favorável. Era por isso assunto para muito maior recato. Coisa que, está-se a ver, não houve. Agora, se o governo não quiser ver em 1ª página (mesmo que em manchetes mais reduzidas) que acaba de atirar para o desemprego mais de 2000 trabalhadores de uma só vez, e um projecto empresarial com anos e anos de Portugal, vai ter de dar o que a Opel muito bem entender. Não tem escapatória! Alguém dizia que os deficits não são todos iguais: há-os bons e maus.
Alguém está a fazer contas? € 500 por automóvel é bom?

segunda-feira, junho 12, 2006

Búzio

sei que nunca viste o oceano,
que nunca olhaste a onda sobre a onda,
que nunca fizeste castelos para o mar ser forte.
mas sei que já viste o coração das coisas,
que já tocaste a ferida nos nossos braços,
que já escreveste para sempre o nome da terra.
por isso te digo que vou levar-te o mar
na concha das minhas mãos, azulíssimo,
para que nele descubras o meu nome
entre os seixos os búzios os rostos que já tive.

Vasco Gato

sexta-feira, junho 09, 2006

Virtuosismo, colectivismo e atitude mental

Hoje começa o campeonato de mundo de futebol 2006. Como amante de futebol, embora não alinhado com os excessos habituais dessa paixão, deixo aqui as minhas expectativas.
Sobre a nossa selecção, e como é da praxe, tudo é possível: do melhor ao pior.
Não considero no entanto que possamos ser campeões do mundo, e muito menos que nos possamos incluir no lote dos favoritos. Quem o diz é a nossa própria história: nunca ganhamos, nem sequer nunca chegamos à final (estou apenas a falar de campeonatos do mundo que é coisa diferente de campeonatos da Europa).
Dizer que somos do lote dos favoritos porque temos Figo, Deco, Cristiano Ronaldo, etc., é esquecer que o futebol não é só isso. Se fosse, então podiam fazer já uma final Brasil – Portugal. Mas não. O futebol são mais outras 2 partes: colectivismo e atitude mental. E é sempre isto que nos falta quando falhamos. Concedo no entanto que nunca como desta vez parecemos estar tão perto de ter mais que apenas uma terça parte, a do virtuosismo. E o responsável por isso tem apenas um nome: Filipe Scolari! É ele que prefere prescindir aqui e ali de um ou outro virtuoso (Baía antes, Quaresma agora) e em seu lugar ganhar autoridade, e um grupo bem mais coeso e disciplinado. Os únicos pontos de interrogação neste momento, e que poderão influenciar muito a prestação da equipa, são apenas 3:
# como se vai apresentar Costinha;
# se Deco vai ter tempo de crescer fisicamente com o desenrolar da prova;
# como se vai comportar disciplinarmente Cristiano Ronaldo.
São, quanto a mim, os únicos 3 imponderáveis (lesões graves que possam surgir a seguir, obviamente não contam para esta análise).
Naturalmente se estes 3 rapazes se apresentassem no seu melhor, quase apostaria nas……. meias-finais (entre os 4 primeiros).
O resto da equipa parece estar muito bem, sobretudo Petit, Ricardo Carvalho, Figo e Pauleta.
Sobre outras selecções, prevejo algumas surpresas, com algumas selecções mais fortes a não corresponderem. Sendo o futebol a caixinha de surpresas que sempre é, vamos ver se a selecção do Brasil não terá estrelas a mais e operários a menos. No futebol como lá no emprego, é preciso pelo menos que 2 ou 3 trabalhem!!
Surpresas pela positiva, a chegarem-se bem à frente, talvez a República Checa: estes costumam ter o tal colectivismo e atitude mental (embora com um tudo nada de frieza a mais, e paixão a menos). E já agora a Holanda.
E pronto. Já fiz também o meu papel de treinador de bancada.
Venha a bola!

terça-feira, junho 06, 2006

Melancolia

Os papéis falam uns com os outros
Sobre esta mesa onde a sombra cai

A lâmpada esquecida tem remorsos
Da luz que antes lhe deu que se esvai.

Nas paredes que antes quadros coloriram
Sobre papel sedoso de ramagens

Ecoam dias em que vozes riram
Jarras de cristal com flores selvagens.

Já partidos os vidros nas janelas
A glicínia sobre os muros sinuosa

Conforme o sol ondula se reclina
Ervas crescem no jardim por elas

Pois já nenhuma mão colhe sua rosa.
Tudo se abandona a ser em ruína.

Bernardo Pinto de Almeida

segunda-feira, junho 05, 2006

Amigos amigos, negócios com arte!

É assim o nosso pequeno país. Todos muito amigos uns dos outros. No Esplanar.

sexta-feira, junho 02, 2006

Dias assim

A propósito disto no Origem das Espécies, proponho o Dia Nacional Sem Dia Nacional.
Antes que seja tarde!

Aprendizagens

Ao contrário de sindicatos e outros grupos quejandos que são lobby permanente do Velho do Restelo neste país, a mim não me choca nada saber que uma grande fatia dos professores em Portugal pura e simplesmente devia mudar de ramo. Sei muito bem a incompetência que grassa entre essa classe, e sobretudo o seu enorme desfasamento a nível de atitude, empenho, dedicação, competência técnica e sobretudo solidez cultural, para aquilo que o país precisa.
Mas sei também que a classe dos professores não tem nenhum desses exclusivos. Estas são características de todas as classes profissionais em Portugal, sem excepção. A começar pela dos funcionários públicos à qual pertenço. É nosso património.
Não fosse assim, e não seríamos a cauda da Europa.
E também não fico nada incomodado, antes pelo contrário, por um ministro dizer o que tem a dizer e sem sofismas, não lhe achando impedimento algum só porque é ministro e o responsável respectivo da área.
O que me incomoda, isso sim, é que este tipo de crítica, injusta apenas na medida em que generaliza e cobre com o mesmo manto os que são bons, pode ser feita por muita gente mas nunca por aqueles que são exactamente os principais responsáveis por essa situação, isto é, o próprio ME, e sobretudo, os sucessivos dirigentes e criadores daquela máquina infernal.
É que foi exactamente a Srª ministra, e todos os seus anteriores colegas na pasta (independentemente do partido a que dizem pertencer), e ainda as respectivas nomenclaturas do «eduquês» que todos têm ajudado a instalar e medrar nos corredores do poder, que tornaram naquilo que hoje a Escola é, e de que os professores são afinal um seu destilado produto. Acusar as escolas de servirem apenas fins burocráticos, é de bradar aos céus, quando a acusação vem exactamente do antro dessa mesma burocracia, onde só nidificam cucos, e que inunda em todos os ciclos eleitorais o sistema educativo com dezenas de Decretos, Portarias, Despachos, Regulamentos, interpretações, omissões, etc.
Mas será porventura necessário enfatizar ainda mais como o comportamento dos professores é o retrato exacto dos nossos políticos.
Veja-se, a Srª ministra deu como exemplo o facto de as melhores turmas serem para os filhos dos funcionários da própria escola.
Ora, mas se assim é (e de facto é, e nem é o pior de tudo) está então tudo bem!
A Srª ministra (e todos os outros ministros, secretários de estado, directores gerais, directores de serviço, de todos os governos, de todos os tempos...) também gere da mesma maneira o SEU ministério, encharcando-o com os seus parceiros de partido, amigos de toda a vida e conhecidos destas vidas. Os professores apenas tratam os SEUS alunos, da mesma maneira que os ministros tratam os SEUS cidadãos.

quinta-feira, junho 01, 2006

Manoel de Barros

Deus disse: Vou ajeitar a você um dom:
Vou pertencer você para uma árvore.
E pertenceu-me.
Escuto o perfume dos rios.
Sei que a voz das águas tem sotaque azul.
Sei botar cílio nos silêncios.
Para encontrar o azul eu uso pássaros.
Só não desejo cair em sensatez.
Não quero a boa razão das coisas.
Quero o feitiço das palavras.

Manoel de Barros