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quinta-feira, outubro 25, 2007

Tudo bons rapazes

Pessoalmente até fico bastante satisfeito com tudo aquilo que tem vindo a suceder no BCP. Melhor dizendo, do que fico satisfeito, é que toda essa sujidade debaixo do tapete, de lá tenha saltado para conhecimento de todos.
Há muito tempo que penso que não há diferenças significativas, no que à gestão diz respeito, entre o sector público e o sector privado. Essas diferenças são artificialmente criadas, ao compararem-se os melhores exemplos do sector privado com as piores práticas do sector público.
Eis pois: o maior banco privado do país, o banco da excelência, os campeões da internacionalização, dos gestores e executivos TOP 10, formados nas melhores universidades do país (católica…), com MBA’s nos melhores institutos da Suiça, Inglaterra e Estados Unidos, propagandistas da boa nova da gestão do sector privado (por oposição à gestão pública) enquanto conferencistas e formadores em seminários e cursos pagos a peso de oiro, pois bem, estes goodfellas andam há longos anos a pura e simplesmente roubar os seus próprios accionistas.
Uns fazem-no, e outros calando-se, consentem-no.
E quem rouba um accionista, rouba já agora 2 ou 3.
E roubar o accionista ou o cidadão, fará de facto alguma diferença? O que não se diria se um exemplo destes surgisse de um qualquer serviço público!
Para quem pensava que o amiguismo era coutada apenas da administração pública, tomem lá e reconvertam-se à dura realidade. Evidentíssimo se torna pois, que a merda é afinal a mesma, o que vem é embrulhada em papel mais fino.
Aquele director geral que por onde passou fez das suas e deixou um rasto de incompetência, e a cada uma é sempre chutado para cima, para tachos cada vez mais altos?
Aquele outro que, mesmo com alguns processos na justiça, continua sereno a ser nomeado para funções de grande responsabilidade?
Pois bem, cá temos um belo exemplo, do sector privado e da área considerada desde sempre por todos os analistas como a área de excelência do nosso sector privado ( a par da de telecomunicações), que paga (devolve) ao banco os 12 milhões enfiados no bolso do filho, e pronto, não se fala mais nisso, que eu até estava distraído e nem sabia de nada (deve ser por isso que agora até lidera o Conselho Geral e de Supervisão, do próprio banco).
Ética? Moral? Bem, bem..., juro que não é aqui e agora que me vou pôr a falar da militância católica e da opus dei. Fica para depois (espero que nunca).
Se tivesse conta aberta no BCP fechava-a? Claro! É o mínimo que se pode fazer (e a bem dizer, e infelizmente, também o máximo).
Mas quem diz que isto não se passa também em outros bancos? Por exemplo numa CGD, que tem todos os ingredientes e mais alguns para que isso suceda, tal é o corre-corre de políticos desocupados, nos seus corredores e gabinetes, em que o creme de la creme dos administradores são volta e meia («zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades») apanhados a abocanhar ainda mais churudos ordenados e acumulados vencimentos e outras alcavalas, a receberem o pagamento envergonhado por actividades de consultoria, a usufruírem de reformas mais rápidas que o Ferrari de Kimi Raikkonen.
Bem, depois disto já só acredita no sistema bancário quem for de facto de uma inabalável fé.
Mais depressa me converto eu à cruzada do Bin Laden e acredito piamente nas tais 500 virgens à minha espera lá no céu (cruzes, que trabalhão)!

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quarta-feira, outubro 24, 2007

A propósito da greve e do tempo de reforma dos pilotos:

Qual é a profissão de mais rápido desgaste?
Piloto de aviões ou administrador do Banco de Portugal * ?

* Para seu deleite pode substituir esta ocupação por outra: deputado da AR, etc, etc.

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domingo, outubro 21, 2007

livros da minha vida

Bem, para sair um pouco da letargia blogueira, nada melhor que responder ao repto, lançado pelo Paulo do Tónica Dominante, sobre os livros da minha vida. Como me parece que a expectativa é a de nos referirmos à ficção, deixo assim de lado a poesia, e a outra vertente, a antropológica e sociológica. Para isto não me deito a grandes reflexões, mas antes liberto a memória. Se passados tantos anos ainda me lembro e penso em tais livros, então é porque eles devem de facto pertencer à minha vida:
José Mauro de Vasconcelos - «O meu Pé de Laranja Lima»
Enid Blyton - «A Aventura na Montanha»
Eça de Queiroz - «Os Maias»
Vergílio Ferreira - «Manhã Submersa»
Camilo Castelo Branco - «Amor de Solidão»
Lawrence Durrel - «O Quarteto de Alexandria»
José Garcia Marquez - «Cem Anos de Solidão»

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sábado, outubro 20, 2007

A beleza da música #10

Anne-Sophie Mutter (Alemanha): violino

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Tenham medo, tenham muito medo...

Pronto, lá estão eles a pregar sustos a toda a gente: BUUUU...!!!
Tendo em conta o historial dos últimos 10 anos (falemos em décadas, que é sempre uma coisa mais redonda), e o extraordinário feito que foi a conquista de um título nacional (ena, ena!) nesses 1o anitos, bem se imagina já toda a gente assustada, pois claro. Escusavam era de dar mais uma oportunidade para o Pinto da Costa se atirar para o chão a rir, a rebolar-se por cima dos 8 pontos que já leva de avanço, e decorridas apenas meia dúzia de jornadas. Só de imaginar, fico doente. Obrigadinho, ó vizinhos!
Tenham é juízo, que com a dinheirama que gastaram este ano (já lá para os 30 milhões...?), até já deviam é ser campeões do sistema solar.
Mas estou eu a gastar para aqui o meu fraco latim: está-lhes na massa do sangue, e pronto. Se o ridículo matasse estavam já na 3ª divisão distrital. Menos farronca, rapazes, e mais trabalho!

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quarta-feira, outubro 17, 2007

Identity

Kenny Mencher: Identity

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Nem um verbo me move

Isto é uma natureza morta: o teu compasso
de espera, mênstruo,
contra o priapismo do cálamo.
Tenho velas de aço para os teus ventos
de papel, para a dispersão
dos vocativos. Eu queria estar mais contente
se soubesse haver razões para isso,
depor-te a aporia destes dias
e trabalhar com novas certezas.
Em vez disso skaters faíscam
no centro da minha passagem, no meio
da minha vida
e a sua navegabilidade incondicional
desliza nesta aspereza da retina.

E isto é classe média: o cancro
como solução final; um fecho de braguilha
não esconde o faro latejante dos cães,
a trovoada latente.
Sou o homem do tempo, sou o homem do tempo.
Ando a tentar segurar este grande
aguaceiro que previ, de capote ando
a tentar pospor o optativo
porque na boca levo o gosto do desgosto
e tão sensíveis as papilas ao seu gosto.
Sou o homem do tempo, sou o homem do tempo.
Nem um verbo me move
desta irredutibilidade em desejar.

Daniel Jonas

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quinta-feira, outubro 11, 2007

«vai-se postando»

Os meus caros fans, aqui deste blog que se vai ultimamente com tanta dificuldade (in)sustentando, já hão-de ter reparado que depois que vim de férias, a coisa por aqui anda lenta, e aos soluços e precalços. Não sei o que me deu - ou o que me está a dar? - mas parece-me coisa de tristeza trazida pela rotina de tanta injustiça e pífias (ou fífias) nacionais. De tanto as ver, habituo-me a elas. Ou então penso: «deixa estar que elas são tantas, que bato-lhes antes amanhã!».
Certo certo é que faço minhas as palavras do José Bandeira, do Bandeira ao Vento:
«Tenho uma vontade de ferro – a preguiça é que ma enferruja».

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segunda-feira, outubro 08, 2007

A vida tem destas

Pacheco Pereira (PP) é quanto a mim, o melhor analista político destas coisas do nosso rectângulo. É de longe o melhor politólogo, sem sequer se reclamar de tal. As suas análises são quase sempre muito argutas, sintéticas, pertinentes, sociológicas e debruçam-se muito sobre os universos micro do sistema político.
No entanto, os mais atentos às excelentes análises de PP sabem que, sempre que este olha sobre "futebol", "Paulo Portas" ou "Santana Lopes", a sua visão tolda-se, a perspicácia habitual treme um pouco e o raciocínio esfuma-se e perde a necessária “credibilidade”.
Aliás, ainda há bem pouco tempo Pacheco Pereira, a propósito do recente episódio de Santana Lopes na SIC Notícias, dizia no seu blogue: «Por uma vez concordo com Pedro Santana Lopes: interromper uma entrevista política com um não-evento, sem notícia, nem conteúdo, merece esta resposta». O caso de tão inusitado – um elogio de Pacheco Pereira a Santana Lopes - foi até referenciado em vários órgãos de comunicação social.
No entanto, quanto a mim o inusitado não é tanto o elogio à atitude tomada por Santana Lopes, mas sim o facto de até hoje, PP ter resumido a análise desse acontecimento a essas pindéricas 2 linhas. Assunto esse que até é, atenção, aquele que é dos mais caros a Pacheco Pereira – o papel da comunicação social na nossa democracia e nas democracias modernas – e o episódio da interrupção brusca de uma entrevista por parte do entrevistado, ser ainda coisa absolutamente ímpar nas nossas televisões, e que é paradigma de tudo o que Pacheco Pereira vem analisando. A questão pois não é a de Pacheco Pereira ter apoiado Santana Lopes e tê-lo escrito no seu blogue! A questão é antes a de ter resumido e "silenciado" o assunto a apenas 2 linhas! Sobre um assunto sobre o qual PP tem escrito milhares e milhares de linhas, dezenas de posts no seu Abrupto, e que vem ilustrar de um modo cirúrgico tudo o que vem dizendo e defendendo.
Aliás, nesta matéria, PP fez exactamente o mesmo que as televisões, que remeteram no dia seguinte o assunto lá bem marginalmente para o fim dos respectivos telejornais. Compreende-se o incómodo que tal episódio causou mesmo nos canais concorrentes da SIC, pois todos no fundo sentiram a atitude de Santana Lopes como se tivesse acontecido nos seus próprios estúdios. E também se compreende Pacheco Pereira. O homem é de carne e osso e tinha isto de suceder logo com o seu “inimigo” de estimação. A vida tem destas.
E vem isto agora a propósito da vitória de Luís Filipe Menezes. Pacheco Pereira, e bem, desta vez fez a sua declaração de interesses: «Em matéria do PSD este é o blogue do mau perder. Direi mais ainda, do péssimo perder. E continuará assim até a bandeira ficar direita, se é que alguma vez fica direita». Melhor ainda, virou a bandeira do PSD de pernas para o ar sempre que fala de Luís Filipe Menezes. Honestidade intelectual teve-a pois, e isso faz muita falta. É aliás coisa raríssima entre a classe dos opinadores. E até me disponho a concordar com tudo o que Pacheco Pereira diz de Luís Filipe Menezes.
Mas, esperem, onde é que já vi isto?? É que lendo as lúcidas análises de PP, e tomando-as como garantidas, sobretudo quando este se debruça sobre o aparelho partidário e os pequenos grandes poderes que medram nos bastidores das máquinas partidárias, fica-se sem saber então porque raio é que PP apoiou Marques Mendes. É que se é certo tudo aquilo que diz sobre o novo presidente do PSD, só uma grande e estranha forma de cirúrgica cegueira não lhe permite ver que o mesmo cabe igualmente como uma luva a Marques Mendes. O que tem sido Marques Mendes estes anos todos? Onde tem andado? Aliás, todos os tristes episódios da campanha para a eleição no PSD, são disso demonstrativos. A não ser que se queira à força pensar que apenas Filipe Menezes disse e fez das suas. Diferenças de estilo apenas, ou de companhias (que aliás, vão e vêm como as marés) não podem justificar o apoio que se dá a um (mesmo que criticando-o como de facto muitas vezes sucedeu) e o "ódio" que se destina a outro.
Mas desta Pacheco Pereira bem avisou: «...é o blogue do mau perder. Direi mais ainda, do péssimo perder».

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segunda-feira, outubro 01, 2007

Neste Dia Mundial da Música

aproveito para celebrar também o ano de 2007 como o de centenário da morte do compositor norueguês Edvard Hagerup Grieg (1843-1907).
E nada melhor do que assinalar os 2 eventos com uma das suas composições mais conhecidas, o Concerto para Piano em Lá menor, op. 16.
Aqui, durante os proms de 2002, no Royal Albert Hall, em Londres, com a Orquestra da BBC, sob a direção de Leonard Slatkin, o conterrâneo do compositor, Leif Ove Andsnes, no justamente celebrado 1º andamento, allegro molto moderato, um dos ícones do romantismo.

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Uma dúvida metódica!

To be, or not to be: that is the question

Quando o Sporting jogou em pleno Estádio do Dragão contra o F.C.Porto, aconteceu aquele mirabolante golo do Porto resultante de uma falta assinalada pelo árbitro, falta essa que já fez quase tanto pela descredibilização do futebol português, como o processo do chamado apito dourado.
Daí nasceu um novo paradigma – português - na interpretação das leis do jogo, nomeadamente na regra relativa aos atrasos aos guarda-redes.
No sábado passado, em pleno Estádio da Luz, mais uma vez foi escrita uma nova página no modo de se arbitrar em Portugal. Ao ser assinalada pelo fiscal de linha uma grande penalidade contra o Benfica, o árbitro interrompe o jogo e, surpresa das surpresas, decide não conceder a grande penalidade ao Sporting.
A questão que se coloca é:
- Se viu e entendeu que não havia lugar a grande penalidade (que até estaria no seu direito?) porque razão então interrompeu o jogo, e não o deixou prosseguir?
- Mas se não viu, então porque motivo é que não atendeu à indicação muito precisa do seu colega de linha?
Atendendo ao que já sucedeu anteriormente no jogo contra o Porto, já ponho as mãos na cabeça a imaginar como é que a comissão de arbitragem vai desta vez tentar justificar o injustificável. Virá aí outra nova e originalíssima interpretação às leis do jogo? Receia-se o pior.
Como “lagarto” que sou, obviamente que aquilo que peço é apenas que os árbitros pelo menos distribuam mais democraticamente os prejuízos que são fruto destas suas dúvidas metafísicas (Quem sou eu? Para onde vou?O que faço aqui?). Pelo menos nestes jogos entre os grandes, em que o prejuízo de uma equipa é duplo, já que significa automaticamente o benefício da outra. Assim já começa a cheirar mal. Ou então, no limite, paguem ao Sporting os serviços que vem prestando como cobaia.

P.S.1 Foi pena. O jogo até foi bom, rasgadinho e merecia golos. O Sporting perdeu a oportunidade de mais uma vez derrotar o seu eterno rival em pleno Estádio da luz. Coisa que até era inteiramente justa. Mas dúvidas se levantaram a um árbitro shakesperiano.

P.S.2 Gosto do António Camacho. E digo-o sem sombra alguma. Mas não me levem os benfiquistas a mal, se tomar nota aqui mesmo das suas sábias palavras: «Preocupam-se muito com o Benfica em Portugal. Vim para aqui para trabalhar e construir uma equipa forte. Estamos a tentar fazer o nosso percurso e não estamos aqui para falar de árbitros. Acho que aqui todos têm uma opinião sobre os árbitros dos jogos contra o Benfica. O árbitro apitou ou não apitou. Podia ter apitado, mas não o fez. O que vamos fazer? Acho que tem de se ter respeito pelo árbitro».
[Mas acha que há uma grande penalidade a favor do Sporting?] «É difícil de dizer. Do sítio onde estou é difícil ver e o árbitro é que tem de decidir».
Mais tarde hei-de lembrá-las. Nesse dia, ou muito me engano ou a vista de Camacho vai ter melhorias substanciais.