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sexta-feira, setembro 29, 2006

Vai um cafezinho??

Todos dizem – eu também - que o futebol está doente.
Apitos Dourados, escutas que comprometem seriamente a maior parte dos árbitros, dos dirigentes de clubes grandes, médios, pequenos e microscópicos, e restantes agentes do sistema, e mais ainda uma mão cheia de recentíssimas e estranhas arbitragens, vieram reacender esta velhíssima questão.
Lidas as transcrições das escutas telefónicas, tudo se reduz afinal à mesma mecânica de sempre: muito amiguismo, tráfico de influências e corrupção, mesmo quando esta se resume a uma paga com um presunto de Chaves ou umas chouriças da Guarda.
Que moeda entrou em determinada transacção, é na minha opinião apenas assunto de mera curiosidade e escasso pormenor.
Que interessa se a paga foi uma colocação para a mulher no Centro de Saúde lá da terra, um licenciamento mais problemático da nova casita, ou uma viagem ao Brasil?
Que corrupto é o pior? O que se faz pagar bem com € 50.000 ou o que transacciona o jeitinho por umas alheiras de Mirandela?
Questão difícil, não ??
Mas já que aqui estamos, digam-me, isto é apenas da coutada do futebol?
E que diferença há entre o apitar ao jeito de determinada equipa, e a oferta de um lugarzito público de dirigente a uma amiga de ocasião? Ou concursos públicos de tal modo viciados à partida que já se sabe para quem são?
Que mão na sombra guiará o fim-de-semana de tantos árbitros? Será diferente daquela que coloca tantos juniores recém licenciados de apelidos tão familiares, em outras tantas empresas públicas, ou encontra maneira de fazer entrar a filha de um ministro num curso de medicina sem se sujeitar a esse aborrecimento que são os numerus clausus?
E um árbitro errar sempre para o mesmo lado é da mesma ordem de coincidência que a mulher do Ministro ser chefe de gabinete de um senhor Secretário de Estado cuja mulher por sua vez é Directora-Geral no Ministério do primeiro?
Que caminho vai da cunha ao tráfico de influências e deste à corrupção mais clássica?
Vai algum, ou Millôr Fernandes deu no osso quando disse que a corrupção começa no cafezinho?

quinta-feira, setembro 28, 2006

Ponham-nos é a trabalhar!!!

Na semana passada, um extenso e ecuménico rol de gestores apresentou com pompa uma coisa a que vêem chamando Compromisso Portugal.
Do alto das respectivas cátedras, estes sábios vieram professoralmente explicar aos incompetentes governos e aparvalhados governados, como é que Portugal deveria ser governado.
No entanto, visto com alguma atenção (e nem é precisa muita), verifica-se que o documento é um amontoado de ideias velhas e já carunchosas, e que não denota o mínimo esforço de estudo nem sustentação racional por parte de quem o fez.
Vindo de quem vem, com MBA’s e mestrados nas melhores escolas de economia da Europa e dos EUA, é muito mau sinal.
Aquilo que se espreme deste Compromisso Portugal resume-se tão somente a isto: «Venha a nós o Vosso Reino»! É isto que os nossos gestores de sucesso querem do Estado. Provavelmente para continuarem a ser bem sucedidos.
O que esta nossa melhor e mais douta elite económica e social quer (eles são empresários, gestores, profissionais liberais e académicos), é aquilo que sempre quis, tanto no novo como no antigo regime: que os Estado os ajude, passando-lhes para as mãos os negócios que ainda merecem a pena.
Dizer aliás que Portugal deve desfazer-se de 200.000 funcionários públicos, sem explicar tim-tim por tim-tim como, quando, de que modo e porquê, é simplesmente cavalgar a onda mais populista do governo.
E o pouco que explicam, é até claro de mais: querem que o Estado apoie a migração desses funcionários para o sector privado. Mais transparente que isto é difícil!
Obviamente estes gestores não podiam ir buscar exemplo nenhum concreto para a sua cruzada, simplesmente porque ele não existe na Europa que tanto lhes enche a boca.
É que, dêem eles as voltas que derem, os paraísos nórdicos são precisamente os países que têm mais funcionários públicos. O problema não é portanto da ordem do número, mas sim da sua organização, qualificação e mentalidade.
Mas um azar nunca vem só. E esta semana foi divulgado o relatório anual do Fórum Económico Mundial (FEM).
E chega o referido relatório à conclusão, que o sector privado em Portugal é afinal aquele que mais prejudica a competitividade nacional.
Em suma, o que mais atrasa o desenvolvimento nacional não são tanto os custos de contexto ou a qualidade das instituições públicas, como afirma hoje o pensamento politicamente correcto, mas sim a forma como as empresas funcionam e definem as suas estratégias.
É um balde de água fria!
É certo: eles hoje são mais sofisticados, mais qualificados, e até as gravatas denotam um gosto mais refinée, mas o cheiro, esse, continua o mesmo de sempre e não há Déodorant Aloe Vera que lhe apague o rasto.
Ainda parece que ouço o meu pai quando há uns anos atrás dizia:
«Metam-lhes é uma enxada nas mãos e ponham-nos a trabalhar!».

sexta-feira, setembro 22, 2006

Crise nos Jornais

Um dos debates do momento, prende-se com a análise às variadas razões que estão por detrás do decréscimo no número de jornais vendidos em Portugal.
Naturalmente o recente desaparecimento do Independente e o nascimento do Sol, a par da remasterização do Expresso e de outros jornais, que se anuncia para mais tarde, deu o necessário contexto e pretexto para esta discussão.
No entanto, e em tudo o que tenho lido e ouvido sobre o assunto, sobressai a sobranceria, arrogância e autismo por parte da imprensa.
É que são apontadas uma miríade de razões, que de facto também ajudam a explicar tal fenómeno (que aliás não é exclusivo a Portugal), mas é escondido ou omitido aquele que porventura teria mais interesse em discutir: falo do decréscimo da qualidade da informação prestada e produzida pela imprensa.
Nos últimos anos, um cada vez maior número de leitores tem vindo a abandonar os jornais, simplesmente porque se tem vindo a aperceber que a imparcialidade jornalística é chão que já deu uvas, e que agora aquilo que medra são as agendas. Agendas escondidas, se me faço entender.
Por outro lado, o recurso à internet não tem servido apenas como fonte de informação grátis igual à que também existe em jornais pagos. Não!
A internet cada vez mais tem servido de fonte de informação alternativa à servida pela imprensa tradicional.
E com isso a net vai servindo de escrutínio à qualidade da imprensa, deixando esta, neste confronto, muito mal vista!
Parece-me que uma fatia não negligenciável daqueles que têm vindo a largar os jornais na banca, o faz simplesmente porque se tem vindo a aperceber da enorme distância que existe entre o real e o mundo que os jornais informam.
A simplificação absurda da realidade, a opinião travestida de notícia, e a opinião opinada sempre pelos mesmos (opinadores), contribuíram para um grande cansaço da parte de todos os leitores.
Outra fraqueza está aliás exactamente aí: nos opinadores.
Aos anos que são os mesmos, que não mudam, e que se iludem com a sua própria verborreia de pseudo imparcialidade e, autistas, não percebem que já toda a gente os topou!
Recusam-se a fazer a sua declaração de interesses, porque estão ali apenas para influenciar e não para possibilitarem uma leitura múltipla, mais rica e quiçá alternativa à sua, por parte do leitor.
E é aí que se destacam o Destak e o Metro (este melhor) : precisamente porque não nos fazem perder tempo desnecessário.
Não que não preferisse um jornal discreto, isento, exigente para o leitor, com trabalho de investigação de qualidade, artigos de fundo bem escritos e ponderados, e opinativo apenas quanto baste.
Mas isso já não existe há muitos anos na imprensa diária e semanal.
Restam-nos pois os jornais gratuitos. Pessoalmente não os leio apenas por serem grátis, mas porque as suas peças, assim servidas de um modo tão curto e seco, pelo menos não abrem espaços para opiniões jornalísticas escondidas nas dobras das notícias.
E melhor ainda, trazem apenas um opinador por cada número.

quinta-feira, setembro 21, 2006

Meu amor, meu quente marulhar

meu amor, meu quente marulhar das águas ancestrais,
meu alvoroço terno das manhãs, há um vaporzinho no ar
percorro a linha fina do teu corpo, o seu desenho ainda ensonado,
e és para mim toda a realidade nesse instante.
há roupas, sim. roupas que vais vestindo, algum creme que pões,
uma cama desfeita, um leve baloiçar das árvores lá fora
e o sol de inverno a alastrar nas vinhas.

Vasco Graça Moura
inédito publicado JL nº 938 (13-26/10)
Lançamento hoje às 18:30h, no Teatro Nacional D. Maria II
"Poesia 2001-2005", Quetzal.

quarta-feira, setembro 20, 2006

Close Up

Não há pachorra para tanta persistência na asneira por parte da comunicação social!
Depois do episódio das caricaturas dinamarquesas, em que a comunicação social escrita, falada, vista, etc., insistiu e persistiu no exagero quando falou de protestos de todo o "mundo muçulmano", dos "muçulmanos na rua", da "rua árabe", etc, etc, quando era mais do que evidente tratar-se de uma ínfima minoria aqueles que de facto se manifestavam, eis mais uma vez, agora a propósito das recentes palavras do Papa, os mesmos de sempre chamarem de "multidões" a meia dúzia de energúmenos a vociferarem, de "mundo muçulmano" à meia dúzia de países dessa meia dúzia de primários, tudo isso devidamente temperado com imagens que, ao invés de se fazerem de cima, para de facto vermos esses tais milhares de pessoas, se fazem ao nível do transeunte, em close-up, com os barbudos paquistaneses e outros Ali-Babás a quase entrarem-nos sala a dentro.
E já agora e a propósito do termo "rua árabe", tão imoderadamente empregue, quando é que aprendem que os Paquistaneses não são árabes, os Iranianos não são árabes, os Indonésios não são árabes…. e que ser muçulmano não é exactamente a mesma coisa que ser árabe????

sexta-feira, setembro 15, 2006

Plutão

Foi finalmente feita justiça à mais popular obra de Gustav Holst (1874-1934), Os Planetas.
Como se sabe, na referida suite está ausente qualquer andamento dedicado ao planeta Plutão.
Holst bem sabia, e a desplanetização de Plutão veio afinal dar-lhe razão.
E lá se foi o esforço da Naxos, que na sua edição da popular peça, resolveu acrescentar-lhe um andamento apêndice pelo compositor Colin Matthews, todo ele dedicado ao desamparado e despromovido planeta.
Mas, estranhamente, parece que a comunidade amante da música clássica está em choque e profundamente dividida: as opiniões variam entre obrigar o referido Colin Matthews a devolver os chorudos lucros obtidos com o anexo à obra de Holst, ou repromover Plutão à categoria de planeta.
Quiçá uma providência cautelar possa resolver a questão.
Por questões de interesse público, obviamente.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Prós e Contras

Nos Prós e Contras da RTP1, percebeu-se que Mário Soares já vai para lá dos 80. Falta de agilidade mental, dificuldade em articular mais de 2 minutos de raciocínio sem estafadamente se repetir, uso e abuso do lugar comum, do politicamente correcto e da banalidade.
"Terceiro-Mundismo", "Anti-Globalização", "Anti-Americanismo", "Ambiente, Mar e Florestas", "A Palestina", "Peace and Love", os "Bons contra os Maus", está lá tudo, mas em jeito de caldeirada regada com teorias da conspiração à escolha do freguês: tudo à molhada e fé em Alá.
De certo modo, são ainda as características mais criticáveis do antigo Mário Soares, mas agora exponenciadas: pouca leitura, nula preparação, e toque de ouvido.
Enfim, parece ser este o preço da sociedade mediatizada: a Fátima queria um nome grande no seu mau programa, e Mário Soares queria dizer que ainda respira e não está derrotado.
E quanto mais as forças lhe fogem e sente a sua influência fugir-lhe debaixo dos pés, mais afiada fica a língua e musculada a garganta.
O produto desta equação foi, como não podia deixar de ser, péssimo.
Sobre Fátima Ferreira creio que já tudo foi dito: aquilo é apenas burrice e primarismo absoluto, e ponto final.
Já quanto a Mário Soares, ficaram pois os críticos da América e a malta do «sim, mas…», muito mal servidos com a defesa que fez das teses respectivas. E o próprio também.
O ex-Presidente sente uma mosca a zunir-lhe à volta das orelhas e a poisar-lhe no pescoço, e desata aos pontapés às paredes, a partir a mobília e a descarregar tudo o que esteja mais à mão.
Resultado? Lá vai a mosca pela janela!

quarta-feira, setembro 13, 2006

"Esforço, Dedicação e Glória"

Grandes!
Entraram em campo com 8 jogadores portugueses. Desses, 5 são produtos made in Sporting, sendo que 4 estão abaixo dos 20 anos.
Defrontaram apenas o Inter de Milão, que Mourinho já considerou como este ano a equipa mais forte da Europa e por isso o principal candidato a vencer a Liga dos Campeões.
As apostas em Londres colocam também o Inter como um dos vencedores antecipados da competição.
O Inter tem grandes jogadores e o seu plantel é só 33 vezes mais caro que o do Sporting!
Mas ontem, um punhado de jovens, muito jovens rapazes, trajados no rigor das riscas verdes horizontais, explicou porque razão a vontade e a determinação fazem milagres.
Obrigado!

Frederico Lourenço

Frederico Lourenço, o escritor e o helenista, agora também autor de blog: este!

terça-feira, setembro 12, 2006

GoodFellas!

No reino do futebol reina a podridão.
Já todos o sabíamos – ou pelo menos disso estávamos desconfiados - mas bem diferente é ver, preto no branco, o que estes bons rapazes combinavam com uns e conspiravam contra outros.
Até ao momento, porque mais novas se aguardam, já ficamos a saber que Pinto da Costa combinou a escolha de determinados árbitros para os jogos do seu clube.
Que Luís Filipe Vieira, o tal que quer limpar o futebol e que diz que há um grande polvo à solta, também foi apanhado com a boca na botija, a dizer quais eram os árbitros da preferência para o seu Benfica.
João Loureiro, do Boavista, idem aspas.
Que o Presidente do Nacional, o tal que impugnou recentemente as eleições para a direcção da Liga de Futebol, tem feito tudo isso e mais uma mão cheia de outras.
E já hoje, ficamos também a saber, que o actual director da SAD do Benfica, ao tempo em que era director do Estoril Praia, congeminou para que um clube seu rival visse o seu campo interditado na altura em que o Estoril tivesse que o defrontar.
O agradecimento de José Veiga ao Major Valentim pelo jeitinho ficará nos anais da corrupção: "Vou-lhe dar uma beijoca"!

sexta-feira, setembro 08, 2006

Regresso de férias


Tirado de Objectos, daqui.

Livros na net

São mais de 330 mil livros em PDF que podem ser lidos online, descarregados para o computador ou outro dispositivo compatível e ainda pesquisados e marcados por notas do leitor.
Algumas obras são de acesso gratuito, mas outras estão restritas a assinantes.
É a World Library!
Milhares de obras, por colecção organizadas e de acesso amigável.
E também as há em língua lusa.
E para o novo método de leitura, com os ouvidos, há também uma colecção de áudio books, em MP3.
Vale a pena uma visita.
[Fonte: tek.sapo]

quinta-feira, setembro 07, 2006

Os meus direitos, que também sou humano!

Sim, eu também estou preocupado com os voos da CIA pelos aeroportos de Portugal.
Se pudesse exigia garantias da parte do nosso governo de que a CIA não tenha inadvertidamente deixado descer desses aviões algum candidato a mártir.

terça-feira, setembro 05, 2006

O Choque dos Números