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quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Dependências

Anuncia-se como quase certa a saída do Director-Geral dos Impostos (DGCI), na medida em que este não aceitará a drástica diminuição da sua remuneração mensal.
Sobre este assunto as opiniões têm sido líquidas e claras: ou se pensa que Paulo Macedo, face aos resultados conseguidos, pode receber o que seja (mesmo os tais 25.000 euros), ou se acha que não pode haver um funcionário público com um estatuto remuneratório tão acima daquele que está fixado para a restante administração pública (que a propósito também não é uniforme, ao contrário do que se diz e julga), e ainda por cima, tão acima das remunerações do Primeiro e do Presidente da República.
No entanto, qualquer destes lados não belisca aquilo que já é hoje um consenso, nesta terra onde eles são às vezes tão fáceis: Paulo Macedo é competentíssimo, e é-o, porque conseguiu o que conseguiu!
Como é facílimo de se ver, está lá por baixo, subentendido, que se não se fez, até hoje, aquilo que ele fez, é porque os outros são (foram) incompetentes.
Ora, na minha opinião, os resultados conseguidos por Paulo Macedo, tendo naturalmente a ver com a sua competência, são sobretudo de índole indirecta desta: devem sobretudo ao estatuto e autoridade de que, perante a tutela, essa mesma competência desde logo se apropriou.
Estou convicto que existem na administração pública quadros superiores, com a capacidade de Paulo Macedo. O que não existe, é que os mesmos sejam chamados a esses desafios na posição em que desde o início se encontrou aquele: posição de autoridade, de independência e de competência.
E perante quem? Perante onde tudo se joga, perante a tutela!
É que para este tipo de cargos – e aplica-se a todos os da AP – são sistematicamente chamadas pessoas que têm já uma história (e sobretudo, estórias) perante o ministro ou secretário de estado que os chama. São estórias de concelhias, de distritais, sejam elas forjadas no partido ou nascidas de relações da faculdade, ou de consaguinidade, ou afinidade amiga e antiga lá de casa. São relações de dependência, em suma.
Aliás, corrijo, para acertar melhor o passo com o que já disse: não são relações de independência!
Mesmo quando competentes, não só sabem que não foi por esse mérito que foram chamados – mas sim por outros que também possuem! – como sabem que será por estes últimos méritos que serão avaliados, e através do qual poderão (ou não), permanecer na rede das dependências.
Daqui pois pode quem concordar deduzir, que não é o estatuto remuneratório de Paulo Macedo ou da AP que deveria ser discutido.
Mas sim algo bem mais difícil – mais ancestral, mais cultural, mais ADN – que naturalmente quem manda não o quer fazer.
Por questões e razões de dependências.
Naturalmente!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Carnaval musical

Foi no passado sábado, 24, às 18:30. Desta vez, o ainda que pequeno auditório do Centro Cultural de Cascais, abarrotava. Os cerca de 160 lugares foram na totalidade preenchidos, e muitos houve que tiveram de fazer marcha a trás: já não havia mais bilhetes!
Muitas crianças, uma parte das quais da própria escola de música da Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras (Escola de Música Concertino), davam o mote ao que se ia assistir: um Concerto de Carnaval!
E que concerto!
Na esteia aliás daquilo que desde há muito tempo vem fazendo a própria OCCO, que dedica grande parte da sua programação, ao público mais jovem ("ABC DA MÚSICA: CONCERTO DIDÁCTICO para PAIS e FILHOS"), desta vez nem ao Carnaval deram descanso!
Trajes a rigor, enfermeira, Pipi-Meias-Altas, cigana, bruxa, o dorminhoco, a Rainha Vitória, etc., etc., só o aparato cénico já fazia a sala sorrir.
O reportório? Que nem uma luva: Saint-Saens, Carnaval des Animaux, Pantera Cor de Rosa, etc., e a orquestra a trocar permanentemente as voltas – e as pautas! – ao maestro Nikolay "Harry Potter" Lalov, que chamava por Mozart e a orquestra dava-lhe Beethoven, trocava para Vivaldi, daí para Tchaikovsky, laivos de Rachmaninoff, uff….
Entre a gargalhada geral, chegou-se a temer o pior, quando em "retribuição" o maestro decide simplesmente hipnotizar os músicos e colocá-los a tocar os instrumentos dos colegas.
E aí…, bem aí viu-se de que matéria é de facto feita a Orquestra de Câmara de Cascais e Oeiras.
Mesmo em ambiente de (des)controlado frenesim, gargalhada geral do público, patadas dos músicos, aqueles dois violinistas que implicam permanentemente um com o outro, os violoncelistas que não sossegam, ali o contrabaixista ("O dorminhoco") que sonâmbulo adormece dependurado no instrumento, aquela enfermeira que, quiçá espantada com o som que o seu violino produzia, o oscultava curiosa com o seu estetoscópio…, no meio de tudo isto, dizia, a OCCO produzia um som bonito e uma execução ao nível do que nos vem habituando (para os que conhecem): ritmada, alegre, esfusiante, em suma, emparelhada ao espírito carnavalesco.
Que pena que o auditório do CCC tenha uma dimensão tão camarística!
Ficou no entanto a promessa de para o ano haver mais.
Quem nos dera que o Carnaval não fosse apenas 3 dias.

P.S. Palmas também (desta vez) para o Centro Cultural de Cascais. Desde há 5 ou 6 anos a esta parte, esta foi a primeira vez que presenciei um modo de distribuição dos bilhetes (grátis) a procurar evitar os esquemas do açambarcamento e dos amiguinhos. Oxalá não tenha sido um exemplo sem retorno.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

o voo

Chama-se o voo das borboletas e é blog.
Filho do Hálito Azul da Tarde, é dedicado a todas – crescidos também – as crianças.
As minhas crianças, filhas também do Hálito Azul da Tarde – que grande confusão!! - viajam por lá de vez em quando, que aqueles sortidos poemas casam tão bem com os seus dias e as pinturas que os ilustram.
Vai por isso o respectivo link direito para a coluna direita.

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Um dia

Este – o mais escuro – quando o encontrei estava preso num silvado, como se pode estar na Cruz. Miava já de desespero e desistência.
Algum desmiolado, porventura equivocado com os vapores do Carnaval, ou com a própria razão porque terá vindo ao mundo, tinha atado ao pescoço do bicho um garrafão de água (vazio). Da forma como estava, mesmo para gato, não teria muitas hipóteses.
Aqui está ele, quiçá ainda pouco crente da sua sorte.
Não será caso para dizer que quanto mais conheço uns mais gosto de outros – ainda outro dia enfiei uma melga pela parede dentro! – mas que uma coisita destas me fez o dia, lá isso fez!

Volta

Conforme prometido, daqui voltei.
Aos que se mostraram incrédulos da sua falta de sorte, cá fica a promessa de futuramente os bafejar com o ar que o campo ainda dá.

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

Campo

Estou só nos campos
A doce noite murmura
A lua me ilumina
Corre em meu coração um rio de frescura
De tudo o que sonhou minha alma se aproxima.

Sophia de Mello Breyner Andresen

P.S. E até 5ª.

Bom Ano Novo

Para os amigos de Macau:
Kung Hei Fat Choi

"Olhá menina...!"

Quem falou que só tem Carnaval no Rio?

Carnaval 2006 em Helsinkia

Público

Desde que mudou a sua imagem gráfica – e não só - no início desta semana, esta 6ª feira foi a primeira vez que comprei o Público, já que é, geralmente, o único dia em que compro jornais (desportivos não conta, pois aquilo nem jornais são, é outra coisa).
Nestas coisas de vícios e venenos, evito tomar demasiado. E para opinion makers que tudo sabem e de tudo falam, já chega aqui o do insustentável.
Retomando pois o início, devo dizer que para já, para primeiro choque, gostei!
O Público antigo aborrecia-me, com aquele ar penteadinho, inteligente e cinzentão, mas onde afinal os conteúdos estavam por vezes tão armadilhados e cheios de mau jornalismo, como em qualquer outro jornal.
Assim pelo menos até o papel é melhor, e parece que não nos deixa as letras todas coladas aos dedos. Vamos ver se é para durar.
Já o "Mil Folhas" – razão que me levava a comprar o Público – morreu.
Nasceu o Ípsilon, espécie de fusão entre os anteriores "Mil Folhas" e "Y".

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O Aborto

O Presidente da República defendeu a existência de «soluções de bom senso, equilibradas e ponderosas» no que diz respeito à futura lei do aborto. Cavaco Silva lembrou que o referendo de domingo «pode ter causado rupturas» na sociedade portuguesa.
Antes, o chefe de Estado disse não se poder «rejeitar a possibilidade de estabelecer consensos alargados», numa matéria que «pode ter causado rupturas».«Espera-se que as forças políticas encontrem soluções moderadas e equilibradas que possam contribuir para atenuar as divisões entre os portugueses. Interessa-nos acima de tudo sublinhar aquilo que une e não o que divide os portugueses», frisou.

Foi por estas, sobretudo por aquilo que palavras destas significam sobre a personalidade da criatura, que eu não votei no homem.
Este estilo padreco de província, que abraça o rebanho, e que a todos cristãmente ama, dá-me vómitos.
Eu quero lá saber se o referendo dividiu os portugueses e se agora o Feitor-mor do Reino vem colar tudo à pressa com cola UHU.
O que eu simplesmente quero é que se legisle de acordo com os resultados do referendo, já que foi essa a vontade expressa, e ponto final!
E já agora, que o Professor Cavaco se lembre que não é a 1ª dama, mas sim o marido dela e Presidente da República.

Desabafo...

Manuel Lopes Marques, ex-director-geral de exploração e conservação da Refer – Rede Ferroviária Nacional, recebeu em Junho de 2006 uma indemnização de 210 mil euros para sair daquela empresa do Grupo CP – Comboios de Portugal e dois meses depois, em Outubro, ingressou na Rave – Rede Ferroviária de Alta Velocidade.

Assalta-me uma dúvida: como querem, este ou qualquer outro governo, com exemplos destes, moralizar e reformar o Estado?
Exemplos destes dizem-se de repúblicas da banana. No nosso rectângulo, tem-se vindo a agravar nos últimos anos, sinais preocupantes de oligarquias políticas, económicas e sociais, que tudo atropelam e que, literalmente, têm o Estado nas mãos.
O aumento que tem sido registado nos índices de pobreza, e na diferença entre os mais e os menos abonados, são uma face deste fenómeno.
Em Portugal, toda a gente, supostamente, ganha mais que no resto da Europa: funcionários, militares, professores, enfermeiros, etc. A esses todas as reformas são aplicadas: as boas e as más.
No entanto, os autênticos escândalos relativos à nata gestionária deste país, seja ela do Banco de Portugal ou de outra organização qualquer, pública, semi-pública ou privada, passam perfeitamente incólumes e salvaguardadas de qualquer acção ou sequer discurso.
Muitas vezes em eleições, não se vota tanto a favor de, mas muitas mais vezes, contra alguém.
É como agora me sinto. Se houvesse eleições num futuro muito próximo, pela 1ª vez votaria na CDU.
Não por eles, pelos seus lindos olhos, mas muito por revolta e contra o status quo.
Estou revoltado com tanta falta de vergonha, e até mais comigo próprio, que tantas vezes achei como normais situações que, bem vistas as coisas, são simplesmente escabrosas.
Quero lá saber, se esta ou aquela organização são privadas e com cotação em bolsa. O que sei, é que neste país, qualquer gestorzeco da trampa ganha mais que um administrador da Nokia ou da Ikea.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Ricos...

A Deloitte acaba de resolver de vez os problemas financeiros e orçamentais de muita gente: clubes, empresas e até governos.
Desde já, chamo daqui à atenção ao digníssimo presidente do meu clube, Filipe Soares Franco, que já não precisa de tanta engenharia financeira, nem de passar as noites em branco, nem de ameaçar que se vai embora, por causa das tropelias entre a CML e o Metro.
Aprenda com a Deloitte que fica bem servido, e torna o Sporting também um clube rico (não tão rico como o rival da Circular, mas ainda assim, rico).
E ao nosso Ministro das Finanças e ao senhor Primeiro-Ministro, deixem-se mas é de contas, e de apertar o cinto ao pessoal, e ponham também os olhinhos na ciência da Deloitte, que resolveu calcular a riqueza dos clubes de futebol apenas pelas suas receitas.
Mas, de facto, quem é que quer saber de tristezas… perdão, de despesas??
Já quanto ao Benfica… meus amigos, mas o que é isso de empréstimos obrigacionistas e de enganar os sócios?? Comprem é os craques à altura dos pergaminhos da história do SLB. E mais nada!!!
Termino como comecei: com a Deloitte.
As suas análises sobre a administração pública sempre me deixaram com a pulga atrás da orelha (a bem dizer seria mais um elefante).
Mas agora compreendo que afinal era eu que estava enganado.
A Deloitte é de facto a maior empresa no ramo. Isto se contarmos, apenas, com o número de linhas que debita e o estardalhaço que faz.
Mas também, com tão pouco tempo para se ler, com tanta e tão boa televisão, quem é que quer saber de outra coisa?

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Cotovia atenta

Estou bastante mais descansado. Atentíssima à blogosfera e a propósito deste post, a Cotovia informou que a responsabilidade pela prensagem de «Desmedida – Luanda, São Paulo, São Francisco e volta.CrónicasdoBrasil», não caberá à Sunny Printing Group, de Xangai, nomeadamente no que se refere à cor do papel. Informa ainda a Cotovia, que se encontra em fase experimental, prometendo que a próxima experiência em terras asiáticas correrá bem melhor.
Bem haja, pois.

domingo, fevereiro 04, 2007

Domingo, dia de Panteão

Kate Winslet

Scarlett Johansson