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domingo, julho 31, 2005

MICRO-CAUSAS

Adiro desde já ao repto lançado pelo Pacheco Pereira, no Abrupto:
PODE O GOVERNO SFF COLOCAR EM LINHA OS ESTUDOS SOBRE O AEROPORTO DA OTA PARA QUE NA SOCIEDADE PORTUGUESA SE VALORIZE MAIS A “BUSCA DE SOLUÇÕES” EM DETRIMENTO DA “ESPECULAÇÃO”?

sábado, julho 30, 2005

Landscape















Li Xingjian

sexta-feira, julho 29, 2005

Portugal Sim. OTA & TGV Não

Portugal Sim. OTA & TGV Não é nome de blog. Já existe, a quem desde já agradeço o contacto. Aproveito e aconselho a visita a todos os que ainda não desistiram e teimam. Visitem-no aqui. Não é tempo deitado fora.

Por um blog da OTA e do TGV!

Porque não lançar desde já 1 blog, com 2 áreas diferenciadas, sobre os projectos do TGV e da OTA?
Esse blog destinar-se-ia a contribuir para o debate, mas sobretudo para servir de repositório a documentação (estudos, pareceres, artigos de opinião, etc.) e/ou links respectivos, de modo a acompanhar a evolução da «coisa» (que outro nome chamar??), e a assinalar as responsabilidades de cada agente político nestes gigantismos que se avizinham. Num país de memória curta, e com uma parte da classe política que conta com isso mesmo (denegrindo a restante), este seria um contributo para fixar essa mesma memória.
Desde já me disponibilizo para colaborar!

Petição da OTA e TGV

Finalmente uma petição que assinarei sem hesitar!
Ela está disponível aqui.
Assinarei esta petição por 3 ordens de razões:
1) Porque o governo decidiu avançar para um investimento astronómico, com base no mesmo método com que todos os governos, de vários quadrantes políticos, têm procedido à edificação de elefantes brancos: sem estudos e contas claras (com o nome dos seus autores); sem as razões de quem os subscreve (seus nomes) e seus compromissos para a sua execução; sem debate.
2) Porque parto do princípio que a situação económica e orçamental é deveras grave, e que a inércia própria do sistema leva a que essa mesma situação, no limite, não melhore nada, mesmo quando os governos fazem grandes restrições;
3) Porque me parece que esta será a última oportunidade dada a um governo de maioria absoluta, onde apesar de tudo se nota uma teimosia em corrigir algumas situações graves, sendo por isso de gritos que este mesmo governo venha a hipotecar irremediavelmente a sua credibilidade (e de qualquer futura governação) com um disparate galáxico e de características terceiro-mundistas. Quem é que põe o dedo no ar para se responsabilizar pelos estádios do Euro? José Lello?? Bom mas esse já aí anda, mais uma vez, a defender a OTA e o TGV!

Futurologia I

Mário Soares ganha a Presidência da República, mais uma vez após umas disputadíssimas eleições.
O PS rejubila mas as contas públicas continuam a ser um perigoso cutelo por cima do governo: denunciam alguma recuperação, mas simultaneamente apresentam sinais de que esta recuperação é mais de tipo conjuntural que estrutural, e sobretudo que não será suficiente para cumprir o compromisso com os portugueses e com Bruxelas; SCUT’s, SNS, OTA e TGV voltam a estar sob linha de fogo. O governo hesita: voltar atrás nestas áreas seria um duro golpe na sua credibilidade, numa altura em que as sondagens dão uma descida sustentada do PS nas sondagens.
Galgando a maré das sondagens, as da política e as da publicidade, a comunicação social muda de trincheira, e assume o papel da oposição.
Por outro lado, Mário Soares, com apenas um mandato em perspectiva, não terá de fazer concessões a ninguém. A única concessão será a si próprio e ao seu lugar na História: nunca quererá sair para sempre da vida política (contará a meio do mandato deste governo com mais de 80 anos de idade) como apoiante de um dos governos que desde o 25 de Abril mais apertou o cinto, mais sacrifícios impôs aos portugueses, e por isso seguramente um dos mais impopulares. A perspectiva que se coloca a Soares em sacrificar o próprio governo do seu partido, será então demasiado tentadora: Mário Soares poderá sair definitivamente de cena como o Presidente de Todos os Portugueses!

quinta-feira, julho 28, 2005

Gávea

Agora no verão dá mais gosto navegar na blogosfera. O mar está mais calmo, talvez porque as férias levaram para outros lugares os bloguistas viciados. Que assim postam menos.
Desaparece aquela vertigem de querer acompanhar todos os blogs preferidos, e que é provocada pela falta de tempo.
Aproveito até para ler o Gávea, que se verifica que é intemporal.
Agradeço ao Gávea e como retribuição roubo-lhe esta, que não vem a propósito de férias e de turismo sexual:

«Ilha de Itaparica, alvas areias,
Alegres praias, frescas, deleitosas;
Ricos polvos, lagostas deliciosas,
Farta de putas, rica de baleias.

As putas tais, ou quais não são más preias,
Pícaras,ledas, brandas, carinhosas,
Para o jantar as carnes saborosas,
O pescado excelente para as ceias.[…]»

Gregório de Mattos ou o turismo em Itaparica nos séculos de ouro.

quarta-feira, julho 27, 2005

In Water, The Wind


















Li Shuang

terça-feira, julho 26, 2005

O Super Ministro

Num ápice tudo se clarificou. Porque salta da cartola Mário Soares? Porque ganha a sua candidatura tantos, repentinos, e supostos apoios??
A resposta estará porventura na precocidade com que este governo começou a derrapar: medicamentos; férias judiciais; subsistemas de saúde; OTA; TGV; Freitas do Amaral; Campos e Cunha. É demasiado em tão pouco tempo.
O caso será grave exactamente porque é cedo demais, e sobretudo porque não se trata de um governo qualquer: este é um governo com maioria absoluta, que conta com o apoio destravado da comunicação social e comentaristas de serviço, desenvergonhado do Presidente da República, indisfarçado do Governador do Banco de Portugal e senatorialmente distante de Cavaco Silva. Terá porventura começado a ficar demasiado evidente para alguns, que a chamada última grande oportunidade para o país, poderá afinal vir a ser desbaratada e que este governo, por este caminho, não durará mais do que 2 ou 3 anos.
Por outro lado, até a comunicação social começa a hesitar em saber se há-de interromper desde já o apoio patriótico que tem dado ao governo, e passar a assumir um outro tipo de protagonismo militante, como fez antes com Santana Lopes. O desgaste parece pois acontecer e mais cedo que o previsto!
E é assim, que de repente, se tornam tão urgentes os alinhamentos para a grelha de partida das presidenciais.
É que depois de Sampaio, já se sabe, mais nenhum Presidente da República será como dantes. Desde então, uma nova cultura política e institucional, tanto mais legal quanto de contornos golpistas, emergiu em pleno regime democrático, na vacuidade e displicência da Lei: Governo aflito a meio de mandato, pode ser meio caminho para a rua.
Só que a questão não é no entanto de aritmética líquida; isto é, Mário Soares poderá não ser necessariamente o seguro de Sócrates; será sim o verdadeiro Super Ministro, que opinará onde e quando entender. Só que este, Sócrates não poderá demitir!

domingo, julho 24, 2005

Mário Soares não morreu!

É a grande notícia do dia: Mário Soares não morreu!
É também o efeito-borboleta de Freitas do Amaral: o rapaz bate as asas longe, e o ar agita-se por aqui.
Campos e Cunha é despedido, e substituído por alguém mais do agrado dos estado-dependentes!
O administrador da TAP não está nada a ajudar na compra do novo brinquedo, e isto já depois de o TGV estar a ser posto em causa, pelos (in)suspeitos do costume.
Mário Soares é um perdigueiro; e um velho perdigueiro nunca esquece o cheiro da caça: Sócrates, depois de uma semana negra estava mesmo à mão de semear; não lhe restava outra alternativa senão a de o apoiar.

Song of the Boat

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ZHU YIYONG

o soneto encontrado na garrafa

é a ti que eu quero nesta ilha deserta:
livro nenhum, quadro nenhum, nem disco
(gosto de tanta coisa que faísco
mas a escolher assim nunca se acerta).

quero trazer-te a ti, ágil, desperta,
despenteadamente a cada risco,
e viver de algas, peixe e marisco
e nunca mais fazer sinais de alerta

e os navios ao longe ver passar,
enquanto a roupa seca na palmeira
(esta ilha tem uma, de maneira
que não é só rochedo e à roda o mar).

e tu entre corais, náufraga e nua,
a boiar no meu peito à luz da lua.


Vasco Graça Moura, «Laocoonte, rimas várias, andamentos graves», Quetzal Editores

quinta-feira, julho 21, 2005

Faces Of War

Piotr Kowalik - Faces Of War - Part 3

Como que para desmontar as supostas regras do terrorismo, que dizem que no mesmo sítio e da mesma maneira não é possível acontecer 2 vezes, aí estão eles de novo! E com o pormenor de aço, de voltar a distribuir o terror nas mesmas doses aritméticas! É meio caminho para que a rotina se insinue no quotidiano familiar, para que nos habituemos a jantar de comando na mão, e a suportar com estranha resignação e a sua culpa, como já sucede a propósito de muitos outros lugares de convulsão, desespero e impotência.

Reformado e Cansado!

Evocou razões pessoais, familiares e cansaço. Convenhamos que esta do cansaço sempre é uma novidade. Sobretudo tendo em conta que o Professor era ministro há apenas 4 meses! Não deixa no entanto de constituir um complemento necessário ao entendimento da situação: Campos e Cunha também já estava reformado ao fim de 5 anos de trabalho!

O TGV não pára!

Tenho de dar a mão à palmatória. Afinal o TGV é bem mais rápido do que imaginava. Tão rápido que já circula e fez ontem a primeira vítima. As próximas, não sendo para já, serão por volta de 10 milhões. O TGV não pára!

quarta-feira, julho 20, 2005

Ainda faltam 3 semanas

Ainda faltam 3 semanas para zarpar para o campo, para a praia, para o outro tempo, para os amigos.
Confesso no entanto que começo, com culposa antecipação, a arrefecer do stress diário, a desligar, e a encontrar espaços maiores por baixo da rotina.
Sinal disso são uns livritos e uns discos que vão gradualmente chegando de algum lugar. Chegam devagar, sem barulho e muitas vezes sem um olá. Sem aviso prévio, mas os amigos são mesmo assim. Instalam-se e pronto!
Parece que adivinham que um dia destes, daqueles que sem propósito visível tanto tardam, uma mala descerá da arrecadação e ficará esperançadamente aberta no chão da sala, 2 ou 3 dias, à espera de quem queira a sua boleia.

Este por exemplo anda mesmo a pedi-las. Em plena FNAC, sem respeito nenhum pela horita de almoço, tenta pescar-me com esta:

indolor

Se querem musa legal
e registada, hábeis
balbuceios desejantes,
sentidos soporíferos de
inócua saliva, não
me leiam.

Porque um livro
é superior à vida (que
de resto não é
grande coisa). Pode-se
fechar reabrir a
cada instante,
esquecer abandonar perder
e não dói nada.

Inês Lourenço, «Logros Consentidos», & etc.

segunda-feira, julho 18, 2005

Vira a dança!

Bom, e vira a dança! A resposta de Rui Vilar não podia ter sido mais elementar e profícua, perante tanta réptil lágrima . É um autêntico subsídio para a próxima petição. Vamos lá malta: desta vez à CML e ao Ministério da Cultura, que tão preocupados se mostraram pelo fim do Ballet Gulbenkian, pois está na hora de mostrarem qual é o racio exacto dessa preocupação. Não acredito que com umas eleições à porta, se perca uma oportunidade tão flagrante para belas fotografias e bons propósitos.
A cultura, a cultura…. ah, como eles suspiram pela cultura !!
O resultado de uma companhia de dança organizada nestes moldes poderia ser mais um híbrido para o catálogo da máquina estatal: andaria provavelmente entre o zigzag urbano e desamparado de uma orquestra metropolitana e as cantigas-de-amigo-programador-musical, à moda da Casa da Música!

CCB pequenino

Na semana passada, através do respectivo site, reservei bilhetes para o recital de violino e piano de Tiago Neto e João Aboim, marcado para o dia 17 do corrente, no CCB.
A reserva foi feita para lugares marcados, e escolhi a localização dos mesmos com o critério de levar comigo 2 crianças pequenas (as minhas filhas de 6 e 9 anos).
Ontem, antes do concerto, levantei (e paguei) os bilhetes no CCB. Conferi e verifiquei que os mesmos correspondiam aos lugares reservados. Quando a 15 minutos do início do concerto me dirigi à sala, constato que afinal não havia lugares marcados!!! Aguardavam-me os lugares menos desejados em qualquer fila que se preze.
Lembrei-me que no site não havia qualquer aviso, e na bilheteira do CCB nenhum funcionário se dignou alertar para o facto.
É nestas pequenas coisas (será em outras??) que um tão grande CCB, suportado por milhões do erário público, continua a lembrar-nos com persistência que vivemos em Portugal.
Não havia necessidade !!

sábado, julho 16, 2005

Macau global








Num tempo de guerra e num modo de intolerância «globalizados», um naco de terra diferencia-se. Não me peçam imparcialidade. Daqui dou um grito, e não resisto a apontar Macau como exemplo. A China levou à UNESCO (com o apoio de Portugal) uma proposta singular: no modo como premeia um património arquitectónico e histórico único, mas também um relacionamento intercultural e intercontinental de 500 anos. Ontem, na 29ª Sessão do Comité do Património Mundial, foi aprovada por unanimidade, a inscrição de “O Centro Histórico de Macau”, na prestigiada Lista do Património Mundial da UNESCO. Estão lá: o Largo da Barra, o Largo do Lilau, o Largo de Santo Agostinho, o Largo do Senado, o Largo da Sé, o Largo de S. Domingos, o Largo da Companhia de Jesus e o Largo de Camões, o Templo de A-Má, o Quartel dos Mouros, a Casa do Mandarim, a Igreja de S. Lourenço, o Seminário e Igreja e de S. José, o Teatro D. Pedro V, a Biblioteca Sir Robert Ho Tung, a Igreja de Santo Agostinho, o Edifício do Leal Senado, o Templo de Sam Kai Vui Kun, a Santa Casa da Misericórdia, a Igreja da Sé, a Casa de Lou Kau, a Igreja de S. Domingos, as Ruínas de S. Paulo, o Templo de Na Tcha, o Troço das Antigas Muralhas de Defesa, a Fortaleza do Monte, a Igreja de Santo António, a Casa Garden, o Cemitério Protestante e a Fortaleza da Guia (incluindo a Capela da Guia e o Farol da Guia).

sexta-feira, julho 15, 2005

Negócio da China

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Chinese-Sand-Castles
Ameaça da China? Só se for na Madeira! Da China vem muita coisa, panos, lápis, papéis, computadores, e até Chineses. Mas o melhor que nos chega é uma imensa oportunidade de aprender: é o negócio da China! Portugal quer? Ou prefere construções no papel e papões na areia?

The Passing of Time - 1,2,3

HU ZHENYU

HU ZHENYU02

HU ZHENYU03
Hu Zhenyu

quarta-feira, julho 13, 2005

70% de rigor

Afinal ainda existe algum nível de exigência!
Os exames nacionais do 9º ano na disciplina de matemática acabam de dar um score de 70% de chumbos! A ver pelas reacções, parece que a responsabilidade é de todos (ou o mesmo é dizer que não é de nenhum). Por outro lado constato que continua a cultivar-se com filial desvelo a «consciência de classe». A APM (Associação de Professores de Matemática) acaba de, com doses magnânimes de preciosismo e distracção, enumerar as razões de tão más classificações dos estudantes de matemática do 9º ano, no seu exame nacional. Ficamos assim a saber que:

A prova de matemática era exigente;
A exigência em causa era dispensável;
A última questão da prova exigia um grau de abstracção e formalização muito superior ao normalmente trabalhado no 9.º ano;
O enunciado do exame pressupunha que os estudantes tivessem aprendido todo o programa da disciplina, o que no presente ano lectivo não foi fácil.
Aqui fica para a posteridade!

terça-feira, julho 12, 2005

Uma questão de petições!








Já depois de comentar o Crítico a propósito da extinção do Ballet Gulbenkian, uma amiga localizou e enviou-me uma petição que por aí corre, contra esta medida da Fundação. Quem quiser pode assiná-la aqui. Eu estou disponível para assinar uma outra (que obviamente não há-de aparecer...), a depositar confiança a uma instituição que já tanto fez, e a favor da eficácia do próximo programa de intervenção da Gulbenkian no âmbito da dança.

Ballet Gulbenkian

Vejo no Crítico a reacção suscitada pelo fim dado ao Ballet Gulbenkian. Sendo à primeira vista muito fácil concordar com alguma da crítica às origens da nomenclatura que traça hoje os destinos da Fundação, e ainda mais fácil pugnar pela manutenção de grandes estruturas culturais, acabo fatalmente no entanto por desconfiar com tanta facilidade!!
O comunicado da Fundação Gulbenkian fala em reorientação do investimento, fazendo-o dirigir-se no futuro, muito mais para as áreas da formação profissional, laboratórios de pesquisa e experimentação, formação de público, etc.
Parece-me bastante razoável que uma instituição, adoptando uma atitude pró-activa (tão pouco usual em Portugal, onde impera o imobilismo politicamente correcto em matéria de políticas culturais e não só), e reavaliando periodicamente o contexto da sua intervenção, tenha decidido que era chegada a hora de reorientar os seus investimentos. É que o problema é que por muito que seja, o dinheiro nunca é elástico. Investir em novas áreas passa muitas vezes por opções de desinvestimento em outras. E aqui é que a crítica do Crítico, desta vez, me parece demasiado fácil. É que ela chega sem que se tenha visto se esta nova política da Fundação traz ou não os frutos desejados. E depois, confesso que não consigo ficar insensível à tirada: «Pelo facto de uma Fundação ser privada não lhe assiste o direito moral para a destruição gratuita de algo que é de todos».
Bom, gratuito é quanto fica ao Estado Português não intervir onde deve, e se põe à sombra da Fundação. E para efeitos pedagógicos e democráticos convém que se diga que é o dinheiro do Estado que é de todos, e não o da Fundação Gulbenkian.

segunda-feira, julho 11, 2005

estou a ouvir: Lynne Arriale Trio

Muitas vezes os pretextos para ouvirmos música são dos mais ocasionais e inocentes. Há muito tempo que não ouvia este trio. Estes foram discos que quase gastei, quando há muitos anos atrás os adquiri na HMV de Hong Kong (que saudades dessa grande meca...). Agora, ao deparar com a vinda a Portugal da Lynne Arriale no passado dia 4, sob o pretexto do XXIV Estoril Jazz 2005, não resisti a interromper a audição de um outro trio.

sábado, julho 09, 2005

Still-life On The Table


















Liu Gaofeng

sexta-feira, julho 08, 2005

não sei o que diga....

Mário Soares terá dito ontem na TSF que era preciso tentar compreender o que está por trás do terrorismo, afirmando de seguida, num exercício de profundo calibre sociológico só ao alcance dos audazes, que é a pobreza que está por trás do fenómeno!! Besliquem-se no blasfémias.
Confesso que ontem à noite ainda quis comentar... mas não consegui!
Voltei hoje novamente ao blasfémias, não tivesse sido algum mau sonho. Mas não!
Aqui continuo pois, estupidamente sentado, a tentar acreditar, e não sei o que diga.... o que é que se pode dizer a uma COISA destas???? Alguém saberá?

quinta-feira, julho 07, 2005

London Parliament with Sun Breaking Fog
















Claude Monet

da europa

da europa a consciência é estranha:
talvez não saibamos nada dela enquanto
dela sabemos tudo em cada experiência
de vida. como a pátria de ulisses,

é um território onde,
entre as ruínas e algumas fidelidades contraditórias,
a alma aporta e renasce para a aventura.
os navegadores projectaram-na para além dos mares,

as artes e as técnicas, as orações e os medos, as alegrias e os lutos,
os crimes, as penitências, as substâncias do bem e do mal
impregnaram-lhe os próprios horizontes.
eu nasci numa pequena cidade do norte

num país do seu extremo ocidental.
há muitos outros países, cidades, montes, vales, planícies
e gentes que vivem mais afastadas do poente, gentes que,
para saberem do mundo, cultivam quanto a ela

uma espontânea distracção. e todavia, em toda a parte,
pelos séculos fora os homens não se pouparam ao sofrimento, enquanto
buscavam sempre a felicidade. ficavam exaustos mas
não falavam da europa que chegasse, não conseguiam

descobrir essa presença matricial
na dignidade da sua história, dos seus trabalhos e dos seus dias,
da sua paz, das suas guerras, das sombras mais profundas
de um conhecimento quantas vezes trágico.

da europa que se faz e se imperfaz
de tantas línguas, céus vários e costumes,
talvez saibamos pouco, talvez eu saiba apenas
ter consciência disso.

Vasco Graça Moura, «Laocoonte, rimas várias, andamentos graves», Quetzal Editores

estou a ler: Laocoonte, rimas várias, andamentos graves










Última poesia publicada por Vasco Graça Moura. Da Quetzal Editores.

quarta-feira, julho 06, 2005

Volta a 2 mãos

Lance Armstrong . Fez aquilo que ninguém até hoje conseguiu: vencer seis vezes a Volta à França. 6! Ainda para mais consecutivas. Ainda agora iniciou a 7ª e já tem mais uma vez a camisola amarela vestida. Mas porventura o seu maior feito foi o ter vencido um cancro diagnosticado em 1997 e cujas hipóteses de recuperação se situavam nuns dramáticos 50%. O seu pior adversário alastrava já para os pulmões e ameaçava o cérebro. Nesta altura a carreira estava acabada. A luta de Lance Armstrong passou a ser outra. Sessões de quimioterapia e a mesma força inquebrável que continua a mostrar, fizeram-no alcançar a maior das vitórias. Em 1999 estava de volta à carreira e logo para vencer a sua 1ª Volta à França.
Leon Fleisher. Em 1944, com 16 anos, faz a sua aparição com a New York Philharmonic sob a direcção de Pierre Monteaux. Torna-se o primeiro americano a vencer o Queen Elisabeth International Piano Competition. A sua colaboração com George Szell e a Cleveland Orchestra resultam numa série de gravações de concertos de Beethoven e Brahms, ainda hoje referências e disponíveis no mercado. Em 1965, em resultado de uma distonia focal na mão direita interrompe o curso normal numa carreira ímpar. Não desiste no entanto de procurar uma cura e finalmente, ao fim de 40 anos (!!!) , volta a gravar reportório para 2 mãos. Por isso alguém disse que Leon Fleisher é o Obi Wan Kenobi do piano.

A nossa banda é muito estreita.

Isto não se faz!! Não é que o guru de gestão, Gary Hamel, em pleno choque tecnológico, tem a desfaçatez de numa conferência organizada em Lisboa nos oferecer esta pérola: « A Europa está demasiado centrada na Inovação tecnológica».
Basicamente diz que o problema não é do hardware mas do software: «Não podemos desperdiçar o capital intelectual [...] temos de construir empresas mais 'humanas'» Se não acreditam, comecem por ver aqui.
Vá lá, já não me sinto tão só!
Para quê tantos computadores, tanto high tech, tantas luzinhas e internet rápida, se em Portugal a banda humana, social, cultural e civilizacional continua tão estreita?!

terça-feira, julho 05, 2005

Para a frente, a toda a velocidade!!

No dia 2 de Junho o JN anunciara que o aeroporto da OTA e o TGV se mantinham como prioridades do Governo para a actual legislatura.
Não foi pois de estranhar o susto que apanhei esta manhã quando ouvi na Antena 1, a notícia de que afinal o governo tinha decidido suspender para esta legislatura estas grandes obras de regime. Parece que tal notícia partiu do Público.
Pensei então que a história do déficit sempre seria verdade, e que isto devia estar mesmo mal!
...........
...........
Mas não! Rebate falso. Agora mesmo o Diário Digital acaba de anunciar que Mário Lino, ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, acaba afinal por confirmar a Ota e o TGV ainda para esta legislatura, desmentindo assim qualquer intenção do Governo de relegar para a próxima legislatura a concretização de projectos como o comboio de alta velocidade (TGV) e o Aeroporto Internacional da Ota.
É um respirar de alívio imenso!! Afinal confirmam-se as minhas suspeitas sobre a conspiração do déficit: ele não existe!!!
E nem se «projecta» que tal déficit venha a existir no futuro: poder construir um TGV (por acaso nem é só um!!) é prova de que não só Portugal pode, como também os Portugueses podem: têm capacidade financeira para pagar os bilhetinhos do TGV e assim sustentarem a sua exploração futura!
Somos uma grande nação: finalmente depois de resolvido o problema endémico de termos uma nação de burros e chicos-espertos, agora os nossos RH super qualificados, já não vão ter de andar num Alfa rasca. ! Não! Já não vamos ter de perder 3 horas de Porto a Lisboa. 2,30h bastarão! O nosso TGV vai colocar-nos num ápice à beira do nosso futuro! Só tenho pena de que com tamanha velocidade já não possa vislumbrar pela janelinha do TGV os nossos belíssimos estádios de futebol de Aveiro e Leiria! Que pena!!!

sexta-feira, julho 01, 2005

Singing depart from me


















Ai Xuan

«Não haverá "tachos" para amigos»

Segundo o Público João Soares prometeu que, caso vença as eleições para a Câmara Municipal de Sintra «não haverá tachos para amigos políticos e muito menos pessoais». Estou a fazer muita força! Eu juro que quero acreditar, mas também juro que seria a primeira vez que veria tal coisa!! Mas vou tomar nota!

Carta ao poeta Eugénio Evtushenko a propósito de uma suposta autocrítica

Não te arrependas de nada.
Um verso está sempre certo
mesmo quando errado. A verdade
também, mesmo quando dói

ou fere ou parece inoportuna.
A verdade nunca é inoportuna.
O teu inconformismo é o preço
da nossa libertação e teus versos

florescem no coração do povo.
Não. Não te arrependas de nada.
Não torças o verso, não obrigues
a palavra: um poeta está

sempre certo. Não permitas que o óxido
dos políticos entre na lâmina
dos teus versos. Um poeta não se vende,
não se compra, não se emenda.

A um poeta corta-se-lhe a cabeça.
E uma cabeça cortada não dói, mas
tem uma importância danada.

Rui Knopfli, in “ Mangas verdes com sal”