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terça-feira, janeiro 31, 2006

O dever da inconfidência?

José Sócrates voltou a insistir, desta vez na Assembleia da República, que o ex-coordenador do Plano Tecnológico, José Tavares, terá passado informações confidenciais sobre o projecto M.I.T., e que não o poderia (ou deveria) ter feito na qualidade de funcionário público.
Já anteriormente havia referido que, na minha opinião, José Tavares falou como cidadão e que essa qualidade – de cidadania - precede, naturalmente, qualquer outra. Sobretudo quando se está em pleno fórum de debate de ideias, como era o caso.
Bom, mas partamos então do princípio que José Tavares terá, de facto, violado esse propalado dever de confidencialidade, ou de reserva. Como será bom de ver, o prejuízo – se houve - foi todo direitinho aos esquemas palacianos de alguns caseiros, que congeminavam para que as benesses do projecto servissem para mais uma boda de comensais. E o benefício de alguém ter eventualmente quebrado as regras, irá muito para o próprio País, já que agora o governo não terá grande margem de manobra para “flexibilizar” o projecto M.I.T. e assim desvirtuá-lo completamente, que é o que sucederia se José Tavares não tivesse intervindo, trazendo o mesmo para o domínio público. É que a comunicação social (aquela que quiser) estará provavelmente agora mais atenta às eventuais "derivas" de tão importante projecto.
Uma das conclusões à volta dos deveres dos servidores do Estado, é obviamente aquela que todos os funcionários públicos com experiência sabem deste sempre. Isto é, que este dever de confidencialidade foi sendo, gradualmente, transformado numa das rodas da engrenagem da tomada do Estado pelos 1001 interesses privados e comezinhos de muitos dos seus dirigentes. Há muitos, muitos anos, que este dever de segredo objectivamente protege as tropelias de todos aqueles que usam o Estado para promover os seus interesses particulares e dos seus amigos.
Não fossem aliás os funcionários públicos tão respeitadores (ou tão coniventes em outros tantos casos), e há muito tempo que a reforma das mentalidades já se teria iniciado em Portugal, como é imperativo que o seja! Seria pela força do escândalo, mas paciência!
É também por essas e por outras que, no deve e haver de benefícios e prejuízos, também prefiro que se acabe com o segredo de justiça.
Assim como assim, sempre vamos sabendo o que é este grupo de rapazes “bem” comportados trás vestido por baixo.
Foi por exemplo assim, que um dia ficamos a saber o que é que alguns de facto pensam do segredo de justiça !!
Um simples e recente exemplo: fosse o dever de confidencialidade aquilo que o nosso 1º ministro quer que seja (e, já agora, não tivesse havido um jornal a mostrar as vergonhas de uns tantos), e ainda andava pelo Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça uma tal “funcionária” escolhida segundo os habituais e transparentes critérios de competência. Ela e os altos quadros que a recrutaram!

segunda-feira, janeiro 30, 2006

New Year Approaching

Zhang Yong

domingo, janeiro 29, 2006

Benfica 1 - Sporting 3

Em plena "catedral".
OBRIGADO SPORTING!!!

sábado, janeiro 28, 2006

mais "amiguismo"!

Ainda mais do mesmo. Do mesmo país. No da literatura, com outros links. Recomenda-se a leitura.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Tantos teatros!

Há coisas que não se explicam, razão porque nunca expliquei o nome – "insustentável" – deste blog. Não o quis empobrecer. Mas, obviamente (ou talvez não), uma das razões de tal nome é de significado Político (no sentido maiúsculo do termo, e esperemos, também mais nobre). Não é pois o “insustentável” da situação actual - económica e orçamental - do País, mas sobretudo algo bem mais estrutural, e que vai perdurar, muito naturalmente, para além da própria durabilidade deste blog: os Portugueses, eu incluído! Esses insustentáveis!!
Quem aqui, a este blog tem vindo com alguma regularidade, há-de ter percebido que o inimigo nº 1 do insustentável é o «amiguismo», esse nosso alforge, onde se disfarçam em virtudes públicas, os vícios privados das relações de amizade.
Vem isto agora a propósito da crónica de Eugénio Lisboa, sobre o bruá à volta do caso do Teatro Nacional D. Maria, no último JL (18 a 31 de Janeiro). Crónica digna de ser lida na íntegra já que, na minha opinião, expõe uma parte da engenharia social do amiguismo, paradigma de funcionamento de todo o país (máquina governamental, pública, mista e privada).
Não podendo transcrevê-la na íntegra, cabe no entanto aqui a cópia de alguns parágrafos:
“É inimaginável o número de usual suspects que vivem literalmente suspensos das mudanças de Governo e, consequentemente, de novos ministros, para se atirarem – sem subtileza – ao telefone, fazendo saber aquilo que, desta vez, «querem».
E não são sequer desempregados ou vadios. Têm profissões sólidas e até aparatosas (professores universitários, jornalistas que dão nas vistas, economistas) – mas não acham que os cargos que exercem tenham suficiente «chic» e os ponham suficientemente na ribalta e no centro do câmbio de favores. Em suma, não rendem a longo prazo, nem rendem muito a curto prazo.”
“A quantidade de gente que já uma vez foi director-geral, ou presidente ou conselheiro cultural ou de imprensa e que, por isso, seria uma vergonha, ao deixar de sê-lo, voltar simplesmente ao cargo anterior de professor ou jornalista ou caixeiro-viajante – é inimaginável. E as «soluções» que, com a cumplicidade do Estado, se inventam para sustentar a vaidade e vacuidade desses egos à custa do contribuinte mereceria também a atenção desperta de bons inspectores ou auditores. O antigo primeiro-ministro britânico, Harold Macmillan, talvez o mais bem sucedido e notável primeiro-ministro britânico depois da 2ª Guerra Mundial, o big Mac do famoso «they never had it so good», na manhã do dia que se seguiu a deixar o cargo em que tanto se notabilizou, foi visto, de guarda-chuva na mão, na fila de uma paragem de autocarro, humildemente aguardando o transporte público que o levaria ao seu escritório de Londres.
É esta simplicidade sublime – ou simplesmente natural – de quem conhece bem as regras do jogo democrático que falta aos nosso pacóvios petits maîtres, que se julgam miraculados por qualquer cargo de notoriedade merecidamente efémera. Um ex-director geral ou um ex-presidente sente muita «vergonha» por regressar ao posto que era o seu antes da ascensão que sabia, desde o princípio, ser de duração limitada. As vergonhas que se sentem também ajudam a definir as pessoas.”

P.S. Sobre este caso específico - do Teatro D. Nacional Maria II - já não estarei tão à vontade a respeito da bondade das medidas da senhora ministra. A experiência tem demonstrado que medidas com aparência de profilaxia, mais não são que a substituição de velhos micróbios por novos vírus, sempre de estirpe mais maléfica e «perfeita» que a anterior. É a lei da natureza, produzir organismos cada vez mais adaptativos, sempre que a ecologia assim o exija. Em suma, é a vida!

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Parágrafo Final às Presidenciais

A maior derrota de Mário Soares não foi o ter ficado em 3º lugar, com escassos 14% dos votos expressos, mas sim o ter sido o responsável principal e objectivo da vitória de Cavaco Silva.
A tenacidade do desempenho do alto dos seus 81 anos, perdurará provavelmente na História, mas igualmente na História ficará o facto de ter sido ele o responsável da chegada do primeiro Presidente da República, de direita, ao Palácio de Belém, no pós-25 de Abril.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

O alinhamento dos 4 canais!

A noite eleitoral não correu bem. Não, obviamente, porque tenha havido ganhadores e perdedores. Mas sim porque estes últimos não estiveram à altura. A configuração dos resultados finais foi o pior que poderia ter acontecido ao Partido Socialista e ao 1º Ministro. Não só porque Manuel Alegre ficou destacadíssimo à frente de Mário Soares, mas sobretudo porque Cavaco Silva ganhou à tangente. Outro resultado mais expressivo do Presidente agora eleito, teria permitido ao PS minimizar os danos, justificando que a vitória de Cavaco era dado adquirido, fosse qual fosse a escolha do Partido. Mas não foi isso que sucedeu. O tipo de vitória que Cavaco alcançou é de modo a considerar que, se o PS tem apoiado Manuel Alegre como chegou aliás a prometer, o perfil deste candidato seria de molde a esvaziar as candidaturas do PCP e do BE. E não será abuso dizer que agora Manuel Alegre poderia estar na 2ª volta ou quiçá ter sido eleito Presidente da República logo à 1ª.
Estes resultados são tão nefastos para o PS, que mais uma vez, tanto o partido como principalmente o seu líder, não estiveram à altura da situação.
A “intromissão” de Sócrates no discurso de Manuel Alegre diz bem da falta de encaixe democrático do nosso 1º ministro; e a justificação ridícula e infantil de que não sabia que Manuel Alegre tinha iniciado o seu discurso, diz ainda melhor do que pensa o nosso 1º ministro de todos nós!
E para cúmulo, os 4 canais generalistas (RTP1, RTP2, SIC e TVI), decidiram acordar-nos a todos para a democracia em que vivemos: sem grandes hesitações tiraram Manuel Alegre do ar, e puseram José Sócrates! Se algo mais queríamos saber sobre o estado de alinhamento governamental em que vive a nossa comunicação social, a prova está dada!
E justificar (como hão-de alguns justificar) tão flagrante delito, tão grave opção, com as funções de cada um dos intervenientes, sobrepondo em importância José Sócrates a Manuel Alegre, diz ainda mais da nossa comunicação social, do que se ela estivesse calada!
Senão vejamos:
# Estamos a tratar de eleições presidenciais;
# Alegre é um dos candidatos a essas eleições;
# Protagonizara a única e grande surpresa da noite;
# Classificara-se em 2º lugar, com «apenas» 20% dos votos, sem apoio de qualquer partido;
# Foi o protagonista responsável dos grandes derrotados da noite: PS, Sócrates e Soares;
# Era o único candidato, excepção para Cavaco, que ainda não se havia expressado;
# E iniciou a sua intervenção antes de Sócrates.
Pois bem, mesmo assim ainda se procura justificar a opção que as televisões tomaram???
Mais palavras para quê?

domingo, janeiro 22, 2006

Revolutionary Romanticism

Yue Min Jun_Revolutionary Romanticism
Yue Min Jun

sábado, janeiro 21, 2006

Reflexão

Aproxima-se o dia D, e conforme aqui prometido, cá vão as razões de ter optado pelo candidato «Branco». Antes de mais, esta é de facto uma escolha honesta e sincera, pois quem vota no Branco é porque vota descaradamente contra todos os outros! Escuso pois de fingir que não voto contra ninguém. Voto sim senhor! Voto contra Alegre, Cavaco, Garcia, Jerónimo, Louça e Soares. E o facto de os ordenar pela ordem mais democrática, diz exactamente que desgosto de todos medidamente!
Comecemos pois, caros visitantes do Insustentável.
Não voto em Alegre porque não voto em alguém só porque é poeta, escritor, pessoa culturalmente relevante, ou amante das artes, letras e ideias. Para mim não chega! É preciso ter algo mais, e Manuel Alegre definitivamente não tem. Ou melhor, aquilo que tem a mais, é exactamente uma, das 2 ou 3 coisas, que mais abomino na política: a sua fidelidade partidocrata. Alegre sempre foi homem do sistema e do aparelho. Não o é neste caso apenas… circunstancialmente! Além disso, cultiva demasiado a táctica do quadrado. É a consciência da nação, mas com o complexo do grilo falante. É passado e está ultrapassado!
Não voto em Cavaco porque o homem não vai salvar a pátria, e é mentira que a pátria precise de ser salva. A pátria está velha, caduca, refinada e retinta, mas pelos vistos cá se vai aguentando por pior que lhe façam. E não é confiável, tal como todos os homens de grande umbigo: conspirou na sombra contra o seu partido, apunhalou-o (Santana Lopes) em artigos opinativos laboriosamente rendados e dados à luz em tempo cirúrgico, assobiou para o ar não indo a congresso expressar aquilo que dedilhava às escondidas, e em plena campanha foi o primeiro a abandonar o seu partido quando menos disso o partido precisava. Demasiado oportuno para meu gosto. Ná, o homem não é o timoneiro, é o rato!
Não voto em Garcia porque quem entra atrasado na corrida presidencial, é porque não vem para ganhar. E caramba, eu sei que a vida não está fácil, mas é preciso estar sempre tão zangado???
Não voto em Jerónimo porque é do PCP, e porque o PCP é, infelizmente, o partido mais transparente do mundo! Tão transparente que nada nele se vê o que por lá se passe!! Mas uma palavra de simpatia: esteve quase a conseguir o meu voto! É honesto, trabalhador, inteligente e sabe-se de onde vem. Só não se sabe para onde iria, se ganhasse as eleições. Bola no poste!
Não voto em Louçã porque é populista demais. Fala tão facilmente daquilo que sabe (e quando sabe, até sabe bem!), como fala com igual desenvoltura do que não sabe. Sabe para onde vai, mas será que sabe que não sabe assim tanto??? Mas dou-lhe algum mérito. É lutador e muito muito profissional.
Finalmente, não voto em Soares porque é homem para quem vale tudo em campanha (e até fora dela!). Chegou aliás à corrida presidencial a cavalo em mais um dos seus golpes à la carte. E para mim, a política é filha da ética. É demasiado palaciano, no mau sentido do termo (tem este termo algum bom sentido?). Mas sobretudo porque tem aquilo que mais abomino neste nosso rectângulo: tem amigos a mais, no sentido luso da palavra, i. e., anda com eles para todo o lado, e gosta muito mais deles do que gosta de Portugal. Leva apenas o prémio juventude, não propriamente porque tenha calcorreado mais que os outros (isso cheira-me a «ideia-feita»), mas porque se recusa a calçar as pantufas e a ir jogar às cartas para o banco do jardim. E que viva muitos e longos anos mas bem longe da presidência.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Ranking da melhor campanha

::1º lugar – Jerónimo de Sousa
Um «monstro» no contacto de rua, no à-vontade, na informalidade. Transmite autenticidade por todos os poros, e apesar do património que carrega às costas, raramente cai no politicamente correcto. Uma campanha afinada e com a capacidade de mobilização habitual. Um pavilhão Atlântico impressionante!
::2º lugar – Cavaco Silva
Campanha organizada, mas com um candidato que não arrisca. Será que petisca? Erro na cor do candidato nas transmissões televisivas dos comícios, provavelmente devido à cor vermelha demasiado forte por trás (cenário): sabemos que não tem a melhor das cores, mas também sabemos que aquele amarelo de arenque fumado não é a sua cor natural! Boa prestação no debate com Soares, demonstrando nervos de aço. De positivo o facto de não ter cometido nenhuma gafe!
::3º lugar – Francisco Louçã
Pelo grande profissionalismo e dedicação do candidato; com intervenções claras, objectivas, ponderadas e equilibradas; pelo design gráfico da candidatura.
::4º lugar – Manuel Alegre
Má preparação do candidato. Refugiou-se demasiadas vezes nas larachas do costume (poesia; anti-fascismo, anti-partidos, etc.) e daí não arredou pé. Dificuldades de mobilização. Apesar de tudo uma imagem global positiva, ajudada por não atacar demasiadas vezes os outros candidatos e por uma boa presença e voz à Fischer-Dieskau.
::5º lugar – Mário Soares
Estratégia forte, mas errada, essa de atacar permanentemente Cavaco Silva (dizendo ou não o seu nome). Foi um erro que talvez custe esta eleição. O confronto, no debate com Cavaco, foi um flop dos grandes. Grandes dificuldades organizativas nos contactos de rua, que fez com que o candidato por diversas vezes se tenha refugiado em pastelarias. De positivo o facto de ter cometido várias gafes, mas a comunicação social não se ter aproveitado das mesmas!
::6º lugar – Garcia Pereira
A campanha cabine telefónica: demasiado solitário para ser verdade! Sem estratégia.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Paixão tecnológica II

anteriormente me tinha referido às paixonetas dos nossos governos: primeiro a educação e agora a tecnologia.
Ontem, o ex-coordenador do Plano Tecnológico, Luís Tavares, não esteve com meias medidas e indagou, à frente de todos, o 1º ministro sobre o veto de gaveta que estava a ser feito ao Projecto MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Já em Dezembro o Diário Económico havia referido a existência de entraves, no interior do governo, a este projecto, pelas elevadas razões de Estado do costume. Ontem, em plena mesa redonda organizada pelo “The Economist”, ficamos mais uma vez a saber no que é que dão estas paixões: José Sócrates tem o dito engavetado, naquela que é praticamente a única possibilidade de concretização de algo palpável do seu Plano Tecnológico.
Sabemos agora também quem é o empata. Para quem conhece algo do meio, saber-se que o cardeal é o ministro Mariano Gago, não é novidade nenhuma.
Entretanto, as afirmações posteriores feitas por Carlos Zorrinho, actual coordenador do Plano Tecnológico, não são de modo a sossegar ninguém. Por esse motivo as transcrevo aqui:
«Portugal vai ter uma rede de ligação entre as universidades e as empresas com ou sem a vinda do Massachussets Institute of Technology (MIT). A decisão está tomada. A rede é mesmo para ir para a frente, a dúvida está em saber se o processo envolverá ou não o MIT, embora o Governo esteja neste momento a negociar com o instituto norte-americano para que isso aconteça».
Bom, mas este episódio tem quanto a mim uma leitura tão importante como aquela que, mais uma vez, dá conta do modo como Portugal, sistemática e displicentemente, e avisados que estão os nossos governantes, perde excelentes oportunidades.
A primeira questão a que chamaria a atenção, é a da falta de categoria política (no sentido lato e nobre do termo) dos nossos governantes, e do modo como laboriosamente transportam os seus interesses pessoais, particulares, familiares e de grupo, para o governo e para o Estado. Estes complexos de quinta e de quintal mais não são que a expressão disso mesmo. Mariano Gago quer que apenas o seu Instituto Superior Técnico tenha a exclusividade da parceria com o MIT. Só que a ideia do MIT é diferente: quer recrutar investigadores junto de todas as universidades nacionais.
A segunda questão tem a ver com a atitude de José Tavares. Muita gente terá achado mal este ter confrontado publicamente o 1º ministro naquele lugar (público, à frente de todos, inclusive dos órgãos de comunicação). Ora, é minha opinião que o ex-coordenador do Plano Tecnológico foi desprendido e leal. Desprendido porque sabe que entrou naquele momento na lista negra dos não ministriáveis, não secretáveis, não directáveis! Neste momento, Luís Tavares é personna não grata pelo establishment governamental, do presente e do futuro, seja ele de que partido for! E leal, porque foi leal a quem tinha de ser: a Portugal!
Sabe-se que esta não é a cultura da nossa classe política. Quem sai de um governo ou de algum lugar apetecível de nomeação governamental, mesmo que saia em conflito com todos, mesmo que pense que tinha a razão do seu lado, mesmo que tenha sido humilhado e objecto de algum enxovalho, pensa 2 vezes e nunca explica porque saiu. Sai sempre "por razões pessoais", "por razões familiares", "por cansaço", ou porque determinado projecto "entrou numa nova fase que requeria um outro perfil". O destino de Luís Tavares é o destino de todos aqueles que chegam a posições de Estado, mas querem continuar a ter vida para além da política. Que procuram ser independentes e inverter as prioridades da nossa nomenclatura, colocando o Estado em 1º e não em último lugar. Nunca mais ninguém o chamará para lugar de responsabilidade! É o que dá ter curriculum, não vender a sua competência a ninguém, e pensar pela sua cabeça!
Veja-se o destino do Plano Tecnológico e a evolução do perfil dos seus diversos responsáveis. À terceira foi de vez: Carlos Zorrinho vem umbilicalmente do PS. Já deu pois provas da sua fidelidade.
P.S. Uma questão menor, diz-nos do extraordinário fervor democrático do nosso 1º ministro. Respondeu a quente, não se controlou e disparou a farpa dizendo que esta decisão não será tomada por um funcionário público. Ora, José Tavares não o interpelou na qualidade de funcionário público. Alguém tem de lembrar a José Sócrates que a cidadania tudo precede.

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Excel

Sobre o processo Excel, Casa Pia, ou Souto Moura, conforme preferirem, vale a pena ler este naco no Portugal Profundo: um esforço para iluminar a golpada em curso, pelos inocentes do costume.
Entretanto, o silêncio público actual de todos aqueles que à primeira penduraram Souto Moura, será indiciador de caldos de galinha ou de conspiração palaciana?

Santana sobre Sampaio e Cavaco

O homo horribilis Santana Lopes, no DN de ontem.
Sobre Sampaio:
«Mas é também elucidativo o que representa, a nível institucional, a revelação de telefonemas para militantes do PPD/PSD enquanto tratava do assunto com Durão Barroso.»
Sobre Cavaco:
«Como disse atrás, não recuo. Não declarei, nem declaro, qualquer apoio a Cavaco Silva. Mas também não o ataquei, nem ataco. Aliás, Cavaco Silva será o primeiro a compreender que se tenha esta posição porque também não declarou qualquer apoio em Fevereiro de 2005.»

terça-feira, janeiro 17, 2006

5 estrelas para Jerónimo de Sousa!

Penso que a comunicação social não estará a dar o devido valor à campanha que Jerónimo de Sousa está a fazer, particularmente nos seus contactos de rua.
Este Jerónimo de Sousa não bate aos pontos apenas este Mário Soares; ele dá uma cabazada, e das grandes, ao Mário Soares dos bons velhos tempos. O contacto fácil, a disponibilidade, a informalidade, a simpatia, a empatia, o dito fácil, são apanágios de um verdadeiro «animal político». 5 estrelas para Jerónimo de Sousa!

domingo, janeiro 15, 2006

O silêncio dos inocentes

Não existe um caso Facturação PT. Existe sim um caso Souto Moura. E este caso fede, e fede há tanto tempo, que já não há opiniões inocentes. Também eu, verdade se diga, até já faço por esquecer as calinadas (que as houve) do MP. Aqueles que há muito tempo pedem a cabeça do procurador não perdem uma oportunidade que seja. E de tanto o fazerem já têm a sua própria cabeça metida de tal modo no assunto, que estão, neste momento, incapazes de uma análise mais racional. Acontece a todos! Ver fazedores-de-opinião, jornalistas, blogueteiros, etc., tão prezados pela opinião pública, perderem completamente a sua objectividade e lucidez habituais, é estranho, muito estranho, mas acontece. Agora, e uma vez mais, atiraram-se com tanta sofreguidão à carniça, pensando que desta vez é que o homem estava morto, que até dá dó ver a sua enormíssima frustração por se ver gorar tão grande oportunidade. Essa de a PT vir afinal assumir a responsabilidade pelo sucedido, é que não deu jeito nenhum!
Creio no entanto, malgrado o que se venha a concluir deste último sucedido, que a máquina já está em movimento e será imparável. Provavelmente, mesmo inocente, Souto Moura desta já não se safa. O sistema é mecânico, frio e inexorável. E prepara-se para arranjar alguém que, no futuro, proteja melhor as amplas liberdades da nomenclatura instalada. Alguém que nada faça, que como se sabe é o único caminho para em nada se errar!

sábado, janeiro 14, 2006

Drunken Groom

Drunken Groom
Wang Yi Dong

quinta-feira, janeiro 12, 2006

«Por vezes, meus filhos, o melhor da pátria»

Por vezes, meus filhos, o melhor da pátria
é estarmos longe dela, para melhor a podermos
amar e odiar, para melhor nos esquecermos dela
enquanto a lembramos e desejamos. Como hei-de
explicar-vos isto de forma que não vos magoe
nem vos torne hostis à terra que vos deu nome,
e língua, e memória, e saudade?
Eu fui capitão das naus, navegante das mil estrelas,
da noite dos mares, e agora perco-me em terra,
alvoraçado pelos amores que não sei manter,
pelo desejo que não ouso confessar,
pelo medo que me amortalha a luz da voz.

Wenceslau de Moraes

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quarta-feira, janeiro 11, 2006

E o óscar vai para....

Mário Soares anda mais crispado que Cavaco Silva, e ainda mais zangado que Garcia Pereira. É obra!!

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Amor com amor se paga

Santana Lopes veio pagar ao Sr. Silva com a mesma (boa) moeda, prevendo que, com Cavaco na Presidência, se aproximam momentos de instabilidade e conflito com o Governo.
E melhor esclareceu: "Se ele [Cavaco Silva] for eleito, as pessoas ficam sem saber quem manda no país - Cavaco Silva ou José Sócrates".

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domingo, janeiro 08, 2006

Paixão tecnológica

Sou dos que acreditam que só um apoio muito sustentado e consistente à "educação" e à "tecnologia e inovação", poderão dar a Portugal as pernas de que precisa para tentar romper com as suas amarras e condicionalismos indígenas. Curioso é que têm sido os governos PS, quem programaticamente mais se tem aproximado desta visão. Mas valha-nos a verdade que mais valia que nunca o tivessem feito! É que a educação, no consulado Guterrista, teve o destino trágico que todos sabemos e que aliás é próprio das grandes paixões. Ainda por cima com graves repercussões de credibilidade para o futuro: a partir de agora, partido nem governo algum se atreverão a falar da paixão pela educação. Agora, Plano Tecnológico, é o nome da nova paixão e a coisa promete! Em escassos meses de governação, o dito plano já teve 3 responsáveis 3: José Tavares, Miguel Lebre de Freitas e Carlos Zorrinho.
Por muito menos se falava há pouco tempo de trapalhadas!
E o que isso parece representar de completo desnorte, é agora confirmado pelo relatório sobre o referido Plano Tecnológico, do Grupo de Alto Nível (GAN), uma entidade que tem como missão facultar à Associação para a Promoção e Desenvolvimento da Sociedade de Informação (APDSI) uma avaliação qualitativa e quantitativa da acção governamental na área da Sociedade de Informação. A adjectivação desse ralatório é o oposto da propaganda governamental: "muito vago"; "falta de coerência e harmonia de que o plano padece deixa a descoberto a ausência de articulações integradoras entre os programas de abordagem aos vários sectores"; "dificuldade de medição e auditoria no Plano Tecnológico, não sendo clara a relação entre as metas estabelecidas no mesmo e as medidas para as concretizar"; "ausência de liderança"; "perspectiva deficiente da Sociedade da Informação, não a reconhecendo explicitamente como eixo de desenvolvimento"; "articulação insuficiente com a modernização administrativa do sector público"; etc. etc. Não estamos já no reino suave da opinião mais ou menos impressionista, mas sim no campo de uma avaliação alicerçada na leitura integral do extenso documento (coisa que muito pouca gente fez), e traçada com rigor e objectividade. Aqui, aqui, aqui...

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sexta-feira, janeiro 06, 2006

mais links

Os Anjos e Demónios transferiram-se para a cidade de deus. É a transferência mais sonante e eclética da época. Bem vindos ao blogspot.

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O fabuloso destino dos amigos

k_independente O Independente noticiou a contratação, pelo Instituto de Gestão Financeira do Ministério da Justiça, com os usados critérios do amiguismo em que a máquina pública e todo o país são aliás proficientes, de mais um daqueles recursos humanos de top (salário próximo dos dois mil euros, contrato de três anos, nenhum concurso público, zero de experiência).
Talvez porque o descaramento não seja tanto, mas sobretudo porque já terá esgotado o seu plafond para os amigos, desta vez o Ministério da Justiça reagiu, e acaba de anunciar a demissão da funcionária Neidi Becker bem como a do responsável pela sua contratação (funcionário menor, como é da praxe).
Mas convirá talvez não dar já por encerrado o assunto, sem pelo menos 1 ou 2 reflexões. A primeira é para lembrar que este tipo de organismos autónomos foram criados exactamente com o argumento de que passariam a possuir a flexibilidade de gestão, de recrutamento (e outras flexibilidades) que outros organismos públicos não possuem; assim, podendo evitar a grande maçada burocrática que são os concursos e outros mecanismos para recrutamento de pessoal, esta autonomia serviria para contratar melhor e mais rápido. Cá está pois o resultado desta excelente ideia: assim sempre podemos contratar os amigalhaços mais rapidamente e pagar-lhes inclusive melhor.
A segunda reflexão serviria para questionar até onde termina a responsabilidade pela contratação da amiga! Quem conheça o que é a administração pública, o que é o país e o que são os portugueses, certamente não desconhecerá que outros cordéis, feitos de lealdade, cumplicidade, e subserviência prendem o responsável pela contratação a outros responsáveis ainda maiores do citado organismo. E isso paga-se com o silêncio. É aliás para isso que servem os amigos!

P.S. (ah, até tem piada!!!) - Acabo de chegar a casa e ver em rodapé que o Presidente do Instituto também se demitiu!!

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quinta-feira, janeiro 05, 2006

O "queixinhas"

Mário Soares queixa-se de falta de isenção da comunicação social, e da SIC em particular. A acusação tem tanto de ridícula como de surrealista. Sem recurso a grandes sistematizações e levantamentos, e portanto também com alguma carga de subjectividade, tem-me no entanto parecido exactamente o oposto. Isto é, Mário Soares é de todos os candidatos, aquele que melhor tem sido tratado pela comunicação social (inclusive pela SIC). E Manuel Alegre aquele que mais prejudicado tem sido. A própria reacção da comunicação social a essas mesmas acusações, é aliás disso o exemplo mais acabado. É espantosa a complacência, a condescendência, por parte da generalidade dos órgãos de comunicação! Inclusive a reacção da própria SIC, que no seu noticiário mais nobre, se limitou a ler um curtíssimo comunicado. Desta vez não houve sequer o habitual recurso ao texto no ecran, com destaque das suas expressões mais importantes, como é costume as televisões fazerem, sempre que alguém formula acusações com metade da gravidade destas. E não é preciso recuar muito no tempo. No curto consulado de Santana Lopes, os episódios RTP/Morais Sarmento e TVI/Rebelo de Sousa, foram interpretados por rádios, televisões e jornais como atentatórios da liberdade de imprensa e outros epítetos do género, e tiveram o tratamento que todos sabemos, com recurso a debates, mini-debates, convidados nos telejornais, colunas de opinião nos jornais, etc. etc. A Mário Soares tudo se desculpa, e não será certamente pela sua idade.

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quarta-feira, janeiro 04, 2006

SLB e FCP

Luís Filipe Vieira, depois de ter arrancado bravamente das garras do Dragão (e vamos acreditar que terá sido assim) esse guarda-redes de nome Moretto, poderia ter chegado a Lisboa e, com a distância própria da classe, saborear sem sofreguidão a sua vitória. Mas não! Preferiu descer a um nível ainda mais baixo de quem supostamente o agrediu, e mandar 6 capangas + 1 familiar qualquer, tirar cobardemente desforra. Enfim, estão bem uns para os outros! Há actos que definem os homens e porventura sintetizam um percurso de vida.
É nestes momentos que aprecio mais ainda a revolução trazida há alguns anos para o Sporting. Obrigado, José Roquette!

terça-feira, janeiro 03, 2006

Livro(s) de 2005 (II)

Conforme havia prometido em post recente, acabo de ler Aquilo Que Eu Amava, de Siri Hustvedt, e envio-o direitinho para a galeria dos mais de 2005. Do marketing lapidar que acompanha hoje uma grande parte da literatura, subscrevo a do Los Angeles Times: "Nenhuma imagem ou frase é supérflua e o resultado é uma magnífica obra sobre ideias e emoções... Um livro arrebatador que desafia qualquer categorização."

segunda-feira, janeiro 02, 2006

mais links.

um blog sobre poesia, principalmente sobre poesia: Poesia & Lda.
e, Um Americano em Lisboa, de Carlos Amaral Dias.

domingo, janeiro 01, 2006

janeiro

os radiadores são pouco bucólicos, mas
aquecem a casa toda, impedem que tiritemos
e que a humidade venha aos livros.
na lareira da sala o fogo lambe o ar alegremente,
entre estalidos de lenha a crepitar

quando ela pega e não faz fumo,
e o temporal desabrido, lá fora, dá-nos a medida
de uma tépida mediania cá dentro, enquanto passam
as horas sem sobressalto e é já noite fechada
e sabe bem um chá bem quente, um agasalho,

uma poltrona, um livro, uma vontade vagabunda
de escrever. é inverno, húmido e frio, cor de cinza empastada
e rasa de água. meu amor, deixa-te estar aqui, ainda há
tempo, tempo antes do jantar e das notícias. tempo agora e depois.
aqui. deixa-te estar aqui, fica ainda aqui.


Vasco Graça Moura, «Laocoonte, rimas várias, andamentos graves».