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quarta-feira, janeiro 31, 2007

Pequim à vista

Desculpem lá, mas não me interessa absolutamente nada a visita à China de Sócrates & Empresários à Vista, Companhia Lda.
Agora o que eu gostava muito de saber era, quais foram os resultados, os alcançados e os concretos, preto no branco, de todas as outras anteriores visitas à China e a Macau, digamos, nos últimos 15 anos.
Eu não sei, e parece que ninguém sabe, ou finge que não sabe.
Mas como todos sabemos que não é por acaso que governo nenhum se preocupa em, à posteriori, avaliar a produtividade destas visitas, no meio de tanta ignorância nasce a luz: não há nada para saber!
A não ser o facto de o nosso Ministro da Economia, andar feito parolo pela China, abismado com os arranha-céus em Pequim, dizendo que parecia que estava na Madison Avenue em Nova York.

terça-feira, janeiro 30, 2007

O cantinho mal educado # 4

«Aos seus lugares!!»: vem aí mais uma missão de negócios de Portugal!
A indústria das Saunas & Massagens, em Macau, está em alvoroço!

segunda-feira, janeiro 29, 2007

O voo da Cotovia

Tinha recebido um e-mail da Livros Cotovia onde, de entre várias novidades, aquela editora anunciava «Desmedida – Luanda, São Paulo, São Francisco e volta. Crónicas do Brasil.»
«Maravilha!» - pensei. Para além de Ruy Duarte de Carvalho, um dos meus preferidos cultores da língua Portuguesa, ainda por cima na Cotovia.
Páro aqui um pouco, para explicar melhor: a Cotovia é para mim, simplesmente, A Editora!
É a preferida. Não edita tanto como uma major, mas edita em extensíssima qualidade, tanto ao nível dos conteúdos, como das capas, de uma simplicidade e bom gosto desarmantes, e ainda do tipo de papel utilizado, fontes e mancha gráfica no seu interior.
Digo da Cotovia aquilo que o crítico e colunista John Atkinson, da Stereophile, dizia a respeito dos mais de 2000 discos da Naxos, e depois de muito porfiar a explicar porque razão todos os meses aconselhava a aquisição de discos daquela editora: - «São todos bons, comprem todos!»
Sim, porque para mim, que gosto de livros, essa paixão resulta desta conjugação feliz do conteúdo, das capas e da mancha e impressão gráfica.
(Aqui escuso-me de referir o cheiro das páginas, porque isso será já fetiche meu).
Imaginem por isso – aliás, folheiem o referido Desmedida… - e perceberão o soco que recebi no estômago.
Confesso que disto não estava à espera! Não vindo da minha Cotovia!
O Ruy é o mesmo, a sua escrita envolvente e surpreendente como sempre, de oficina, a demonstrar as possibilidades e potencialidades da nossa língua, a capa do mesmo refinado bom gosto de sempre, mas o texto impresso… Meu Deus, mas o que é que lhes terá dado ??
Sinceramente, custa-me a acreditar. É daquelas coisas que eu espero – e nem é preciso esperar muito! – de uma grande editora, com pouca identidade, mas nunca, nunca da Cotovia!
O papel passou a branco (nunca gostei dessa cor para ler, confesso!), a sua granulagem é estranhamente fina e de má qualidade, e a impressão simplesmente não faz o contraste desejado. Dá a ideia que se passarmos os dedos com algum atrito, as letras se apagam!
Corolário disto, as páginas tornam-se semitransparentes quando um pouco levantadas.
Até custa a crer!
Procurei uma explicação no final do livro, onde nas edições da Cotovia é sempre indicada a gráfica responsável pela impressão.
E… hélas!!! A Cotovia, do Bairro Alto (Rua Nova da Trindade, 24) globalizou-se. Está lá escrito, está lá tudo explicado:
Sunny Printing Group
Xangai - China
Dos livros que tenho em casa, sempre me habituei a ver a Tipografia Guerra, de Viseu, (na maior parte, e por exemplo no último que adquiri, «Os mortos enterrem seus mortos e outras histórias», de Samuel Rawet) e também a Guide - Artes Gráficas, de Odivelas (por exemplo na excelente colecção Curso Breve de literatura Brasileira).
Espero que agora não venha alguém justificar-se com a história do mau produto chinês. Sei por experiência própria, e algum conhecimento daquele canto do globo, que eles não têm só maus produtos. Têm também bons, têm muito bons e têm excelentes, ao nível do melhor que se faz no mundo. Haja para isso vontade de querer qualidade e não simplesmente pechinchas de feira da ladra.
Mas o que mais desejo – e cá vai um desejo comezinho para 2007 – é que isto tenha sido um acaso, um erro de alguém, uma experiência, sei lá, qualquer coisa que não se repita.
Senão… era uma vez uma cotovia!

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Desporto Escolar

Tinha eu dito por aqui, a propósito do velhíssimo vício de inventar problemas e fazer reformas (ah, sim, há uns 20 anos a esta parte, não há político que se preze do seu nome que não lance as – suas – reformas), particularmente no sector educação, dizia eu pois, em jeito de small is beautiful, «…insistam no português (mais literatura e menos gramatiquês), na matemática, nas ciências, na música e na educação física, e vão ver que em 20 anos a coisa muda para melhor» (bold agora) e vai daí, já depois disso, soube-se que as receitas para o desporto escolar sofreram nos últimos 4 anos, um decréscimo brutal.
Pois é!

segunda-feira, janeiro 22, 2007

A Flexidilatação das Urgências

Andava eu tão afadigado a escrevinhar um post sobre a política do fecho das Urgências no SNS, quando…. ZÁS!!, esbarrei no blogame mucho.
Escuso pois de perder mais tempo, que a inspiração até nem anda lá muita, e passa esta a ser a minha posição face ao problema.
Ou então o pessoal na parvónia que aguente uma calma, que assim já não são precisas pressas e Urgências para nada.

Sumário Lírico

Nesta janela de ver passar os barcos em vidraças,
começo devagar a reescrever o mundo quedo
que é o único que conheço e vivo, sei e de cor vejo.
Ninguém me deu outras formas que não minhas
mas deram-me todos juntos o cerne das palavras.

Reescrevo-me a mim própria sem outra alternativa.
E recordo-me dos outros de fora da vidraça, mudos
mas autores cada um no seu frasear, generosos
quando me reconheciam em muitos anos de vida.
Devedora sou, mesmo dos idos, de exangues vozes

caladas para sempre nos livros em que as lera.
Em tantas vidraças que espelharam caras, olhos
de cada olhar de imagens próprias de cada um.
Estava no longínquo fundo o mar redito, o sol,
os barcos na Barra, que também em vidros estavam.

Passa tu, golfinho, piloto cego, depois cadáver,
que talvez me conduzisse entre os barcos da Barra,
quando o dorso de prata e o gume passavam
nas horas visuais das manhãs de Junho e Julho minhas,
de par em par o olhar aberto ao ar do sol do sal.

Imagens que sempre ficais nestas vidraças,
emprestai vosso vidro e revérbero à luz
do farol extinto, em outras vidas que antes
narravam que eu era já nascida,
quando vos vi, farol, e vos guardei, imagens.

A cor de prata dos vultos é hoje negra, manchas
com a noite embebida, tantas vezes co-substancial.
É assim que a vidraça anoitece diante dos olhos,
diariamente somando anos, minutos indivisos.
Mas, cisco no vidro, pela lei da perspectiva, ponto.

FIAMA HASSE PAIS BRANDÃO

sexta-feira, janeiro 19, 2007

O cantinho mal educado # 3

Ah, já sei porque razão, Sócrates e Manuel de Pinho chegaram à Auto-Europa, baixaram as calças e oferendaram o que tinham: vem aí um novo modelo!

De cócoras

Já todos perceberam aquilo em que este governo sem dúvida nenhuma é bom. Não se trata de má vontade minha, mas sinceramente, eu preferia que o governo, se gosta tanto de grandes eventos, televisão, jornais e powerpoints, os organizasse antes à posteriori, para anunciar a conclusão de projectos e demonstrar resultados, em vez do «vamos fazer e acontecer» habitual.
Pese embora a importância que a Autoeuropa terá para a economia e para o emprego, já me parece excessivo que numa simples mudança de administração daquela empresa, o 1º Ministro e o Ministro da Economia tenham aparecido e baixado as calças sem que sequer lho pedissem.
É excessivo e é ridículo!
Mas pior que isso, é que não sabemos quanto custará ao país a obtenção de tais benefícios (reais) trazidos pela Autoeuropa a Portugal, mesmo tratando-se da empresa que é, e do seu peso na nossa economia.
Vejamos: a Volkswagen não é propriamente uma pequena empresa, nem constituída por gestores sem experiência. Estamos perante um colosso global e internacionalizado, que sabe exactamente como arrancar de países e governos aquilo que muito bem pretende. É até legítimo que o faça.
A Volkswagen tem mais know-how a relacionar-se com os governos, do que têm estes a relacionar-se com ela. Capicce??
Seja, não há jantares de borla!
E se então alguém se faz convidado e diz, não uma, mas várias vezes e de rajada, o que disse o nosso 1º ministro na Autoeuropa, o que é que acham que a Volkswagen entenderá disso?
Sinceramente, isto nem sequer é namoro.
Isto é pornografia, é hard-core, e é do 1º escalão.
E vai ser o terreno de onde nascerão as próximas e ignóbeis chantagens da Autoeuropa e dos sindicatos.
Porque as coisas para mim são claras: ou a Autoeuropa vale por si (e quem diz a Autoeuropa, diz outra empresa qualquer), ou alguém (todos nós) terá de compensar financeiramente aquilo que, supostamente, faltará ao nível dos factores de produção.
Mas se é verdade "a imagem muito positiva da Autoeuropa no seio da VW a nível mundial", como afirmou Reinhard Jung, para que foi então aquela chantagem toda há uns meses atrás, quando a Volkswagen sugeriu que poderia estar em causa sua permanência em Portugal??
E o que é que, naquela altura, o governo (já) deu em troca?
É tudo opaco como os segredos dos Deuses.
E a actuação deste governo, não é diferente da acção de todos os governos desde há 20 anos a esta parte.
E sempre que uma empresa se deslocaliza de Portugal, "ó da guarda que eles vão-se embora e levam os benefícios concedidos debaixo do braço".
Nessa altura já ninguém já se lembrará (??) muito bem quais foram.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Razão e paixão

[Foto tirada no último jogo disputado em Alvalade]

Ora deixa cá puxar a brasa ao meu Sporting.
Já se sabe que o futebol em Portugal, como negócio, não dá. Aliás, fosse este negócio de uma economia e racionalidades como são os outros negócios, ou a mesma que existe em outros países onde futebol é indústria, e já não havia nem Benficas, nem Portos, nem Sportings, para disputarem fosse o que fosse.
Até prova melhor e futura, qualquer dos 3 clubes, independentemente do maior ou menor sucesso desportivo que vão tendo, são um tremendo fiasco económico e financeiro. Mas chegados aqui…. ALTO!
É que a situação financeira dos 3 grandes, nem por isso é a mesma, e nem a sua cultura organizativa é comparável.
Nesse aspecto, a emergência de José Roquete no Sporting, há uns anos atrás, marca definitivamente, tanto em termos históricos, como económicos, sociológicos e organizacionais, o aparecimento de um novo Sporting.
Foram-se os Rochas, foi-se o homem dos bigodes e foram-se as Cintralhas. Esperemos que definitivamente, e que a contra-ciclo não apareça por aí algum salvador da pátria a oferecer não sei quantas unhas para o leão.
Neste aspecto, ao Porto e ao Benfica, falta-lhes ainda fazer este 25 de Abril, pelo qual o Sporting já passou.
É que dos 3, o Sporting continua a ser aquele clube que melhor organização apresenta, até já começando a constituir-se tal como cultura própria e identitária.
Prova disso, é não só, ser o Sporting aquele que desde há uns anos a esta parte tem a equipa mais barata dos 3 grandes (e portanto aquela que mais próxima está das possibilidades reais do nosso campeonato), como ser também o que mais e melhores talentos jovens forma (neste aspecto, desde há pelo menos 25 anos a esta parte e mesmo ultrapassando praticamente todos os clubes europeus), e ainda aquele clube que apresenta passivos mais baixos e capacidade próxima de os fazer diminuir mais ainda.
Vem tudo isto a propósito dos números que agora vêm a lume: é que neste momento, só o Sporting cresce em espectadores, sendo o único dos 3 grandes a registar um crescimento no número de espectadores, de 2005/2006 para 2006/2007, analisando os números sob todas as perspectivas: globais, média e comparativo face aos adversários.
Numa altura de cada vez maior fragilidade competitiva no campeonato, e financeira nos clubes, o Sporting faz prova da sua sabedoria comercial e organizativa, apresentado uma média de 36.048 por jogo, 5000 a mais em cada jogo relativamente ao campeonato transacto!!
Resta só saber se a bancada ululante e que por mais anos que vá ao futebol continua a não saber ver um jogo, permitirá tanta racionalidade e gestão.
O que as massas afinal querem é sempre triunfos.

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Mais experiências

Pronto, esta maltrapilha do Ministério da Educação, definitivamente, não tem emenda!
Ainda não esgotaram o chorrilho de asneirada com a TLEBS e, ena que já lá vem outra ideia peregrina: a boa nova, passa por fazer com que os alunos do 2.º Ciclo venham a ter um único professor (ainda que auxiliado por outros colegas em algumas disciplinas), e que assim, um professor apenas seja responsável pelas disciplinas de Língua Portuguesa, Matemática, História, Ciências da Natureza e Geografia.
E se mal faz, pior explica: "O importante é assegurar a continuidade educativa, evitando a transição brusca entre os dois ciclos, em que a criança deixa de ter o professor-amigo para passar a enfrentar 10 professores desconhecidos".
O problema desta malta é que, anda por ali no ME, mas de facto deviam era dedicar-se à pesca: podia ser que até tivessem alguma utilidade como isco!
Se não vejamos: já na vigência deste governo, foi criada a disciplina de Inglês para o ensino básico. Portanto, se a coisa foi bem feita, os meninos do 1 º ciclo já não terão professor único há algum tempo. Posteriormente ao Inglês, foram lançadas as bases para o ensino da música: toma lá outro professor! E vão três! E se a isso adicionarmos também o de ginástica que já vinha de trás,.. e vão quatro!
Se calhar dava jeito que os senhores do ME levantassem o rabo das poltronas e fossem dar uma volta pelas escolas.
E se ainda assim quisessem fazer experiências com as criancinhas, então que pelo menos fizessem as brincadeiras apenas com suas. Depois era apenas um problema de maus- tratos a menores e pedofilia por resolver.
Mas não! A veia criativa é mais forte.
Continua a imperar em Portugal um modo muito próprio de gerir a coisa pública e de governar: legislando e legislando.
E no entanto, a maior parte dos problemas na educação resolver-se-ão quando chegar alguém ao ME que tenha tomates, simplesmente se deixe de orgasmos legislativos e se dedique a gerir bem e com bom senso a educação em Portugal.
Equipem as escolas com materiais de qualidade, boas bibliotecas, audio-visuais e multimédia, computadores que consigam correr o xp, dêem-lhes calor para o Inverno, tornem-nas, em suma, lugares bonitos, organizados, disciplinados e aprazíveis ao estudo, reduzam as turmas para um máximo de 20 alunos, dêem e/ou obriguem os professores a ter formação todos os anos (mas nada dessa treta ideológica da escola inclusiva e da escola multicultural!), insistam no português (mais literatura e menos gramatiquês), na matemática, nas ciências, na música e na educação física, e vão ver que em 20 anos a coisa muda para melhor.
Mas tenho a impressão que isso será pedir muito, já que a vocação de um político de carreira é fazer de cada solução um problema.
E nem sou eu que o digo, é o Woody Allen.

sábado, janeiro 13, 2007

Baixo-Relevo


Luiza Neto Jorge


quinta-feira, janeiro 11, 2007

Negócio...

Sim, é um país, e está à venda!
É o Principado de Sealand, constituído em 1967, em águas internacionais, a seis milhas da costa britânica. É o mais pequeno país do mundo, com 550 metros quadrados, mas tem a sua própria constituição, moeda e estratégia de defesa contra inimigos invasores. Privacidade também não lhe falta. Nem o reconhecimento da ONU, mas desde quando é que isso é impeditivo de um país ser de facto país?
Se quer comprar um, não hesite. Está aqui o endereço online. Ofertas destas não são muito frequentes, para mais tendo em conta a alguma viabilidade económica, já que no Principado do Sealand não se pagam impostos.
Muitos outros não poderão dizer o mesmo.
Talvez seja por isso que ninguém perde tempo a colocá-los em leilão.
Juro que não estou a pensar em nenhum caso em particular!!!!

Fonte: tek.sapo

segunda-feira, janeiro 08, 2007

Blogs 2006

Em tempo de balanço, estes não serão os blogs do ano, mas são certamente aqueles que, ao longo de 2006, fizeram sempre com que visitasse mais vezes a blogosfera.
2006 foi, por outro lado, um ano fraco em termos de descobertas, não por falta de blogs de qualidade, mas sim por falta de tempo da minha parte.
A concorrência pelo tempo é grande, e muitas vezes até evito entrar em novos blogs.
Aqui ficam pois os mais de 2006:
Abrupto
Almocreve das Petas

A Origem das Espécies
Bloguitita
Da Literatura
Objectos
O Hálito Azul da Tarde

O Século Prodigioso
Rua da Judiaria

Com entrada de 2007, saúdo ainda o O Bacteriófago, do meu vertical amigo Sérgio.
Obviamente –mas igualmente pela sua qualidade- entra directamente na tabela dos mais para 2007.

domingo, janeiro 07, 2007

Cheira bem...

Nunca o Porto cheirou tanto a Lisboa!
Em pleno antro do dragão, o emblema de Alcântara, o Atlético Clube de Portugal, da série D da 2ª Divisão, derrotou o campeão nacional.
E também o árbitro de Viana do Castelo , Paulo Pereira.

sábado, janeiro 06, 2007

A Escala do Meu Mundo


João Barrento publicou estas crónicas no suplemento «Mil Folhas» do Jornal Público e na revista Ler-Livros & Leitores, entre os anos 2000 e 2004.
Por esse motivo já conhecia uma parte destes textos, muito embora alguns venham agora mais crescidinhos.
Mas mesmo que não fosse esse o caso, João Barrento vale sempre a pena.
As suas crónicas e ensaios produziram sempre em mim a vontade de ler mais, e o prazer da descoberta de inúmeros autores, ou modos novos de abordar os já conhecidos.
Para aguçar o apetite, aqui vai um naco da crónica «Escritas: Drogas» (2001) :
«Garanto que queria continuar a escrever sobre a escrita em geral, desta vez sobre os seus ópios – os estímulos, as fontes de inspiração e coisas assim. Até fui à Net ler umas passagens das Confissões de um Fumador de Ópio, de De Quincey, em versão hipertexto. Queria lembrar como muita literatura seguiu o lema de Gottfried Benn «Não precisamos da realidade!» E como tantas e tantas páginas saíram de uma madalena molhada em chá de tília (Proust), de um «Torso arcaico de Apolo» (Rilke), de maçãs podres em cima da mesa (Schiller), do tabaco e do café de Balzac, do vinho de Goethe, da teqilla de Malcolm Lowry (ou do seu herói), do whisky de Batista Bastos ou de José Cardoso Pires (e escrevo assim e não «uísque», porque o Zé Cardoso Pires o tomava muito em bares com nomes ingleses, o English Bar do Cais do Sodré ou o Snob da Rua do Século) – isto, para já não falar do sexo em Henry Miller, do ópio de De quincey, do haxixe de Baudelaire e Benjamin ou da marijuana e do cannabis dos iluminados de 68.Mas de repente dou por mim a olhar para o nosso quintalinho literário e a perguntar-me: que se passa? A literatura tornou-se sóbria? Os escritores já não precisam de estímulos? A realidade, agora a cores, basta-lhes? É ela o grande ópio? Não se vê ninguém falar da santa aliança entre estímulos espirituosos e o trabalho do espírito. Quase tudo sóbrio e a trabalhar por obrigação. Acabaram-se os O’Neill e os Pachecos (o Luiz e o Assis), os cafés e as tertúlias de onde se saía, ou de gatas ou com a cabeça cheia de ideias para escrever, ou as duas coisas juntas. Grande parte da literatura caiu nas malhas de uma triste engrenagem comercial que se julga alegre e viva, mas é cinzenta e anémica. Ninguém arrisca uma gargalhada forte, satírica, a poesia anda melancólica, a prosa vive de memórias, o ensaio, depois do vigor de Eduardo Lourenço, academizou-se (e por mim falo). Falta-nos seiva (vamos buscá-la, de vez em quando aos livros de Maria Gabriela Llansol), falta-nos o descaramento do sátiro, a verve visceral, o humor certeiro – sempre vamos lendo o «Fora de Mercado» do Jorge (Silva Melo). A literatura que se faz será séria, sólida e serena, mas raramente nos desafia ou faz estremecer. Está aficar frouxa. É dos tempos.Salvam-se, e salvam-nos, os poucos que ainda sabem rir – o Armando (Silva Carvalho), que goza connosco e consigo próprio como ninguém, o Vasco (Graça Moura), que tem aquele jeito de pôr a erudição em cuecas sem que a erudição perca a nobreza e sem que as cuecas fiquem pretensiosas ou pirosas, a Adília (Lopes), que nunca ri, mas escreve às risadinhas e de forma insuperavelmente desopilante.»
Já agora, a não perder também o Barrento blogosférico com o seu Escrito a Lápis.

O cantinho mal educado # 2

Upss…!!
Soube-se hoje que o Exército dos EUA convocou por carta 75 soldados mortos.
O pessoal da Al-qaeda que se ponha a pau que a partir de agora isto começa a piar fininho.
Vêm aí os zombies!

sexta-feira, janeiro 05, 2007

Andará dopado??

Ok, sou suspeito. Sou "lagartão".
Mas sinceramente, o Benfica merecia melhor.
Luís Filipe Vieira está quase a receber o prémio da asneirada, em Portugal. E convenhamos que, com os cromos que por aí grassam, sobretudo na política, a coisa até nem é fácil.
É que o homem cada vez que abre a boca, nem a mosca tem oportunidade de lá entrar, tal é o chorrilho que debuta.
Aquele estilo "segurem-me senão vou-me a ele", ou "comigo ninguém brinca", já deu uvas, vinho e agora até é vinagre.
Aposto que o Gato Fedorento esta semana vai ter muita dificuldade em fazer melhor.
A propósito do caso de doping do Nuno Assis, o homem torna-se arauto da nossa nacionalidade e vai daí dispara:
# O secretário de Estado [Laurentino Dias] está contra a sua Federação e o seu próprio país; contra um clube [Benfica] do seu próprio país; contra um atleta que representa um clube do seu próprio país.
# Repito: este caso não morre aqui.
# Aguardem mais uns dias e depois falaremos.
Que belo colar se faria com estas pérolas!
Estou para mim que, se Nuno Assis se dopou –e há todas as razões para pensar que sim- 1 ano de suspensão até é pouco.
E dizê-lo alto, isso sim, seria defender todos os outros, seus colegas do Benfica e de todos os outros clubes, que não se dopam.
Ou então, no mínimo, estar caladinho.
Mas como já todos sabem, pedir isso a LFV é pedir o impossível.
Por ali mandam o ego, o umbigo, a saloiada e o marialvismo.
Não havia necessidade.

Uma questão de trocos

Ninguém está livre do erro, e tal faz mesmo parte da vida.
Um certo pessimista dizia mesmo que a vida é um erro. Mas adiante.
Quando em algum estabelecimento comercial fulano se engana a entregar-me o troco, não depreenderei obviamente que o engano é premeditado, mormente naqueles (a)casos em que sou eu o prejudicado.
Prova da contingência, da falibilidade e do arbítrio dos trocos, é que outras tantas vezes o engano é a meu favor e a prejuízo do comerciante.
Mas se em determinada loja, sempre que ocorre o erro ele joga infalivelmente a favor de quem faz o troco, então aí o acaso passa já a ser um caso.
De má fé, obviamente.
Passa-se o mesmo no desporto. Os erros de um árbitro que com estranho rigor se engana sempre para o mesmo lado, não são da mesma ordem de carácter daquele que asneirou para os dois lados.
Vem isto a propósito das contas do deficit.
Desde o pós-Guterres, quando o deficit chegou à nossa casa como um familiar a quem não convidamos e de quem gostávamos muito mais quando estava lá longe, não tem havido governo neste país que não tivesse demonstrado perante a opinião pública que a matemática, ao contrário do que se julga, é muito mais uma arte que uma ciência.
Infalivelmente, mais mês menos mês, acabamos sempre por descobrir que o governo se enganou no troco, e que o truque, à laia de desculpa, é sempre o mesmo: apresentar a coisa como assunto muito técnico, para com isso o retirar do julgamento do comum dos cidadãos. Para isso chama-se uma comissão de peritos, agenciam-se uns quantos opinadores – na verdade nem é preciso, pois há sempre gente disposta para isso – de modo a criar no cidadão a ideia de que nem os “especialistas” estão de acordo. POC para ali, POC para acolá, e com isso relativizam-se as engenharias financeiras dos governos.
Mas quando olhamos para a nossa mão, mais uma vez constatamos que o engano ocorreu, mais uma vez, no mesmo sentido.
O homem ao balcão já não é o mesmo, mas é tão aldrabão como os anteriores.


TLEBS 2007

Vasco Graça Moura não larga a TLEBS. E faz bem!

Literaturas

Começou a maratona para os melhores livros de 2006.
Francisco José Viegas criou este blog, para quem queira votar e acompanhar de perto.
E ao fim do Livro Aberto, programa da RTP2, FJV compensa-nos com a promessa de voltar a reatar o Gávea.
Já esfrego as mãos. Eu e todos os que gostam da literatura do outro lado do atlântico.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

2007

Retornei, e cheio de energia alcalina.
Foram quase 15 dias disto


e disto,

e mais disto

A província já não é o que era, mas ainda é qualquer coisa.